XIX. Combustão

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Estava sozinha com aquela mulher, seu desespero diante a vida do amigo a transtornava, porém, nada poderia fazer. Já que, em sua frente estava a causadora daquilo tudo.

Aurora aperta a sua espada. As chamas daquela mulher haviam se afastado, claramente a desafiando para um duelo limpo, onde apenas suas lâminas decidiram o destino. O embate estreia com as duas espadas colidindo uma com a outra, assim os seus olhos se encontram, parecido com o início daquilo tudo.

— Você me lembra do passado. — Rell diz isso com um rosto sombrio. — Eu era igualzinha a você.

— Fica quieta, sua boboca! — Aurora responde isso com os olhos lacrimejando.

— Preocupada com ele? Seu pretendente? Hahaha! — A general ri de maneira sádica, porém sua voz parece transparecer tristeza. — Há quanto tempo o conhece?

— Não é dá sua conta! — Aurora responde dando um passo para trás.

Uma série de golpes são desferidos por ambas as partes, todos defendidos com maestria, duas grandes esgrimistas sobrepondo a sua força. O clima começava a ficar tenso, o duelo era de resistência, Aurora estava cansada e com machucados em seus braços pelas chamas, já Rell estava com uma grande ferida na lateral de seu corpo. Quem aguentaria mais?

— Como aprendeu esses golpes princesa? — Rell pergunta, tentando abalar sua adversária.

— Para me perguntar coisas! — Aurora responde já irritada.

— Está tímida? Hahaha! Vamos jogar um jogo, cada uma revela algo — Sorria ao ver a reação da jovem. — Eu aprendi em um bordel.

— B-bordel? — Pergunta um pouco constrangida.

Por causa disso, sua concentração se enfraquece por um segundo, abrindo portas para um ataque. Rell espeta sua arma em direção ao rosto de Aurora. Ela percebe o ataque e joga sua espada para bater na lateral da outra, somando isso com um movimento de sua cabeça na direção contrária, apenas um pequeno corte marca o seu rosto.

Aurora percebe que precisaria entrar no joguinho trapaceiro daquela mulher, uma competição de distração decidiria aquele duro duelo.

— Não é comum alguém aprender a lutar em um lugar desses. — A princesa tenta prolongar o assunto almejando encontrar uma fraqueza na memória dela.

— Inusitado não é? Nem toda puta tem esse direito. — Rell percebe outra fraqueza e desfere um golpe no braço de Aurora. — Quero ouvir mais sobre você, queridinha.

— Ai!... Eu não sei onde aprendi. — Aurora tenta se manter estável, já que chegou a sua hora de responder.

— Não sabe? Assim não fica justo, não é? — Rell ainda se mantinha intacta no combate, sua postura não demonstra ser facilmente quebrada. — Vamos mudar de tema então, um amor?

— A-amor? — Aurora fica levemente corada, porém, não se distrai. — Acho que nunca tive um...

— Hahaha! Você mente muita mal garota. — Rell debocha. — Seu corpo é muito mais honesto.

— V-você não pode provar isso... — Sua fala não engana ninguém. — Eu gosto de pessoas... leais, eu acho.

— Peculiar desejo, querida! — Rell entorta o seu rosto levemente, como se quisesse olhar para o rapaz quase morto em suas costas. — Mas suas ânsias são de outra pessoa, não é?

— O que você quer dizer?

— Você não o ama. Seu coração pertence a outro, seria o Wem? — Outro sorriso perverso toma seu rosto.

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