XIII. Passado

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*Capital, há um dia*

No meio da madrugada, quando até os bares já haviam fechado, uma série de galopes ecoam pelas paredes de madeira do subúrbio. Ao redor da grande muralha destruída, um batalhão protegia o já inútil portão da parte nobre da cidade, todos os soldados estavam cansados, esperando por algo que parecia não chegar.

Até que vultos surgem da escuridão, 10 templários a cavalo são iluminados pelas já escassas chamas das tochas, parando bem em frente do batalhão e descendo de suas montarias. Um deles toma a liderança, cumprimentando todos os guardas ali presentes um pouco antes de finalmente encontrar quem estava no comando.

Era um homem grande, usava um casaco com botões dourados e uma calça grossa. Já nos acessórios usava luvas pretas finas e um chapéu militar, igual a do Moretti. A única pele visível era de sua face, nela havia um grande sorriso acompanhado de olhos verdes-esmeralda. Seu cabelo era praticamente raspado, mas notava-se um tom castanho nos pequenos fios.

Ele estende sua mão e os dois se cumprimentam.

— Bem-vindo a capital Meroveu. Diz o homem com um sorriso em sua boca.

— Agradeço grande general. Corteja Meroveu.

— Hahaha! Esqueça o posto militar homem! A guerra já acabou!

— Cordialidade sempre é necessária.

— Aqui estamos como amigos somente! Só irei acompanhá-lo até o líder, então me chame pelo nome.

— Está bem Traitore. Se assim preferir.

— Guardas levem nossos convidados para suas acomodações, pois irei acompanhar esse aqui!

Ele parecia bem alegre, até de mais para alguém de tão alto cargo militar. Porém, tinha uma fama no campo de batalha, era o primeiro a entrar e o último a sair.

O som dos passos logo diminuía, com os templários se afastando com os demais soldados em direção ao centro da cidade em ruínas. Enquanto isso, Meroveu e Traitore os observavam, calados, como se estivessem esperando se distanciarem.

Até que determinado momento Traitore julga que já estavam longe o suficiente e começa a caminhar em direção ao castelo, com Meroveu.

— A reconstrução vai ficar pronta quando? Pergunta Meroveu observando a destruição.

— Estamos sofrendo pela falta de trabalhadores, não sobraram muitos homens por aqui, hahaha! Traitore tenta suavizar a situação.

— ... Ela está viva.

— Quem?

— Você sabe de quem estou falando.

A expressão alegre do Traitore logo é sobrepujada por uma séria, seu corpo fica mais ríspido e seus punhos se fecham.

— Eu vi o corpo.

— O rosto estava perfeito?

— ... Como você sabe?

— Atacaram uma vila recentemente, um padre foi morto. Existem relatos de uma mulher com olhos verdes e um vestido negro com estrelas esteve envolvida.

— Está mentindo.

— Por que eu mentiria?

— ... Quando?

— A uma semana.

O silêncio dura alguns minutos, só com seus passos interrompendo o som do vento.

— Você não afirmaria isso com apenas relatos, como você sabe?

— Imaginei que diria isso.

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