Capítulo 64

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Ao longo dos dias no mar, Íris mostrou ser uma aluna aplicada. Enquanto cozinhava, Gohan dizia pequenas frases e fazia ela repetir, até atingir uma pronúncia aceitável. Ele também fez Íris praticar a escrita das palavras mais comuns, e ditou frases do cotidiano.

Quando reencontrasse Yunho, ela seria capaz de agradecê-lo em seu idioma. Levaria um bom tempo para que conseguissem se comunicar com facilidade, mas Íris já tinha aprendido o básico.

Akin continuava isolado dos outros tripulantes. Só saia da cabine do capitão para fazer suas refeições e dormir. Íris não se incomodou em nada com isso. Manter a distância de Akin era uma vantagem e tanto, e ela não desperdiçaria a chance que tinha nas mãos.

Gohan era muito falante, principalmente quando se tratava de histórias ou boatos de procedência duvidosa. O cozinheiro se afeiçoou a Íris depois que começou a ensiná-la seu idioma materno. Apesar de seus protestos, ela sempre o ajudava com as tarefas da cozinha, argumentando que com sua ajuda, terminariam mais rápido e teriam mais tempo para conversar.

- Gohan?

- Sim? – ele se virou para ela, limpando um prato com um pano.

- Será que estamos chegando? – Íris fez um beicinho, olhando para cima, pensativa – Já estamos navegando em águas de Jaf, não é?

- Sim. – o cozinheiro assentiu, colocando o prato na mesa – Ouvi o imediato dizendo que em poucos dias nos encontraremos com o Opala Negra. Akin enviou uma mensagem para eles dizendo para esperarem por ele antes de seguirem para o destino final. – ele sussurrou a última parte, arregalando os olhos como se fosse grande coisa.

- E como eles receberam a mensagem?

- Eles sempre aportam em lugares estratégicos, então Akin enviou um mensageiro até o lugar onde o Opala Negra estaria. – explicou com um sorriso leve.

- Entendi. – Íris batucou os dedos na mesa, um pouco entediada – Você acha que eles sabem exatamente onde o tesouro está? – perguntou com um ar inocente.

- Saber onde está no mapa é completamente diferente de encontrar na vida real. Se até hoje, ninguém encontrou esse tesouro, significa que ele está muito bem escondido.

- Tem razão. – ela ficou em silêncio por um momento, refletindo sobre suas próximas palavras.

Gohan terminou de limpar a louça e organizou os pratos em pilhas sobre a mesa.

- Estava pensando em uma coisa...

- No que? – ele mordeu a isca, curioso para saber o que se passava na mente de Íris.

- Se esse tesouro existir mesmo, não tem medo do que Akin pode fazer com os tripulantes de sua frota? – sussurrou, encarando Gohan com um olhar apreensivo.

- Por que diz isso? – ele sussurrou de volta, arregalando os olhos pequenos.

- Você sabe que o imperador mandou matar todos os homens que ajudaram a esconder o tesouro, não sabe? Não acha que Akin fará o mesmo? Ele matou meu pai por um motivo banal. Acredita que ele vai querer dividir o tesouro com todos os seus homens? – seu tom estava carregado de medo e preocupação.

Embora isso fizesse parte do plano para se livrar de Akin, Íris realmente temia pela vida dos piratas que trabalhavam para ele. Dos homens gentis e amigáveis, como Gohan.

Os olhos dele se arregalaram ainda mais. Pelo visto, o cozinheiro nunca havia pensado nessa possibilidade. Sua boca se abriu em um círculo perfeito, chocado.

- É claro que ele não vai matá-los imediatamente. Até porque, estaria em desvantagem. – ela continuou - Mas quando voltar para casa, certamente vai encomendar a morte deles. Assim, somente ele saberá a localização do tesouro.

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