🍒 02. CEREJINHA🍒

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Eu já estava há quase uma hora esperando ele para podermos almoçar, como sempre fazemos. O Jotaro mal tinha chegado e eu já notei hematomas ao longo de seu rosto. Já sei exatamente o que isso significa, pois seu histórico de brigas na escola é preocupantemente extenso.

— Porque demorou tanto, Golfinho?

— Apenas fui chamado para alguns treinos de chute no gol.

Ele geralmente evita dizer o problema em questão de primeira, mesmo tendo noção de que é melhor eu saber logo ao invés de ficar com as perguntas corroendo o meu cérebro.

Eu sei porque ele se mete nessas brigas, já que, a maioria delas me envolve e eu sei que ele também tenta me proteger disso.

— E esses hematomas?

— Cerejinha, pelo amor de deus, não é nada!

Às vezes essa atitude dele querer esconder a situação, mesmo que tudo esteja ali acontecendo na minha cara, é o suficiente para eu me estressar por me preocupar demais com o seu estado físico.

Mesmo sabendo que apenas um maluco mesmo é capaz de se meter com ele.

— Golfinho, eu sei que eles estavam falando de mim novamente, certo? — é sempre assim. Sendo xingado e humilhado pelas costas, tendo que ser sempre defendido por ele — Não adianta esconder, eu sei que é isso.

Por mais que ele tente dizer que está tudo bem com o intuito de não me envolver, sei que é sempre sobre eu que as pessoas falam. Eles tentam me atacar, mas por causa de Jotaro eu não sinto que sou tão atingido assim. Apenas vez ou outra acontece algo, mas sempre que ele descobre, fica possesso.

Sempre fora assim, com ele me protegendo, mesmo que do seu modo torto e bruto de ser, mesmo após quase doze anos de amizade.

— E é realmente isso!

Ele prefere olhar o chão enquanto caminha lentamente ao meu lado. Estamos à procura de uma mesa desocupada enquanto tento fazer com que ele ao menos diga algo do que realmente aconteceu.

Não suporto a ideia dele se machucar por minha causa. Mesmo sabendo que Jotaro é determinado demais a ponto de me contrariar sem pensar duas vezes caso precise.

— Muito obrigado, mas não precisa, realmente. Você sabe que eu não gosto quando se envolve nessas coisas. Não vale a pena e nem muda a ideia deles sobre mim.

— Que? Como assim, você acha mesmo que eu tenho o direito de aguentar calado todas essas merdas que eles dizem sobre você?

— É que...

E antes mesmo de eu responder algo, Jotaro me puxa em direção a uma mesa recém desocupada, localizada em frente a alguns vasos de plantas. Sentamo-nos um ao lado do outro.

— Você realmente não tem jeito mesmo! — suspirei, ele sabe que por mais que eu o tente fazer compreender que as coisas nem sempre são resolvidas com força e punhos, ele jamais desistirá.

— É bom que você saiba disso, cerejinha.

Eu sorri enquanto levo uma das mãos ao meu rosto, tentando ajustar o coração diante daquelas palavras, ao mesmo tempo em que tento deixar minha franja mais comportada.

— Eu sei, e eu não posso te moldar a partir dos meus próprios princípios, porque você tem os seus próprios também.

— Filosófico demais.

Ele sorriu brevemente. Apesar de Jotaro ser um poço de rudeza em 90% das vezes eu sei que ele também tem aqueles 10% de coração mole e compreensão. Ou talvez eu esteja com problemas nas aulas de matemática e calculei a porcentagem de forma errada.

Lieblingsmensch | (Jotakak)Onde histórias criam vida. Descubra agora