🐬 15. GOLFINHO 🐬

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— Ah não, me deixa em paz Polnareff, sua desgraça!

Jogo minha mochila ao lado da porta do quarto de Noriaki e em seguida me deito sobre a cama dele, erguendo com desgosto a porcaria do meu celular. Na tela, uma enxurrada de mensagens não-lidas do Pierre inundam a barra de notificações do meu telefone.

Noriaki fecha a porta do quarto e não entende o motivo de tanta raiva por minha parte. Eu sei que ele luta para não rir, talvez com medo de eu dar a ele alguma resposta grosseira como sempre faço com os outros. Noriaki é a única exceção, nunca gritaria com ele por esses motivos.

O chapéu que ganhei de presente dele cai da minha cabeça no momento em que me reviro sobre a cama, mas não percebo. Só sinto falta da peça quando Noriaki se abaixa atrás de mim, ajoelhado ao lado da sua cama coberta por uma colcha lilás e o apanha. Põe o boné novamente em meus cabelos, mesmo que ele corra o risco de cair de novo com qualquer movimento estúpido que eu faça.

— Ué e por que não sai com ele? — Cerejinha sugere, pondo os braços e a cabeça ao lado da minha. Ele olha para a tela do meu celular junto comigo, um pouco receoso com o que vai encontrar, mas por mim tudo bem.

Agradeço por não ter nenhuma notificação do aplicativo de leitura no momento, e por causa disso, não me envergonho de ter que esconder meu telefone de Noriaki. Ele continua ao meu lado, vendo meus polegares deslizarem para cima e passar fotos e mais fotos irrelevantes do pessoal do time, algumas em momentos constrangedores.

Estou seguindo fielmente tudo aquilo que prometi a mim. Não quero mais preocupar Noriaki, e esconder o telefone dele é algo que com certeza quebraria seus sentimentos, não quero mais ler um capítulo tão triste quanto aquele do telhado, eu só queria que ele soubesse que aquilo me quebrou. Enquanto mantenho minha promessa, penso em uma maneira de lidar com toda essa situação sozinho, absorvendo toda a dor de Noriaki em um silêncio doloroso.

Eu grito de raiva ao ver mais uma notificação de mensagem. Do irritante do Pierre!

— Yare yare daze, para de me encher!

— Golfinho, vai. — Noriaki insiste, dessa vez olhando diretamente para mim com um sorriso enorme nos lábios. — Se é o que quer fazer, vai. Posso ir com você se quiser.

Dispenso a companhia de Noriaki, jamais eu iria para alguma das festas do time com ele! Pierre me faria ficar com alguma garota na frente dele, e eu não posso machucar seus sentimentos dessa forma. Tenho certeza que se ele me ver beijando alguma garota, vai desmoronar de novo. E eu iria mais uma vez chorar no banho enquanto leria seu desabafo então... melhor não. Prefiro algo que o faça feliz, e continuar aqui ao seu lado certamente lhe traz felicidade. E a mim também.

— Golfinho, quer ir? — ele insiste novamente.

— Essas festas só dá gente idiota, eu dispenso.

— Combina perfeitamente com você então. — ele brinca comigo, mas faço uma cara de desaprovação. Noriaki recua em sua brincadeira e insiste pela última vez. — É sério, vai!

— Prefiro ficar aqui com você, meu Cerejinha. — declaro, contemplando seu olhar violeta extremamente próximo ao meu.

Noriaki esconde a cabeça em seus braços para disfarçar, mas não adianta. Eu vi aquelas bochechas pálidas e macias quase explodindo em um forte tom de vermelho em reação pelo o que eu disse.

E por falar nisso, o que acabei de dizer? Eu o chamei como "meu"? Agora sou eu quem me envergonho, e coloco uma das almofadas de cereja que decoram a cama de Noriaki em meu rosto. Não quero que ele também me veja corar.

— Tá legal, vê se dá ao menos um "não" como resposta ao Pierre. — escuto a voz do meu amigo abafada, ele se recusa a mostrar seu rosto por medo que eu veja o quanto corou. Tarde demais, Cerejinha. Nós dois estamos envergonhados.

Lieblingsmensch | (Jotakak)Onde histórias criam vida. Descubra agora