Lieblingsmensch | (Jotakak)

🍒 24. CEREJINHA🍒

O jogo em si foi muito intenso do início ao fim, e eu faltei me estabacar lá de cima da arquibancada a cada passe que eles faziam. O meu coração faltava sair de meu peito quando Jotaro disparava com a maldita daquela bola em seus pés. Habilidoso e imponente como sempre fora, mas em campo ele consegue ser cem vezes melhor.

Eu havia comprado um milk shake de cereja, mas meus olhos apenas estavam no Golfinho, sim, eu consegui a proeza de deixar minha bebida favorita de lado. Apesar de eu sempre estar presente na maioria de seus treinos abertos, pouco sei sobre a maior parte do mundo do futebol, até porque sequer é o meu esporte favorito, mas Jotaro consegue me fazer ficar envolvido com a emoção de torcer pelo nosso time.

Esse é o nível de apreciação que tenho por ele e tudo que o rodeia. E eu torcia para que ele não esquecesse de dedicar um gol a mim, mesmo que isso seja um pedido um pouco egoísta de minha parte, mas se ele não vê problema nisso, então está tudo bem. Só não esperava que, no final do jogo, Jotaro tivesse feito logo 4 belos gols, e todos dedicados a mim.

Ficar me iludindo e pensando nas possibilidades do Golfinho estar fazendo coisas que geralmente fazem os namorados, apenas irá me fazer apegar cada vez mais e isso não é saudável, eu sei que não é. Eu tenho consciência de que deveria apenas deixar o meu amor de lado, tentar encontrar outras pessoas, conhecer mais caras e seguir minha vida amorosa em frente, mas parte de mim ainda é apegado ao Jotaro.

Merda, ele é o meu melhor amigo, é um vínculo muito mais difícil e enraizado demais de poder desfazer assim de uma hora para a outra. Assim como é difícil pra eu separar a forte amizade que possuímos do meu amor ardente e avassalador.

Todos os dias eu tento lidar e conciliar com esses dois pedaços diferentes de sentimentos, em meu coração e minha mente, mas com o passar dos dias se torna cada vez mais e mais complicado.

Até mesmo a história que eu criei, com o intuito de poder segurar um pouco toda essa bola de sensações e sentimentos enclausurados em meu ser, não está mais se mostrando o suficiente em ser minha válvula de escape semanal. Válvula essa de meu amor, pois eu precisava direcionar e me focar em algo, uma rota de fuga da minha realidade.

Mesmo que eu tenha encontrado uma maneira de apenas retratar de forma fictícia a minha visão de nossas interações, eu tenho plena consciência de que Jotaro jamais aprovaria ter a sua vida exposta dessa forma. Por isso eu possuo a conta e a história de forma anônima, além de que ele jamais saberá que existe site para isso, então as chances de me encontrar por aí em uma pesquisa totalmente avulsa é zero.

Sempre tenho de lembrar disso para evitar que o meu constante medo de que Jotaro encontre Lieblingsmensch acabe se tornando real.

Eu apenas escrevo e posto isso para tentar respirar, ao mesmo tempo que acho deveras interessante a interação dos leitores sobre o conteúdo. As opiniões, os comentários e várias rotas de soluções enviadas para minha história, acaba tornando a minha experiência real e a fictícia como o protagonista, muito mais interessante e suportável.

Suspirei longamente, deitando em minha cama após um longo banho, lavei os meus cabelos e os sequei preguiçosamente. Cheguei em casa e após o almoço eu usei a tarde toda para deixar todas as minhas atividades feitas e prontas para a semana seguinte, e enfim me dedicar um pouco mais aos meus amados livros.

— Queria poder estar com o Golfinho agora — murmurei inconscientemente enquanto vasculho em uma sacola por alguns dos livros que comprei durante a semana.

Eu separo os livros novos, os quais ainda não li, dos já lidos em minha estante no quarto. Costumo levar um ou outro para a casa de Jotaro quando nosso final de semana é lá, mas como dessa vez não deu, então nada melhor que eu me afogar na leitura.