🍒 20. CEREJINHA🍒

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Meus passos apressados pelo corredor de sua casa ecoaram muito mais alto do que eu poderia imaginar, ou deve ser apenas algo de minha imaginação. Estou nervoso demais e certamente precisaria acertar isso com Jotaro.

Nesta terça, Golfinho sequer apareceu em frente de minha casa para irmos juntos à escola, e nem mesmo apareceu na aula, respondeu-me ou mandou alguma mensagem dando um sinal de vida. Novamente, ele está estranho e isso estava começando a tomar algum tipo de proporção arriscada em meu coração que eu não gosto.

Depois de assistir todas as aulas da forma mais torturante possível, apenas estava esperando ansioso o horário da saída, eu mal esperava para poder voar até sua casa. Não havia mesmo como eu não afastar a preocupação de meu peito um segundo sequer e isso ofuscava qualquer concentração que eu buscava para o quadro e o professor.

Holly me recebeu um pouco surpresa com a minha presença, mas sorriu carinhosamente, talvez ela saiba o porquê da minha visita, mesmo que eu sequer tenha feito antes alguma ligação para avisar - senti-me um pouco culpado em estar a atrapalhando —.

— Ele disse que sentiu dores de cabeça ao acordar e não queria ir à aula, mas já lhe dei remédio mais cedo. Se você quiser falar com ele pode ir, levarei alguns biscoitos daqui a pouco pra vocês, certo, Nori querido!

Parece que ele não disse nada nem mesmo para ela, preferiu fugir com alguma mentirinha, ou eu creio que assim seja. Compreensível, Holly ficaria preocupada e sei que Jotaro não gostaria disso, preferindo sempre a estúpida ideia de sofrer sobre algo sozinho. Mas já que eu estou aqui, não posso apenas me dar o luxo de voltar para casa sem sequer conversar francamente sobre seja lá o que for, esse vai e vem de humor dele ainda vai me deixar louco de uma hora para outra.

— Golfinho! — bati suavemente na porta, mesmo que meus movimentos saíssem nervosos.

Por algum tempo não recebi nada do quarto que não fosse um grande e puro silêncio absoluto. Será que Jotaro estava em outro lugar de sua enorme residência? Não faz muito sentido, eu o conheço o suficiente para saber que neste horário, antes e após o almoço, ele costuma apenas se jogar igual uma pilha de massa morta em sua cama para descansar ou, quando não, apenas dormir.

— Golfinho, — bati na porta novamente, eu não desistiria, não quando já estou diante de seu quarto — se você realmente não estiver aí, então eu vou ficar na sala conversando com a Holly e esperar você voltar. Mas se estiver, por favor, abra a porta, preciso saber o que está acontecendo, eu quero te ajudar.

E antes mesmo que eu pudesse bater novamente, ou pensar em me afastar e voltar para a sala de estar, a porta foi aberta, saindo um Golfinho muito disperso da realidade. Possivelmente ele tenha mesmo dito a verdade, Jotaro parece muito abatido, talvez doente, e isso pesou em meu peito; mais do que nunca eu queria estar ali para ajudar no que for preciso, nem que fosse apenas para velar o seu sono.

Quando nós éramos pequenos eu adoecia com muita facilidade. Jotaro ficava extremamente triste quando isso acontecia, porque eu sempre acabava passando alguns dias em casa apenas para mamãe cuidar de mim, e ele ficava sozinho nos nossos horários de brincar juntos. Lembro muito bem de uma vez em que fiquei muito gripado, Golfinho insistiu em querer estar do meu lado o dia todo. Ele chegou a chorar e espernear para sua mãe, até que conseguiu o que tanto queria: brincar de videogame comigo.

Não é preciso ser um grande gênio para saber o resultado disso depois, sim ele também ficou gripado!

Se ele costumava fazer isso por mim antes, porque eu não posso fazer agora? Mesmo que seja algo raríssimo demais que ele adoeça assim, mesmo quando era pequeno. Para um corpo fisicamente forte como o dele, a sua saúde também parece seguir o mesmo ritmo saudável.

Lieblingsmensch | (Jotakak)Onde histórias criam vida. Descubra agora