🐬31. GOLFINHO🐬

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Namorado.

Noriaki Kakyoin agora é meu namorado.

Confesso que ainda está sendo um pouco difícil me acostumar com essa palavra. Eu nunca namorei alguém antes, sempre achei que terminaria machucando o coração de quem quer que estivesse ao meu lado. Só que pensar dessa forma fez com que eu acabasse me machucando ainda mais.

Eu não consigo ficar longe do Nori. Ao menos nessas primeiras horas, tudo o que eu preciso é dele ao meu lado, como os peixes dependem da água para sobreviver. Perdi tempo demais tentando me entender; tempo esse que eu poderia ter aproveitado e descoberto mais sobre quem eu sou sem que isso me gerasse uma enorme dor de cabeça. Isso que dá ser ruim em palavras e também em sentimentos. Entretanto, coisas assim servem para te ensinar, a vida é um constante aprendizado e o tempo é nosso professor. Tá, isso foi terrível, mas serve apenas para ilustrar o quanto a presença de Noriaki me fez ver algumas situações de outra forma, algumas até mesmo metafóricas.

Pego-me pensando como as coisas seriam diferentes se eu tivesse sido franco com o meu Cerejinha desde o início. Se eu o tivesse negado, partido seu coração e também o meu. Seria ainda mais burro de não reconhecer todo esse sentimento velado em meu coração embaçado, e a pior parte: talvez nossa amizade teria se rompido para sempre, e eu não aguentaria viver longe dele.

O importante é que tudo deu certo agora, não é mesmo?

Até o sol hoje está diferente, o clima é um pouco mais agradável na manhã de quinta-feira, no qual um feriado nos presenteou com dois dias longe da escola. Tudo está perfeito, assim como meu Cerejinha, sempre divino e usando uma linda camisa vermelha com estampa de bolinhas brancas, com botões dourados e as pontas da camisa amarradas em um laço na altura do peito, deixando visível todo o seu abdômen liso e branquinho. Até os detalhes mais simples do corpo de Noriaki atiçam minha repentina curiosidade e me fazem apaixonar cada vez mais por ele.

Deitado sobre minhas pernas cruzadas, ele responde alguns comentários da enxurrada que se formou no último capítulo de Lieblingsmensch. O agradável cheiro de morango que emana de seus cabelos macios e esparramados sobre minha perna aguçam meus sentidos. Atrevo-me a acariciar sua franja assim como o delicioso carinho que ele fez em mim no dia anterior, mas tenho medo de bagunçar seus fios sedosos em meus dedos desajeitados.

— Isso é tão bom, Golfinho. — ele geme, baixinho. Morde o lábio superior enquanto deixa um sorriso escapar, seguido de um sentimento de satisfação — está me dando soninho...

Os cílios vermelhos de Noriaki se encontram e por um momento não vejo seu olhar lilás e brilhante. Um rubor se forma nas poucas sardas de suas bochechas à medida em que eu continuo com a carícia.

Me preocupo um pouco, pois Noriaki está meio sonolento, acho que ele se cansou de tanto chorar, já que no dia anterior ele chorou da manhã até a hora em que foi para casa. Desencosto-me da cerejeira por um instante e inclino-me diante do rosto dele, procurando por algum sinal que indicasse uma péssima noite de sono, mas não encontro nenhum. Ainda assim, eu o questiono:

— Você dormiu bem ontem?

— Melhor impossível. — volto a contemplar seu olhar lilás, atirado diretamente para mim. — Eu achei que meu dia inteiro não passasse de um sonho. É que eu meio que ainda não acredito que estamos namorando, Golfinho. É tudo que eu sempre sonhei.

Noriaki estende a mão em direção ao meu rosto, entregando-me uma carícia tímida e apaixonada com seu polegar.

— Melhor acreditar, seu sonho foi realizado. — deixo um beijo em seus dedos e logo sua mão se abaixa.

Ele está tão feliz, e se Noriaki está feliz, eu também estou. Demorei tanto para reconhecer essa parte de felicidade que passou tanto tempo conflitada dentro de mim que agora só quero deixá-la bem explícita para ele.

Lieblingsmensch | (Jotakak)Onde histórias criam vida. Descubra agora