Lieblingsmensch | (Jotakak)

🐬33. GOLFINHO 🐬

— O que eu tenho para contar é que eu e Noriaki estamos namorando.

Meu anúncio não provocou silêncio, nem surpresa: provocou um alívio. Houve apenas uma comemoração ao redor da mesa do jantar e que quase derrubava todos os talheres de cima do móvel, pois pelos seus olhares, nossos pais queriam apenas uma confirmação do que já era óbvio para eles.

Noriaki me pediu para contar aos nossos pais sobre o namoro, pois não conseguiria fazer isso por mim. Seus olhos se encheram de lágrimas enquanto nossos pais choravam de alegria. Holly fez questão de levantar e vir me abraçar, como sempre sua animação contagia todos ao nosso redor. Holly nos envolveu em um enorme abraço, derramando sobre nossos ombros lágrimas e mais lágrimas de alegria.

— Mamãe está tão feliz por vocês!

Noriaki também levanta e a abraça. Eu me sinto tão mimado, tendo as duas pessoas que mais amo nessa vida me apoiando em um momento feliz! Do nada esqueço que a comida está deliciosa, prefiro dar atenção apenas a eles!

Os pais de Noriaki estão felizes, eles também desconfiavam sobre nós, acho que todos ao nosso redor, a festa ontem foi o suficiente para deixar isso bem óbvio. E pensar que eu fui estúpido a ponto de não captar os sinais do Nori.

Todos se sentaram e logo o jantar voltou a ser prioridade. Holly me passa a tigela com frango e sorri para mim. Está feliz, eu sei que no fundo é tudo o que ela sempre quis, afinal está encantada. Falar sobre meu namoro com Cerejinha fez seus olhos derramaram lágrimas a ponto de inchar um pouco o seu rosto.

Estou mais aberto em contar as coisas da minha vida para Holly. Antes, fechado em meu próprio mundo, agora estou calmo até com o comportamento de minha mãe, incrível, não? Sei que posso contar com ela no que precisar, e no quanto errei em ter escondido todos os meus sentimentos sobre Noriaki para ela. Talvez já tivéssemos resolvido toda essa merda há um bom tempo.

Noriaki está feliz. No rosto, um sorriso realça as bochechas levemente rosadas enquanto demonstra o quanto se sente bem com o fato de estarmos juntos. Em momento algum ele ficou nervoso com a revelação do nosso namoro, Holly jamais o rejeitaria.

— Eu também estou tão feliz, senhora Holly. Eu jamais imaginei que Golfinho um dia seria meu namorado. Aliás, pode me passar o purê? Está delicioso!

— Claro! Tudo para o meu genrinho lindinho.

O comentário de Holly me deixa muito, mas muito vermelho. Eu ainda não sei como lidar com emoções na frente de outras pessoas, nem mesmo sendo os pais do meu Cerejinha.

— Yare yare daze, mãe.

— Mal agradecido. — Holly brinca, cruzando os braços e fingindo estar séria para mim. — É assim que sou retribuída? Nori, querido, esse menino ia passar a noite inteira chorando se eu não tivesse acordado na hora.

Yare yare. Acho que vou explodir. Abaixo a cabeça e dou um sorriso, quero disfarçar um pouco, e sinto a mão de Noriaki por cima da minha na tentativa de me relaxar.

— Golfinho é assim, ele tem vergonha de conversar com a senhora só por você ser mulher.

— Não mais! — o corrigi imediatamente.

Todos na mesa riram, e eu também quebrei a seriedade. Voltamos a comer, e após a sobremesa, mais uma rodada de conversa, mas dessa vez somente entre nossos pais. Eu e Nori ficamos quietos, em nosso próprio silêncio e segurando a mão um do outro por baixo da mesa. Queríamos conversar sobre nossos assuntos, mas não seria possível. Levantei, e ainda segurando a mão do meu Cerejinha, sugeri: