🐬 13. GOLFINHO 🐬

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Encontrar Noriaki desestabilizado emocionalmente não me fez bem.

— Porra, Kujo, se concentra na porra da bola!

Com as mãos nos quadris, pego-me pensando se chutar a bola é realmente uma boa coisa a se fazer. Não me sinto bem, quero apenas ir para casa e ver se Noriaki atualizou o livro.

Vejo que o livro de Noriaki está me dando um pouco de ansiedade. Meu peito se incendeia todas as vezes em que penso sobre como estamos retratados naquela narrativa, e por isso, evito pensar na história.

Mas não dá. Porra, simplesmente não dá!

— Puta que pariu Kujo! Se não quer jogar, vai pra casa! — escuto os berros de Vanilla vindo da minha frente. Posicionado e pronto para defender qualquer bola que atravesse, seu olhar é de ódio e desprezo para mim, e eu sei os motivos de tanta raiva.

Já estou tão afetado com toda essa merda que dou um chute na bola de propósito, lançando-a para o alto e longe do gol com uma força tão grande que a mesma se perde entre as árvores que cercam o campo da escola.

— Vai se fuder, Vanilla! — mostro o dedo do meio para o goleiro. — Se ficar de gracinha pra cima de mim, você vai apanhar de novo!

Vanilla muda a pose defensiva de goleiro e me desafia, levando a ofensa para o lado pessoal. Arranca as luvas das mãos e parte para cima de mim.

— Vem para cima então, seu merda!

Não consigo pensar em mais nada, nem mesmo em Noriaki e no quanto ele odiaria me ver em confusão novamente. Lembro do capítulo 29 e dou um olhar para a arquibancada, na esperança de o ver sorrindo para mim com um copo de milk shake na mão. Mas, encontro apenas uma pilha de madeiras vazias e úmidas devido a chuva fina que caiu mais cedo.

A ausência de Noriaki e seus sorrisos para mim me conflitam ainda mais. Não tenho ninguém para me controlar no momento, então é apenas eu e eu mesmo. O sangue mais uma vez sobe até a cabeça, e eu marcho furiosamente em direção ao gol.

— Oh, está se aproximando de mim? — provoca o goleiro, fazendo com que eu me apresse e feche ainda mais os dedos.

Antes que Vanilla me alcance, sinto algumas mãos segurando minha camisa com força, e decido parar de andar para que a mesma não se rasgue.

— Kujo, ei, ei! Calma aí, cara! Honra a porra da faixa no teu braço ao menos! — furioso, lanço um olhar para trás e vejo Pierre me implorar, mesmo que em seu jeito competitivo. — Se ficar desse jeito vai continuar sendo expulso do time!

Arranco com força as mãos de Pierre dos meus braços, dando a ele apenas um olhar furioso como resposta. Estou queimando de raiva, e agradeço por os colegas de time segurarem Vanilla do outro lado, eu com certeza o machucaria seriamente dessa vez.

Tem algo que preciso fazer, e sem pensar duas vezes, decido agir. Levo a mão até meu braço e rasgo a faixa de capitão do time, sem nenhuma piedade ou autocontrole em minhas emoções.

— Que se foda essa merda aqui então. — jogo o que sobrou da faixa no chão, deixando em silêncio todos os colegas que time que me cercaram, até mesmo Pierre. — Eu preciso de um tempo, ao menos uma semana.

Antes de sair do campo, Pierre e Avdol me seguem, tentando entender o que me levou a agir de tal forma. Mas não tenho palavras o suficiente para explicar toda essa merda confusa que está me pressionando.

Noriaki não respondeu às minhas mensagens no dia anterior, mas hoje pela manhã agiu como se nada tivesse ocorrido ontem. Ainda me pergunto seriamente se não tem mais alguém por trás disso, e a desconfiança que tenho em Vanilla foi o que me levou a gritar com ele e quase sair no soco novamente.

Lieblingsmensch | (Jotakak)Onde histórias criam vida. Descubra agora