Não Vá Se Apaixonar Por Quem Não Seja Eu

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Fui em uma balada com meus amigos, pois faz algum tempo que não saímos juntos para beber e bater papo. A casa estava cheia e a festa bem animada. Não demoramos a ir para a pista de dança, onde acontecem as primeiras paqueras, pois o clima na casa é de azaração o tempo. Eu sou mais calmo e retraído em relação aos meus amigos. Eles são o tipo que não passam despercebidos onde quer que vão. O Cesar é modelo, moreno de olhos azuis e bem cuidado, bom de papo mesmo. O Breno é ruivo, de olhos castanhos, empresário, inteligente e descolado. Já o Silvio é um negro muito bem apanhado, cheio de estilo e carisma, daquele tipo que é a alma da festa, sócio do Breno na firma dele. Já eu sou bem normal, um Analista de Sistemas, bem na minha. Não é machismo, mas difícil ver uma mulher que não se interessa pelo tipo deles. Jamais os vi tratar uma mulher de qualquer forma. Se eles não namoram é por, segundo eles, não terem encontrado a pessoa certa, mas são distintos cavalheiros. Eles são mesmo uma galera do bem. Logo eu os vejo acompanhados, mas formamos uma roda, pois eles não querem me ver sozinho ali na pista. Continuamos dançando e curtindo a festa tranquilamente. Quando eu olho para uma bela morena, sentada no bar, com um vestido que se alinhava àquelas curvas esculpidas. Sempre tive uma queda pelas morenas. Elas têm um estilo que me fascina, mas, como não saio muito (geralmente sou o motorista da rodada), não acontece de eu aparecer acompanhado sempre. Mas aquela mulher mexeu comigo no instante em que eu olho para ela. Como ela não me notou, ficou ali com a galera, curtindo o som.

Depois de umas três músicas, voltamos para a mesa. Não me importo em ser o desacompanhado no meio da galera. O pessoal me pede para ir buscar umas bebidas e assim, eu faço. Chego até o bar e peço uma rodada de drinks e fico esperando no caixa para pagar. Só então, eu noto os olhares daquela morena. Fico congelado. Não sei o que dizer para uma mulher tão bonita. É desconcertante. Pago as bebidas e pego o suporte com elas para voltar para mesa, que está perigosamente na mesma direção onde tanto eu quanto ela podemos nos ver diretamente. Penso comigo: "Será que ela me notou e eu não percebi"? Fico ali com a galera e procuro não esquentar. Se ela não me notou, eu é que não vou forçar nada. Mas, de onde eu estou, posso ver aquele olhar fulminante, até ameaçador. Parece até que eu tinha feito alguma coisa a ela. Bem, vida que segue e eu quero curtir a noite com meus amigos, apesar de eu estar de vela ali.

Quando eu olho de novo, ela está com aquele olhar fixo outra vez e se levanta, caminhando entre as pessoas na pista e vindo em direção da nossa mesa. Eu gelei. Não sabia mesmo como reagir. Quando ela se aproxima, apoia sua mão na mesa e diz:

- Você é tímido, rapaz? Que gracinha!
- É. Eu...
- Perdeu a voz, coitadinho?

Nessa hora, o Silvio já manda aquela direta. Ele é bem assim mesmo, um cara bem positivo:

- Ah! Ele precisa é de uma sacudida mesmo.
- Ah, é? Então vem comigo. Vamos dar um jeito em você.

Ela me pega pela mão e me puxa para a pista de dança e começa a me provocar, dançando e passando seu corpo no meu, pegando minhas mãos e colocando em sua cintura. Depois se vira para mim e coloca seus braços em volta do meu pescoço. Nesse instante, começa a tocar "Dance For You", da Beyoncé. Nossa! Ela se solta. Seu corpo se move de uma forma tão leve e tão sensual que me enlouquece, enquanto eu noto que até mesmo os olhares das outras mulheres se voltam para ela, sendo mesmo já esperando dos homens. Ela hipnotiza, seduz, conquista. Me deixo levar para outra dimensão ao olhar para seus movimentos. Ela não para enquanto a música não cessa. Ela cola seu corpo ousadamente ao meu e aproxima seu rosto do meu, passando as mãos em meu rosto. Incrível como ela me deixa em transe total, incapaz de notar qualquer acontecimento ao meu redor. Sua boca chega tão perto da minha que sinto o aroma do batom, que me parece ser de morango, deixando-a provocante e perigosa. As pessoas ao redor parecem não acreditar que estou ali, envolvido naquele jogo com ela. A música cessa, assim como seus movimentos comigo. Apenas a sigo quando ela me puxa para fora dali, indo comigo para o piso superior. Que mulher cheia de atitude! Ela é poderosa e dominadora.

Contos de Paixão: A Segunda OndaOnde histórias criam vida. Descubra agora