'Liberto das amarras,
hey de ser feliz.
Mas, se você diz "vem não"
Tô nem aqui, já fui ao teu encontro,
Se você diz me amar, eu dou toda palavra do meu latim pra ti.'
Alesson cantarola enquanto faz anotações em um caderno. Nesse momento Breno bate em sua porta anunciando a chegada na sala de seu amigo.
— Alesson, tudo bem? — Breno pergunta ao entrar na sala.
— Sim, está. Estava aqui dando uma revisada em algumas anotações sobre uns pacientes. — Ele fala fechando o caderno.
— Vi que estava cantarolando, sua voz até que e bonita. — Breno fala e sorri para o amigo.
— Hum, tá me elogiando por qual motivo em? — Ele pergunta.
— Por nada. Posso te fazer uma pergunta? — Breno se senta.
— Pergunta uai. — Alesson fala.
— O quanto você gosta do Rômulo? — Ele pergunta.
— Ele preencheu um vazio sabe. Me ajudou a superar muitos dos traumas das coisas que aconteceram lá na base militar. Estou morrendo de saudades, mas sei que não o verei tão cedo por conta desse surto. — Ele fala.
— Alesson, tenho notícias do Rômulo. E acho melhor você saber, não é justo para você ficar no escuro sem notícias. — Breno fala.
Alesson respira fundo e se levanta. Vai até a mesa e liga o seu computador. Breno não entende o motivo dele estar agindo dessa forma.
— Alesson? — Ele chama pelo amigo.
— Pode falar, estou ouvindo. — Ele fala olhando fixamente para a tela do computador que está iniciando.
— Parece que o Japão caiu. O prédio do laboratório está tomado, mas ele está seguro com suprimentos para se manter por um longo período, acredito que ele ficará bem. Pediu pra dizer para você que te ama, é que não vai desistir por você. Recomendo que fale com ele da próxima vez que Marta entrar em contato. — Breno fala.
— O importante é que ele está bem né? Ele e um cara inteligente e bem preparado. Se ele ficar quietinho onde ele está, ele viverá até tudo isso acabar. — Alesson fala sem tirar os olhos do computador. — Breno vou checar alguns prontuários e preciso de privacidade. Se puder se retirar eu ficarei grato. — Ele fala.
— Ok, te deixarei sozinho. Fica bem tá! — Breno fala se levantando da cadeira.
— Eu estou bem relaxa. — Ele fala.
— Até depois. — Breno fala.
— Fecha a porta quando sair por favor. — Alesson fala.
Breno sai da sala e Alesson começa a chorar desesperadamente, mas coloca sua mão sobre a boca para abafar o som, para que os outros lá fora não escutem. Ele tentou ser forte na frente do amigo, mas sozinho ele se sente confortável para expressar todo sofrimento que está em seu coração. Pensar em Rômulo sozinho em um país diferente longe dele, e ainda por cima cercado por mortos. Ele chora sozinho, segurando a dor só para ele, e em sua cabeça a imagem de Rômulo fica estampada como um quadro pintado a grafite, apenas preto e branco.
Breno por sua vez sabe que foi duro em sua fala, mas ele entende que romantizar a situação só pioraria as coisas. É bom que Alesson entenda de uma vez a situação.
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— Já estamos no local indicado.
Allan fala. Renato está com ele, ainda encontra dificuldade em dirigir apenas com uma mão.
De acordo com Marta no local onde estão agora aconteceu algo suspeito, e parece que foi problemas com infectados.
Descem do carro em uma escola na região norte do estado. Quando foi anunciado a quarentena, todos os moradores de rua foram direcionados a escolas e abrigos, para que eles não ficassem nas ruas. Porém a segurança nesses lugares são fracas.
Os dois chegaram e não havia nenhuma viatura da polícia militar ou do exército no local. De fato apenas largaram as pessoas lá dentro a mercê da sorte. Se tiver algum infectado no meio dessas pessoas o caos já está estalado no local.
Olham pela portão e não conseguem ver ninguém, todos devem estar dentro do prédio.
— Deveríamos entrar no prédio, porém o portão está trancado. — Allan fala.
— Olha eu até poderia dar a opção de quebrarmos esse portão, mas se as pessoas lá dentro estiverem infectadas, a porta da frente vai estar aberta pra os infectados saírem. — Renato fala enquanto analiza a fechadura.
— Pensa em algo. Você não sabe abrir esse cadeado não? — Ele pergunta.
— Dentre esses dois anos vivendo esse inferno eu faltei na aula de abrir um cadeado sem a chave, me desculpa. — Renato fala sarcasticamente.
— Eu estou brincando. Mas agora falando sério, a gente precisa entrar para ver como estão as coisas com as pessoas lá dentro. — Allan fala.
— E o que você sugere, pular o muro? — Renato pergunta.
— Você tá de graça com a minha cara só pode ser. — Allan fala levantando seu braço que está sem a mão.
— Foi só uma brincadeira, não estava falando sério. — Ele se justifica.
— Tá, vamos logo com isso. — Allan fala.
— Vamos fazer assim. Vou pular esse muro e você fica aqui do lado de fora. Caso tenham pessoas infectadas lá dentro eu saio sem chamar a atenção, até porque só estamos aqui para estudar a situação do local. — Renato fala.
— Certo. Mas não tenta fazer nenhuma loucura lá dentro. Caso você demore muito lá vou arrombar esse portão com o carro. — Allan fala.
Renato pula o muro enquanto Allan aguarda do lado de fora. As coisas estão calmas e nada se escuta, ele não sabe se isso é um bom sinal. Nem sempre falta de som indica que tudo está bem.
Anda pelo pátio e não avista nenhuma pessoa no local. Se direciona até o prédio, olhando pelas janelas ele não consegue ver nenhum tipo de movimentação lá dentro. Onde foram parar as pessoas da escola.
— Aí merda onde estão essas pessoas?
Ele caminha para os fundos da escola onde estão os vestiários e a quadra de esportes, o problema começa quando ele olha para as paredes e vê as marcas de sangue as colorindo.
Anda mas um pouco e as coisas vão piorando. Encontar um corpo no chão totalmente dilacerado, nesse momento ele relembra tudo aquilo que viveu na base militar. Por esse motivo ele recua, mas em seguida deixa o medo de lado e continua seguindo. Passa pelos vestiários e segue em direção a quadra esportiva, ele sabia que as coisas por ali já estavam perdidas, mas mesmo assim quer checar. Porém quando chega a quadra encontra um número grande de pessoas infectadas devorando como animais famintos alguns corpos que estão jogados no chão.
— Só pode ser piada.
Ele fala, porém alguns dos cadáveres já estavam indo em sua direção, e a única escolha no momento era correr.
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Doze - O Terror Continua - Livro 2
Science FictionApós os eventos ocorridos na base militar no meio da Amazônia, o grupo de sobreviventes se vê outra vez em apuros. Dois anos se passaram e o que antes estava apenas em um lugar isolado começa a se espalhar pelo mundo. O que será da raça humana agora...