— Acho que não sobreviveremos a isso.— Não seja tão pessimista caralho. Pensar que não iremos sobreviver só vai deixar a situação ainda pior. —
— Mantém essa luz onde ela deve estar por favor.
— A desculpa, sua cara é muito feia mesmo.
— Puta que pariu, nem com a morte pairando ao nosso redor você não para. Sério, não é o momento.
— Desculpa Allan, mas essa é a forma de eu expressar o quanto estou nervoso. Fazer essas brincadeiras me deixa tranquilo diante a toda essa situação.
— Te entendo, mas tenda se controlar, esse não é o momento.
— Eu sei. Mas eu estou com o cú na mão merda!
Os dois se calam e apenas observam a movimentação ao redor. Seus olhos já se acostumaram com a escuridão com isso conseguiam enxergar as criaturas que estavam ao redor.
O pior estava por vir, e o que estava chegando parecia estar faminto e não seriam as luzes que o impediria de chegar até eles.
De longe eles avistam cerca de dez quadrúpedes.
Eles permanecem em silêncio, os quadrúpedes são totalmente cegos então se localizam usando sua audição que se tornou noventa por cento mais aguçada do que a de um ser humano de acordo com a análise feita por Marta.
Esses já passaram por todo processo de mutação. Diferente das criaturas que encontraram na base militar que suas peles eram frágeis por ainda estarem mutando, esses já estão cobertos por uma couraça de coloração preta. São verdadeiras máquinas de guerra biológicas.
Como pode um único vírus trazer essa variação de mutações, isso só preocupa ainda mais a todos eles. Não a garantias de que outros tipos de criaturas não possam aparecer, pálidos e quadrúpedes já são bizarros e trabalhosos demais para se livrar.
Quadrúpede completamente mutado.
Em silêncio para que as criaturas não os percebam, eles permanecem parados como estátuas. Eu eles morrem estripados pelos pálidos ou esquartejados pelos quadrúpedes, nenhuma das opções eram as melhores.Mas para a maior desgraça eles avistam um grupo de mortos vivos vindo provavelmente da escola onde eles estavam anteriormente.
As luzes impedem o ataque dos pálidos. O silêncio impede o ataque dos quadrúpedes. Porém nada disso impede que sejam devorados pelos cadáveres que estão se aproximando. Diante de duas criaturas letais correm o grande risco de serem mortos por meros cadáveres ambulantes.
Não havia esperança para eles, a morte estava presente de todas maneiras possíveis. A única alternativa no momento era ficar parado e torcer para que os cadáveres passem direto. Mas isso seria impossível, a luz da lanterna do celular indicava como uma seta luminosa de fastfood mostrando para os mortos que ali tinha comida.
— Fodeu legal!
Allan sussurra essas palavras de forma quase não audível. Não a saída para os dois, se algo não acontecer agora não sobreviveram a isso.
"Porra, porra, porra, porra, porra! Pensa caralho pensa!" Assim estava a cabeça de Allan pensando em algo. Ele observa tudo ao redor e tenta achar uma rota de fuga porém não há saída. Olha o paredão que está atrás de suas costas e percebe que a cada um metro e meio existia uma buraco cilindro com um cano metálico. Como ali é uma encosta precisaram fazer esses orifícios para que se caso caiam chuvas fortes a água tenha por onde escorrer e não fique presa no solo podendo causar um acidente.
— Presta atenção Renato. — Allan fala no ouvido dele. — consegue ver essas fissuras na parece, acredito que a gente consiga escalar. Se nos mantermos pelo menos dois metros acima do nível da rua, já é o suficiente para nós livramos dos mortos. Teremos que ter uma das mãos livres para segurar o celular com a lanterna ligada ok. Vou te dar cobertura com a luz enquanto você sobe, mas tenta não fazer barulhos bruscos para não chamar a atenção dos quadrúpedes e quando você estiver lá mantenha sua luz em mim para que eu possa subir.
Renato concorda com a ideia de Allan e começa a subir. Porém só quando ele estava já encima percebe qual era a intenção de Allan. Ele estava tão focado em sobreviver que esqueceu completamente que seu amigo não tinha uma das mãos, e para ele seria impossível escalar o paredão. A idéia de Allan na verdade era se sacrificar chamando a atenção das criaturas para ele.
Renato queria gritar naquele momento porém sabia que não podia. Ele entendeu que seu amigo estava apenas esperando os cadáveres se proximarem um pouco mas para que ele pudesse correr e chamar a atenção das criaturas.
Ele por sua vez só poderia assistir. A morte seria certa para os dois, porém Allan estendeu sua vida por mais um tempo, e com pesar ele entende a atitude do amigo e entende que se ele se jogar no chão o que Allan tentou fazer teria sido em vão e os dois morreriam ali.
Quando os mortos se aproximam Allan solta um grito saido de seu âmago, era um misto de desespero e coragem que fizeram Renato estremecer de onde estava.
Ele apenas observa seu amigo correndo em direção a própria morte. Ficar parado apenas observando sem a possibilidade de ajudar estava corroendo Renato por dentro.
Allan conseguiria facilmente chamar a atenção dos cadáveres e evitar o ataque dos pálidos usando a luz. Mas seu grito desesperado chamou a atenção dos quadrúpedes em sua direção. Mas talvez realmente essa seja a intenção, deixar a área livre.
Renato vê todas as criaturas ao seu redor sumirem dentro do túnel em que Allan entrou, porém ele não escutou gritos vindo de lá. A área estava limpa, mas não era seguro descer.
Os segundos seguintes passaram-se como horas para Renato naquele momento, até que ele é retirado de seu transe forçado por barulhos altos de tiros.
Ele conseguia ver os pequenos focos de luz gerados pelos disparos. Eram tiros atrás de tiros e foi assim por alguns minutos até que uma forte luz se sobrepõe a toda a escuridão e um carro sai do túnel pondo o farou na direção em que ele estava iluminando uma boa parte do local.
— Não pensa muito não Renato, ainda pode ter criaturas vivas. Desce logo daí e vem para o carro porra!
Ele escuta uma voz familiar e essa voz e a voz de Brenda.
Naquele momento todo o medo, todo desespero se esvaem em um longo suspiro e da lugar a uma sensação de alívio.
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Doze - O Terror Continua - Livro 2
Science FictionApós os eventos ocorridos na base militar no meio da Amazônia, o grupo de sobreviventes se vê outra vez em apuros. Dois anos se passaram e o que antes estava apenas em um lugar isolado começa a se espalhar pelo mundo. O que será da raça humana agora...