— Estamos sem suprimentos, o ambiente não está colaborando com a saúde dos sobreviventes. Ontem morreram duas pessoas, pelos sintomas o doutor disse ser leptospirose.
— É qual situação na superfície?
— Nosso grupo de busca retornou essa tarde, mas com poucos suprimentos. Toda área ao redor está vazia.
— Isso é problemático!
— Podemos bater na porta do condomínio.
— Nem pensar. As pessoas daquele lugar parecem hostis, já temos muitos problemas com mortos, não quero ter problema com os vivos também.
— A Senhora quem sabe, mas eu acredito que naquele lugar exista alimento e medicamento. Muitos dos nossos estão morrendo.
— Mande um grupo para vigiar o local, vamos avaliar a situação.
— Ok! Eu irei pessoalmente junto com outros dois homens.
— Certo! Só não façam besteira.
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Regina Oliveira
(Abrigo Laranjeiras)Início do surto.
Estávamos ouvindo boatos de que algo estava acontecendo. As notícias na tv e no rádio não paravam de chegar. Plantão atrás de plantão falando sobre ataques em todo mundo.
A internet se tornou um filme de terror com vídeos de pessoas sendo mortas por outras pessoas, estava tudo um verdadeiro caos.
Mesmo assim seguimos nossas vidas como se nada estivesse acontecendo, bom até que em um dia tudo mudou.
Era quase noite e estávamos finalizando o expediente quando um apagão geral nos deixou totalmente no escuro por alguns minutos.
Os geradores foram ativados e pensamos que logo passaria, mas não foi isso que aconteceu. Poucos minutos depois, começamos a ouvir gritos de desesperado. Um homem ensanguentado desce as escadas e pula a catraca, ele está fugindo de algo.
Foi aí que vi uma das piores cenas da minha vida. Uma criatura que mais parecia um demônio fazendo sons irreconhecíveis com a boca, a luz o estava incomodando. Os operadores fecharam a entrada principal nos deixando trancados ali.
Não havia sinal telefônico, a tv não transmitia mais nada, o rádio estava sem sinal algum, apenas um som ensurdecedor de estática. Estávamos literalmente no escuro.
Perdemos uma das fazes do gerador e as pessoas se desesperaram e correram para linha férrea, péssima escolha.
Quando o próximo gerador se ativou todos os que tentaram sair por ali morreram eletrocutados pela alta tensão. O cheiro de carne humana sendo queimada ainda está entranhada em minhas narinas, mas com o tempo se tornou normal. Quantos dos nossos tivemos que queimar depois do surto.
O homem que havia entrado antes das portas serem lacradas não demorou muito para morrer, e foi ali que vimos o primeiro morto vivo e por causa dele, tivemos outras baixas. Tínhamos médicos, bombeiros, polícias até mesmo os seguranças do local. Para nós foi de grande ajuda. Os policiais deram um fim no cadáver. Cuidamos dos feridos e os deixamos em uma sala separada, as coisas foram escalando de maneira tão rápida que não tivemos tempo de parar para avaliar a situação.
Algumas horas se passaram e quando fomos ver os feridos estavam de pé, mas já não havia vida. Entendemos ali que ser ferido por essas criaturas te tornaria um deles.
Também trancamos o acesso a linha do metrô para que não tivéssemos o risco de mortos e criaturas entrarem por alí, sabíamos que o acesso do metrô percorria grande parte da cidade, e já não tínhamos mais energia para manter os trilhos ativos.
Finalizaram os mortos vivos. E nesse fim de noite éramos por volta de setecentas pessoas ainda vivas na estação de metrô. Número esse que diminuiu drasticamente com o passar do tempo.
Com o tempo me colocaram como líder do grupo, eu não queria essa responsabilidade, mas não tive escolha, foi uma votação entre os sobreviventes.
Fomos treinados em defesa pessoal, fomos ensinados a como usar armas de fogo. Com o tempo os suprimentos estavam acabando e precisávamos conseguir mais. Separamos grupos para sair durante o dia para conseguir suprimentos, mas muitos deles morram. O grupo foi adoecendo, muitas pessoas morreram por não terem água e comida. A morte não vinha apenas da superfície, ali embaixo parecia ser pior, mais brutal. Acho que ver as pessoas definhando causa um desconforto maior.
Um ano depois éramos apenas duzentos, no próximo ano cem, e hoje somos apenas cinquenta e sete pessoas. Mas do jeito que estão as coisas, tenho pra mim que não passaremos desse ano. Não se as pessoas continuarem morrendo. Acho que devo considerar a ideia de contatar as pessoas do condomínio.
Quando o grupo retornar eu irei pessoalmente até lá pedir ajuda, estou relutante, mas vou deixar isso de lado por agora, as vidas dos moradores desse lugar é mais importante.
Regina só não imaginava que seus homens acabariam com a pequena chance de contato amigável entre os dois grupos.
▔▔▔▔▔▔▔◥ ☣ ◤▔▔▔▔▔▔▔De cima de um prédio os homens de Regina observam a movimentação no condomínio. Um dos caminhões é colocado atravessado na entrada do portão assim diminuindo o risco de mortos vivos passarem.
Veem a mulher retirar o cadáver do carro e dar partida para longe.
— Douglas coloque um dos nossos caminhões bloqueando a passagem. Vou levar esse carro para longe daqui antes que atraia mais mortos para cá.
— É arriscando andar por aí dessa forma. Vai chamar toda a atenção para você.
— Melhor para mim do que para nossa casa. Sabe se o carro reserva está próximo a lagoa?
— Sim, está!
— Ótimo, vou por esse carro aqui para nadar e assim que eu retornar nos vamos ter uma conversinha com aqueles que estão nos observando no prédio.
— Eles ainda estão lá Allan? – Brenda pergunta para Ele no rádio.
— Sim, mantiveram a posição.
— Certo! Continue observando e qualquer movimento comunique ao Douglas. Contate o pessoal do Aqwa, peça que guardem a entrada principal do prédio onde eles estão.
— Ok, estarei contatando os meninos agora.
— Já que eles tentaram nos prejudicar, não serei amigável com eles.
— Brenda vai com calma, você está muito nervosa, cuidado para fazer nenhuma besteira. Mantenha a cabeça no lugar! Cadê o autocontrole?
— Péssima hora para me falar de autocontrole não acha?
— Tá certo. Vá, leve esse carro daqui e esfrie a cabeça no percurso. Tudo vai ficar bem!
— Queria ter essa sua calmaria.
Brenda da partida com o veículo levando com ela todo som que atrairia os cadáveres para perto deles.
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Doze - O Terror Continua - Livro 2
Science FictionApós os eventos ocorridos na base militar no meio da Amazônia, o grupo de sobreviventes se vê outra vez em apuros. Dois anos se passaram e o que antes estava apenas em um lugar isolado começa a se espalhar pelo mundo. O que será da raça humana agora...