CAPÍTULO 3

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     "Atenção, todos os psicólogos da ala de traumas favor comparecer a sala de reunião com urgência." 
Uma voz sai das caixas de som espalhadas pelos corredores da clínica.

     Marta está apreensiva e anda de um lado para o outro na sala de reunião. O tempo está nublado no rio, um clima estranho para o período.

     Enquanto os outros entram na sala e se sentam Marta se acalma e se senta também, os outros olham apreensivos.

     — Para ter chamado todos nós de uma só vez algo deve ter acontecido.
— Breno fala colocando os cotovelos apoiados sobre a mesa.

     — Preciso informá-los sobre uma situação delicada. — Marta começa a falar. — O motivo de não estarem vendo Brenda e Douglas aqui e que os mandei para Manaus a pedido do governo.

     — Eles não nos queriam aqui bem debaixo das asas deles e liberaram os dois para irem para longe? — Alesson questiona.

     — Vou explicar a situação Alesson. Tudo começou como uma mera possibilidade, mas acabou se tornado algo real e muito perigoso. Recebi o informe sobre um surto de canibalismo em Manaus e com isso mandei os dois para averiguarem a situação. — Marta fala.

     — Marta você deveria ter nos falado, por qual motivo escondeu essa informação? Nós não somos estranhos. — Raquel se levanta da cadeira, vai até a janela e olha a paisagem envolta de prédios altos.

     — Sei como está se sentindo, mas não poderia manda-los todos juntos. Isso não é um passeio com os colegas de classe. Você tem noção do que pode acontecer se um surto desse nível se espalhar? — Marta bate na mesa. Ela parece estar nervosa.

     — Será que as duas moças podem se acalmar? Marta prossiga com a informação. — Silva fala.

     — De acordo com a informação dada por Brenda, o surto é real, mas os dois estão tentando conter antes que as coisas fiquem piores. — Ela diz.

     — Marta não quero te preocupar nem nada do tipo, mesmo sabendo que já está bem alterada psicologicamente. Mas… você sabe que a infecção já pode ter saído da região não é? Isso não é algo que consiga se conter assim. Eles podem resolver o caso na clínica, mas qual a garantia de que não vá surgir outros casos semelhantes. — 
Allan fala.

     — E o que os superiores disseram?  — Silva pergunta.

     — Que se o caso não fosse resolvido o estado seria esterelizado. Só para não correr risco de se espalhar. — Ela responde.

     — Eu não dúvido de nada. O governo é capaz de fazer várias atrocidades. —Raquel comenta.

     No meio da conversa o celular de Marta toca. Todos olham para ela, a mesma atende o celular. Marta fica por um minuto apenas ouvindo e logo desliga a chamada.

     Ela se retira da sala rapidamente, os outros não entendem nada. Marta vai até o elevador e desce para o laboratório que fica no subsolo da clínica. Um homem de jaleco branco chama Marta até a sala de controle e mostra que de acordo com os relatórios que receberam, em menos de um mês foram detectados casos de infecção em doze países, sendo eles países grandes como Canadá, estados unidos, Rússia, China e México.

     — Os demais países são pequenos e os casos são bem reduzidos. Porém os outros que falei ainda não se sabe a quantidade de pessoas infectadas. 

     — Preciso que você convoque uma reunião com os laboratórios de cada país envolvido. Se uma pessoa achar que está doente e chegar a óbito em uma unidade de saúde, não posso nem imaginar o que pode acontecer. Ainda pior, se uma pessoa morrer em um lugar público. 

     — Ok! Estarei agora mesmo entrando em contato com todos. 

     Marta pega o telefone e liga para Raquel.

     — Preciso que todos venham agora para o laboratório. Tenho um assunto importante para tratar com todos vocês.

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     Sem entender a saída repentina de Marta e o corte do assunto. Eles conversam sobre Brenda e Douglas e se questionam se estão bem. Raquel pega seu celular e procura pelo contato de Brenda. Tanto ela quanto os outros querem saber como os dois estão, a chamada cai direto na caixa postal. Ela insiste algumas vezes e não tem resposta então desiste. Coloca seu celular sobre a mesa e recosta na cadeira, o celular toca.

     Pegando o celular percebe que era uma ligação de Marta. Se frusta por ter achado que era Brenda retornando sua ligação.
Ao atender, Raquel escuta atentamente as palavras de Marta que dizia para todos eles irem para o laboratório. 

     Naquele momento todos se retiram da sala e se direcionam ao laboratório. 

     — Não finalizamos nossa conversa e pelo visto já tem problema novo na área. — Alesson fala.

     — Para Marta se retirar sem ao menos pedir licença, acho que realmente existe um problema, e um dos grandes.

     Vão em direção ao elevador que leva ao laboratório, se apertam no elevador e colocam a senha que dá acesso em um painel no canto da parede esquerda do elevador. 

     Chegaram em uma das salas do laboratório e olham para o telão. Pontos vermelhos estavam piscando em um mapa mundial que cobria toda a área da tela. 

     Olhando ao redor percebem uma movimentação em todas as salas ao lado. Pessoas andando rápido pelos corredores que rodeiam as salas. 

      — Pelo o que vocês podem ver as coisas estão piores do que imaginávamos. A infecção já chegou em mais países do que prevíamos, do jeito que as coisas estão não será possível conter a infecção sem causar danos maiores. –Marta Fala enquanto olha o grande telão.

     — Não quero ser pessimista, mas estamos fodidos! – Alesson fala entre os dentes.      

     Marta começa a falar porém sua fala é interrompida por uma chamada de vídeo na tela. E para a surpresa deles, na linha estava o presidente.

     — Olá como estão? 
Todos os laboratórios espalhados pelo mundo estão tentando conter a situação de alguma forma. Nós não tivemos muitos relatos aqui no Brasil fora o ocorrido em Manaus. Por esse motivo quero dois de seus homens para treinar os militares, e isso precisa ser o mais rápido possível. Cada estado está mandando cinquenta homens. Em seguida esses iram treinar outros. Mandarei informações complementares para seu e-mail.

A tela se apaga e um silêncio toma conta da sala, Marta vai até a porta e chama um homem que está passando no corredor.

    — Preciso que você comunique a todos os outros que temporariamente o laboratório estará fechado. Quero que todos deixem o local imediatamente, considerem férias antecipadas. 

     — Mas Doutora…

     — Não, faça o que mandei e ponto. Amanhã o dinheiro já estará na conta de todos.

     Marta fecha a porta.

     — Então, o laboratório ficará exclusivamente para nós. Não quero envolver os outros nisso. Caso a bomba estoure, que eles estejam com suas famílias. Agora vamos falar sobre esse treinamento.

Doze - O Terror Continua - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora