Ao pé da serra em uma guarita da antiga polícia militar um homem que tinha por volta dos seus cinquenta anos é resgatado pelos meninos. Ele se chama Pedro, suas vestes estavam surradas e sua pele suja como se não visse água por um bom tempo. Isso é comum, água é algo difícil de se conseguir nesse mundo.
Ele não era hostil. Com isso ele seguiu com os três em sua missão de chegar a Petrópolis.
Tinha um objetivo, achar sua família que ele acabou deixando no meio do surto. O pouco de sua história que foi contada a eles acabou tocando profundamente o coração deles.
"Nós tínhamos acabado de nos mudar para Petrópolis, sabe era nosso sonho. Compramos uma casa em um condomínio muito bom, nossa vida estava ótima. Foram anos para conquistar tudo isso. Mas eu particularmente estava feliz, saber que minha família estaria bem, que poderia me aposentar e viver ao lado da minha esposa o resto da minha vida.
Meu filho estava noivo, prestes a se casar. Nossa vida estava maravilhosa.
Só que do nada tudo mudou! Sabe, foi rápido. Começou com os noticiários na televisão, logo depois o sinal foi cortado e o desespero tomou conta das pessoas.
Desci para o Rio, precisava entender o que estava acontecendo de fato. Olha, essa foi minha pior decisão.
Eu vi muitas coisas. Vi pessoas sendo mortas brutalmente por outras, não digo por mortos vivos e sim pessoas vivas e conscientes do que estavam fazendo. O desespero fez com que as pessoas ficassem loucas.
Todos os dias me pergunto o motivo de eu ainda estar vivo, mas acho que sei. Preciso encontrar minha família.
Deixei minha família naquele dia e não os vi desde então. Acredito que ainda estão vivos, tenho essa esperança em meu coração.
Mas caso não estejam eu quero ainda sim ter a oportunidade de vê-los novamente."
Palavras ditas pelo Pedro para os três rapazes.
Subindo a estreita estrada o carro começa a fumaçar e eles precisam chegar até Petrópolis. E de preferência antes da noite cair.
— Fudeu legal. — Felipe fala ao ver o carro diminuindo a velocidade.
— Não é hora para isso, esse carro precisa funcionar. Não estamos tão longe assim do nosso destino.
— Se tiver um kit de reparo no porta malas talvez eu consiga dar um jeito. — Pedro fala.
— Bom, eu entendo um pouco também, posso dar um auxílio ao Senhor Pedro.
— Então segurei com Felipe até a cidade andando mesmo. Assim que conseguirem consertar o carro nos encontramos lá. — Renato fala.
Estipulam um ponto de referência para se encontrarem e os dois seguem andando até seu destino.
Passaram-se algumas horas e eles ainda estavam tentando arrumar o carro. Mas Marcos percebe alguma coisa estranha.
— Senhor Pedro. — Marcos fala.
— Não me chame de senhor por favor. — Ele fala dando um empurrão em Marcos.
— Olhei por um segundo e vi no alto do morro atrás de nós uma pessoa, o brilho que foi refletido pelo sol me deixa com cem por cento de certeza que estamos na mira de um atirador.
— Mas como assim? — Pedro entra no carro dando partida e o mesmo funciona. — Bom, vamos entrar no carro e sair daqui rápido.
— Não sei se seria uma boa idéia, só tive a visão de um dos homens, caso saíamos daqui possa ser que nós atirem de outro ângulo.
— E o que nós iremos fazer.
— Vamos nos manter dentro do carro, quando a noite cair é provável que eles voltem ao abrigo. Não vão dar bobeira sabendo que pálidos e híbridos podem aparecer.
— Fala das criaturas diferentes?
— Isso, elas mesmo. Quando a noite chegar nós damos partida e seguimos ao local de encontro.
— Mas ai corremos o risco das criaturas atacarem o carro.
— Com os faróis acessos os pálidos na vão se aproximar e caso vejamos um híbrido, paramos o caro, desligamos os motores e ficamos em total silêncio.
— Pelo o que parece você tem muita experiência com essas criaturas.
— Mas do que você imagina meu amigo.
— Um dia vou saber sua história?
— Quem sabe um dia. E seu filho hoje está com quantos anos?
— Vinte e oito.
— E qual o nome dele?
— Se chama Cezar.
— E sua esposa?
— O amor da minha vida se chama Maria.
— Assim que nos reunirmos com os outros vamos procurar pela Dona Maria e pelo Cezar ok? Pode contar com a gente.
— Agradeço do fundo do meu coração. Vocês não me conhecem e confiaram em mim ao ponto de deixar que eu viajasse ao lado de vocês.
— Nosso lema é ajudar. Nunca vamos virar as costas para um vivo, precisamos nos proteger não nos matar.
— Mas nem todos que estão vivos pensam dessa forma.
— Pode ser que seja verdade. Então que cruze pessoas no nossa caminho que sejam como você. Olha só, vamos encontrar sua família e vamos seguir juntos até nosso assentamento. Lá também é um condomínio sabia?! Vocês vão adorar.
— Com toda certeza nós vamos.
Eles seguem conversando no carro enquanto Renato e Felipe estão prestes a enfrentar quem sabe suas mortes.
Os dois são retirados da sala escura e seguem acompanhado de alguns homens. Alice e Cezar estão juntos os acompanhando até o galpão.
Eles se admiram com a quantidade de pessoas que estão abrigadas ali. O local lembra seu assentamento. Um condomínio luxuoso com várias casas.
As pessoas os olhavam com um olhar de reprovação ou pena, era difícil decifrar o que se passava na cabeça daquelas pessoas mesmo eles conhecendo bem a mente humana.
Se tudo der certo eles podem fazer uma aliança entre o grupo dos doze com o grupo da serra. Basta conseguirem liberar o armazém sem perderem suas vidas para as criaturas que estão lá dentro.
— Alice, posso propor algo?
— Se nos beneficiar.
— Se nós limparmos a área para vocês, vocês nos liberam e fechamos uma parceria entre nossas comunidades o que acha?
— Caso saiam vivos dessa situação eu aceito.
Alice fala sem por nenhum pouco de confiança naquilo que ele fala. Ela não acredita que aqueles dois vão conseguir livrar o armazém daquelas criaturas.
— Nos queremos apenas armas brancas e duas lanternas. Isso será o suficiente. — Felipe pede a eles.
— Lá se vão mais dois. — Algum dos homens comenta.
Renato e Felipe se vêem agora na porta do próprio inferno. Será que tudo dará certo e eles conseguiram exterminar todas as criaturas que estão lá dentro?
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Doze - O Terror Continua - Livro 2
Science FictionApós os eventos ocorridos na base militar no meio da Amazônia, o grupo de sobreviventes se vê outra vez em apuros. Dois anos se passaram e o que antes estava apenas em um lugar isolado começa a se espalhar pelo mundo. O que será da raça humana agora...