CAPÍTULO 26

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Entrando naquele lugar os dois sabiam que talvez não sairiam com vida, mas eles viram a necessidade daquelas pessoas. Entenderam que o que estava sendo feito ali era para o bem da sociedade que ali só formou. Ora, Felipe e Renato também fariam o mesmo caso estivessem na mesma situação. Eles não colocariam seu povo em perigo.

Sabendo disso eles aceitam entrar no armazém sem nem ao menos questionar.

Quando estão se preparando para entrar uma senhora aparece e para no meio dos que ali estavam.

— Vão sacrificar esses dois jovens assim como fazem com todos aqueles que aqui chegaram. — A senhora fala.

— Sogra, precisamos do que está lá dentro. — Alice fala. — Nosso povo precisa dos alimentos que ali estão.

— Não me venha com essa história Alice. — Ela se aproxima.

Ao se aproximar dos meninos eles percebem que a moça tinha uma prótese na perna direita que já estava toda remendado com arames e pregos.

— Estão interessados em saber da prótese? — Ela fala ao perceber o olhar curioso dos rapazes.

— Perdão senhora, não foi nossa intenção.

— Não, que isso, tudo bem. Sabe, bem lá no início do fim do mundo eu fui mordida na perna por um cadáver ambulante desses que estão por ai. Como sabíamos que a infecção se espalhava pela mordida, sem pensar cortei a parte infecta. Olha quase morri por causa da hemorragia, mas tive tempo de chegar ao doutor que morava aqui no condomínio. Ele me salvou. — Ela fala.

— tenho um amigo que perdeu sua mão assim. — Felipe fala.

— Assim como eu ele sobreviveu olha só. — Ela responde e sorri com um sorriso amarelado.

— Qual seu nome moça? — Renato pergunta.

— Me chamo Maria. — Ela responde.

— Dona Maria, não julgue sua nora e nem mesmo o Cezar. Eles só querem o melhor para vocês. E sabe de uma coisa? Diferente dos outros que entraram lá e perderam suas vidas, eu não estou nem um pouco afim de entrar nessa estatística, então pode ter certeza que sairemos vivos de lá. Só me prometa que se sairmos do armazém com vida, você fará um café pra gente conversar um pouco sobre a vida.

Dona Maria escuta as palavras do jovem e se emociona ao ver que de fato eles estão ali para ajudar.

— Faço o café com todo o prazer, só que ele está aí dentro junto com todos os outros grãos. — Ela fala frustrada.

— Então eu e Felipe sairemos de lá com um saco de café nas mãos. — Renato fala e em seguida sorri para dona Maria.

— Então deixa eu ir catando as lenhas para ferver a água. — Dona Maria sorri de volta.

— Ótimo! Vamos limpar a área bem rápido pra depois tomarmos aquele café quentinho.

Cezar ao ver o diálogo dos meninos com sua mãe acaba voltando atrás na idéia de mandá-los lá para dentro. O mesmo questiona Alice perguntando se não não existe a possibilidade de deixá-los ir.

A mesma responde não. Alice não tinha um coração tão bom quanto Cezar, e foi por essa personalidade imparcial que todos ali votaram e a colocaram como líder da comunidade.

Agir com o coração às vezes pode atrair coisas ruins para perto, e ela sabe disso.

Certo dia um homem chegou até o abrigo pedindo ajuda, suplicando, chorando como uma criança. Ela com compaixão deixou o rapaz entrar, e no segundo dia de estadia do homem, o mesmo matou três pessoas.

Quando ela perguntou o motivo do homem ter feito aquilo, ele respondeu que apenas não tinha ido com a cara das pessoas que havia matado, sendo uma dessas pessoas o seu pai.

A mesma com muita raiva disparou um pente inteiro na cabeça do homem. Ela se culpa pela morte do pai até hoje. Todos os dias ela lembra das palavras ditas por aquele homem, todos os dias ela lembra que foi o descuido dela em por alguém estranho na comunidade que tirou a vida de seu próprio pai.

É de se entender o motivo da mesma ser tão fria. Perder alguém nessas condições não seria fácil para ninguém.

A traumas que são difíceis  de se apagar, os dois sabem bem disso. E mesmo não conhecendo aquele povo ali, eles sabem do sofrimento que é perder pessoas e entendem como é complicado viver nesse mundo. Eles viveram essa experiência antes mesmo do mundo conhecê-la.

Eles pegam suas facas mas Alice entrega uma arma na mãe de cada um.

— Sei que não querem usar armas de fogo, mas não existem apenas mortos lá dentro. Não quero que vocês morram tão rápido.

— Nossa isso foi gentil da sua parte. Nós não queríamos armas de fogo, os pálidos são atraídos por barulho e nós temos uma tática para se livrar deles sem o uso de armas. Mas vou aceitar.
Caso a gente acabe com os pálidos primeiro, finalizamos os cadáveres com essas armas para adiantar o processo. — Renato fala e coloca a arma em um coudre que estava prezo no cinto da calça.

— Quero pedir desculpas por esses dois. — Dona Maria fala. — Espero que não guardem rancor. — Ela finaliza sua fala.

Felipe sorri para dona Maria e diz que os dois não teriam motivo algum de sentir rancor de Cezar e Alice, e finaliza dizendo.

— Nos faríamos o mesmo!

A porta do armazém se abre e os dois se perdem na escuridão do local. Andam com passos leves, suas visões ainda não se acostumaram com a escuridão do local.

Param por terem ouvido um barulho, olham ao redor. Nesse momento já conseguiam enxergar com mais clareza tudo a sua volta.

Acharam estranho, não haviam mortos vivos ali. Mas eles disseram que várias pessoas entraram e não saíram com vida.

Andam até o fim do grande corredor onde o cheiro de podridão aumentou consideravelmente. Ao redor haviam vários paletes ainda envoltos em plástico filme, o povo daquela comunidade teria alimentos para anos sem precisar abrir as portas do condomínio.

— Renato. Não houve movimentação de mortos vivos aqui. — Felipe fala sussurrando.

— Eles então aqui. Você tá sentindo o cheiro de putrefação ficando ainda mais forte.

Ao terminar sua fala eles vêem um aglomerado de corpos em decomposição amontoados em um só lugar. Alguns ainda movimentam suas mandíbulas, uma cena desconfortável. Os pálidos juntaram todos eles ali como se os mortos vivos fossem como galhos que compõe um grande ninho.

Doze - O Terror Continua - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora