CAPÍTULO 1

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    Brenda e Douglas já estão em Manaus, as instruções mudaram. Acharam melhor encaminhá-los para o hotel que já estão registrados.

     — As diárias já estão pagas, peguem esses documentos. — Um homem com um trage escuro, não era preto, mas um azul marinho bem escuro fala com eles.

     — Novos documentos? - Brenda pergunta. — É realmente necessário trocarmos nossos nomes?

     — Isso não é nada. — Douglas faz uma observação. — Parece que somos casados.

    Brenda olha os dois documentos e balança a cabeça em sinal de desaprovação.

     "Não era preciso" Ela pensa.

     O hotel era bem próximo ao aeroporto, levaram apenas dez minutos para chegar. Ao entrar são recepcionados pelos funcionários do hotel que logo os levaram a seu quarto. — Sintam-se em casa senhor e senhora Abbernat.

     — Parece que vamos dividir a cama hoje querida. — Douglas fala em um tom sarcástico.

     — Negado! — Brenda rebate seu sarcasmo. — Arruma uma caminha no chão meu querido.

     — Deixando essa nossa axides de lado. Amanhã bem cedo teremos que ir a clínica onde estão os pacientes. De acordo com o que foi passado, eles não estão totalmente fora de si, diferente do que vimos na base.

     — Nós não sabemos de fato como eles estão. Ainda tem coisa que não querem nos revelar. Hoje tem certas informações que não podem ser passadas por ligações ou vídeos chamadas, a rede não é um lugar seguro e qualquer informação pode vazar. Acredito que esse seja o motivo de terem nos trago aqui.

     — Ok, entendo. Então a situação pode ser bem pior do que nos foi passado.

    Douglas se aconchega em uma poltrona próxima a cama e joga sobre si um cobertor fino.

     — Ei… Vem para cama seu idiota. Só evita se encostar em mim. — Brenda fala e vira seu corpo para o outro lado ficando em silêncio.

     A noite passa rápido, o despertador toca e eles sabem que precisam levantar. Brenda então sem muita cerimônia se levanta e abre a janela.

     — O dia amanheceu chuvoso. — Fala ela com Douglas que ainda está deitado sem coragem para levantar.

     Um dos seguranças que estão os acompanhando bate na porta e diz para os dois se apressarem, irão tomar café no caminho.

     Descem em direção ao estacionamento do hotel onde um carro luxuoso os aguarda. Ao entrar no carro percebem que além do motorista está um homem que aparenta estar com seus cinquenta anos, com cabelo grisalho, pele parda, trajando uma roupa branca.

     — Peço desculpas por ter chegado tão cedo, estávamos aguardando por vocês ontem mas achamos melhor que descansassem depois da longa viagem. Me chamo Marcos Sousa, sou um dos pesquisadores e cientista do projeto ACOC.

     — Projeto ACOC? — Brenda pergunta.

     — A perdão! Esse era o nome do projeto que estávamos desenvolvendo na base militar onde vocês estavam. Eu estava lá no início do projeto mas precisei me ausentar logo depois dos testes.

     — E por qual motivo o senhor está aqui? — Douglas pergunta enquanto toca o braço de Brenda, logo ela fica atenta.

     — Estava na minha casa em Washington, quando foram me buscar. Sou o único pesquisador vivo. Eles acham que posso de alguma forma solucionar o problema aqui. — Ele fala coçando a cabeça.

     — O senhor já foi ao local ver a situação? – Brenda pergunta encarando o senhor.

     — Fui ao local e fiquei surpreso com a situação, de acordo com o médico que estava observando e analisando o caso ficou preocupado, os enfermeiros que entraram no local foram arranhados e agora estão em quarentena também. Alguns deles já morreram. Os cadáveres estão no necrotério aguardando para serem estudados.

     — E os que foram para lá no início? — Douglas pergunta.

     — Até o momento não morreram, mas as vezes são hostis, não comem e nem bebem, estão em estado quase que vegetativo nesse momento. Quando recobram a consciência, ficam agressivos mas logo apagam novamente.

     — O ideial seria que os cadáveres fossem queimados ou colocados em um lugar isolado e bem protegido de preferência sem pessoas no local. Acontece doutor, que algumas pessoas infectadas demoram para se transformar em um cadáver ambulante se é que podemos dizer isso. Tivemos relatos em um diário de um dos cientistas que por incrível que pareça também se chamava Marcus. Ele levou cerca de um mês para morrer após os sintomas da infecção. É bem relativo, não tem como saber, deixar esses corpos em qualquer lugar pode trazer problemas. — Brenda fala e passa os dedos entre os cabelos, isso é sinal de que ela está nervosa e apreensiva.

     — Relaxa Brenda, nós não sabemos se realmente esse caso tá ligado as coisas que aconteceram lá. — Douglas fala tentando acalma-la.

     — De acordo com as informações,  por alto consigo perceber que está ligado sim. Senhor Marcos, o senhor foi ao local e se baseou no que o médico disse e não fez sua própria análise da situação. - Ela altera a voz.

     — Ótimo, que incompetente. — Fala ela.

     — Peço desculpas por ela doutor.  — Douglas fala um pouco envergonhado.

     — Tudo bem, apenas deixei para fazer a análise quando vocês estivessem aqui. Vocês viveram a situação, eu não. — Ele fala.

     O motorista que até o momento estava em silêncio anuncia a chegada, logo atrás dois carros com homens de preto, estavam nos escoltando. Ao sair do carro vamos em direção a porta da clínica, o lugar já parecia ser muito sujo e nada cuidado.

     — Lugarzinho de merda esse. — Brenda fala ao olhar para a clínica que parece estar caindo aos pedaços   — Esse e o lugar onde estão mantendo os pacientes?

      — Vamos entrando. O diretor da clínica nós aguarda em sua sala. — Marcos fala.

     Abrindo a porta se escuta um ranger, a grande porta dubla de ferro parece estar precisando de óleo nas dobradiças. Ao entrar um grande salão com cadeiras espalhadas e uma pequena recepção com uma atendente emburrada. A clínica é dividida em áreas, existe a área hospitalar onde ficam os pacientes que precisam de atendimento clínico e a área reservada para pacientes com problemas psicológicos leves, e a outra área para pacientes que apresentam risco para si e para os outros. Eles seguem para área hospitalar onde estão os pacientes em questão.

     — Os mesmos foram colocados em uma das salas vermelhas da área hospitalar, estão trancados, sendo observados apenas pelo vidro após o ocorrido com os enfermeiros. — Marcos fala enquanto aponta a direção da sala.
    
     — E onde fica o necrotério? Quero dar uma olhada nos corpos dos enfermeiros. — Douglas pergunta.
 
     — No fim da área hospitalar fica o necrotério, já devem estar lá meus dois assistentes. — Diz Marcos.

     — Vai averiguar tranquilo os cadáveres que dou uma olhada nos pacientes da sala vermelha junto com Marcos.

     — Tá certo, qualquer coisa me liga que vou até vocês. — Ele diz.

     Douglas segue até o fim da ala hospitalar enquanto Brenda entra em uma das salas no corredor junto com Marcos. A sala era ampla com uma grande janela de vidro e do outro lado macas, mas os pacientes estão todos no chão. Brenda observa e tenta analizar de longe mas não consegue avaliar nada dessa forma.

     — Preciso entra para dar uma olhada nos pacientes de perto. — Ela fala enquanto amarra o cabelo em rabo de cavalo.

     Entrando na sala Brenda se aproxima das macas, os pacientes parecem estar mortos, não há reação alguma. "Acho que chegou o tempo limite" Ela pensa atestando que a situação é a mesma ao lembrar dos vídeos que havia analizado com Marta no laboratório da base militar.

     — Merda! - Ela fala se afastando dos corpos caídos no chão e segue em direção a porta lentamente.

Doze - O Terror Continua - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora