CAPÍTULO 10
— Então eu não queria falar nada não mas o pátio aqui dentro e desnivelado com a rua aí fora acho que um metro. Tá muito alto é eu não consigo pular. — Renata fala com um sorriso no rosto.
Allan olha pelo portão e vê pessoas caminhando além do prédio da escola. Os mesmos andam se trombando e cambaleando feito bêbados. Mas ele já entendeu a situação.
— Certeza de que não há um lugar com algum elevação que você possa alcançar o muro? — Ele pergunta.
— Não, infelizmente não. — Ele fala olhando para trás.
Por ele ter corrido feito um louco sua chegada ao portão foi rápida. Ele saiu rápido do campo de visão dos cadáveres. Mas se um deles começa a se movimentar fazendo um som diferente os outros começam a seguir e replicar o som, assim eles aumentam seu número formando uma horda.
Com isso caminham na direção da presa por um tempo, quando aquele ou aqueles que viram a presa desistem do rastro eles param e se distanciam.
Analizando essa forma de agir, parecem animais agindo em bando para facilitar a caçada. Talvez tenham alguns sentidos ainda ativos além do desejo de se alimentar. Esse comportamento foi analizado por Marta quando a mesma estava presa no prédio na base militar.
— Tenta se esconder em algum lugar até dispensarem. — Allan fala analizando o espaço por fora do portão.
— Não tem lugar aqui para se esconder. Talvez lá atrás próximo ao vestiário e a quadra, mas é inviável. Eles estão por lá. — Ele fala.
— Tá espera. — Allan fala enquanto pega seu celular.
"Marta, a situação é a seguinte. O abrigo caiu, não há sobreviventes. Porém agora Renato está preso dentro da escola e não consegue sair. Parece que eles foram deixados na quadra da escola ao invés do interior do prédio."
"Não acredito que eles fizeram isso. Deixaram as pessoas ao relento. O fato de serem moradores de rua não dá o direito de trata-los dessa maneira."
"Acho que agora não é o momento de pensar nisso. Preciso saber o que fazer agora para tirar o Renato lá de dentro. Pensei em algo mas aí vai gerar um problema extra."
"E no que você pensou?"
"Derrubar o portão com o carro e tirar ele lá de dentro. O único problema é que com isso os cadáveres terão acesso as ruas."
"Não tem polícias ou soldados por perto?"
"Não!"
"Ok! Derruba o portão tira ele de dentro e cubra a passagem com o carro que mandarei pessoas e armas agora para onde vocês estão."
"Tá ok! Estou no aguardo."
Ele encerra a chamada e vai até o carro, pede que Renato se afaste do portão, ele irá derrubar usando o carro.
— Ok, vamos lá. — Ele fala. — Puta que pariu que falta faz uma mão, que porra. Tá vamos lá.
Ele liga o carro dando partida e segue com todo cuidado até o portão, usando o carro para assim quebra-lo para Renato sair. Os cadáveres estão próximos e o portão não se mexe.
— Vou precisar pegar distância e vir com tudo. Estava tentando no amor mas o portão não se move. — Ele grita do carro.
Volta com o carro alguns metros dando uma boa distância para que tenha velocidade, para assim com o impacto abrir o portão.
Ele acelera e segue até o portão batendo contra o mesmo de forma brusca.
— Sai, sai, sai. — Allan grita para Renato sair pelo portão que agora está no chão.
Renato sai e Allan sai com o carro. Tenta manobrar rápido, mas os mortos já estão próximos.
— Droga acho que não vai dar tempo. — Ele fala do carro.
Allan precisa colocar o carro lateralizado para que impeça a passagem dos mortos, e ao posicionar o carro de lado para colocar entre a entrada o mesmo começa a fumaçar e para de funcionar.
— Só pode ser brincadeira. — Allan fala e sai do carro.
— Sai logo de perto do carro e vamos sair daqui agora. — Renato grita de longe.
Allan ativa o toque do alarme do carro com a intenção de chamar a atenção dos mortos para o carro enquanto eles se afastam do lugar. Mas os mortos estão focados em apenas uma coisa, os dois.
Os dois correm pela rua e observam de longe o número de cadáveres que sai como um enxame de abelhas pelo portão da escola. Eles seguem pela rua em direção a avenida principal no intuito de achar oficiais próximos.
Os moradores que estão em suas casas abrem as janelas para entenderem o motivo de toda a movimentação nas ruas.Com a visão de filme de terror se tornando realidade para eles, algumas pessoas gritam assustadas e alguns dos cadáveres que estavam perseguindo os meninos agora estão indo em direção a porta das casas, o desespero aumenta.
Estavam em um bairro onde as casas eram humildes. Se os cadáveres forçarem irão derrubar as portas das casas e muitas pessoas morrerão.
Os meninos estão de mãos atadas por não poderem fazer absolutamente nada no momento. Como enfrentar mortos sem uma arma de fogo, ou qualquer outra coisa?
Com gritos ensurdecedores de pessoas desesperadas os moradores começaram a abrir suas portas para entender o que estava acontecendo.
Sem entender a movimentação de pessoas nas ruas eles ficam fora de casa observando. Os meninos gritam desesperados pedindo para que as pessoas entrem para suas casas por ser perigoso. Mas eles não entendem e com isso os mortos se aproximam atacando as pessoas que estão nas ruas, alguns correm com medo pedindo ajuda aos vizinhos. Outros feridos conseguem escapar e entrar para suas casas, bom acabaram de levar o maldito vírus para dentro.
De longe os dois observam os cadáveres batendo com força nas portas das casas a procura de comida, pessoas que não conseguiram correr e nesse momento gritam de dor por estarem sendo comidas vivas.
Com todo o tumulto eles não estavam sendo perseguidos, porém estão paralisados por estarem vendo toda aquela carnificina bem diante de seus olhos.
Mais uma vez eles abriram as portas de um lugar, e liberaram a saída de algo ruim. Por mas que tudo já esteja uma merda, as coisas já estão acontecendo. Mas se eles não tivessem aberto o portão da escola, aquelas pessoas teriam um pouco mais de tempo de vida.
— Não olha mas. — Renato fala.
— Pessoas estão morrendo por nossa causa. — Allan não se conforma.
— Acho que não é hora de se culpar Allan. Não tinha como saber que as coisas acabariam assim.
— Eu sei. Mas é difícil!
Uma coisa e viver esse inferno só a gente. Outra coisa é envolver o mundo na nossa merda.— Ei, não é nossa culpa. Não fomos nós que criamos o vírus.
— Mas deixamos ele sair.
— Eu não sei se realmente aconteceu assim.
Depois de muito tempo Marta retorna a sua antiga casa com Will. Só não esperava encontrar algo que explicaria um pouco como tudo começou.
— Nunca pensei que voltaria nessa casa. — Marta fala com Will enquanto segura forte sua mão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Doze - O Terror Continua - Livro 2
Science FictionApós os eventos ocorridos na base militar no meio da Amazônia, o grupo de sobreviventes se vê outra vez em apuros. Dois anos se passaram e o que antes estava apenas em um lugar isolado começa a se espalhar pelo mundo. O que será da raça humana agora...