Saudades de você.

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Havia se passado uma semana desde o jantar na casa de Luisa e a relação entre elas só melhorava. Marília estava adorando ter uma amiga, já que estava sempre rodeada de amigos homens. E Luisa era ótima. Legal a divertida. Passada a confusão de sentimentos entre as duas, tudo estava bem.

Mal tinha conseguido chegar em casa a tempo de ver Maraisa aquela semana, estava tudo tão corrido, no fim de semana teria a reinauguração da empresa, com o novo nome e tudo. Seria um grande evento. E ela não via a hora de ver tudo pronto e ter tempo com sua esposa.

Maraisa não havia dormido no quarto da loira nenhum dia daquela semana. Ela pensava em esperar a esposa na cama, mas logo depois mudava de ideia. A inseguranca dela ainda era um obstáculo na relação das duas.

Cansada de ficar em casa o dia todo, resolveu ir atrás de um emprego. Ela sabia que não precisava mas queria. Ficar em casa olhando para o teto realmente não estava a deixando feliz. Uma floricultura na esquina de sua casa precisava de funcionários e ela achou que seria perfeito. Afinal, ela e as flores tinham uma relação muito boa.

Chegou em casa radiante, finalmente teria alguma ocupação. Aquela vida de 'madame' não lhe cabia. Como já era esperado, Marília não estava em casa ainda.

'Maraisa, não chegarei a tempo para o jantar'.

Maraisa entendia a situação, mas realmente estava sentindo falta da esposa. Mal tinham tempo para conversar. Ela queria contar a Marília as novidades, mas teria que esperar o dia seguinte.

Maraisa gostava da vista que tinha do quarto de Marília. Naquela noite, em especial, a lua estava maravilhosa e tão perto que ela nem precisou ligar as luzes do quarto. Amava a paz que sentia ao observá-la. Sempre tão linda. Estava tão cansada que pegou no sono ali mesmo.

Marília chegou e agradeceu aos céus pela visão que tinha. Maraisa deitada em sua cama apenas iluminada pela luz da lua. Perdeu a conta dos minutos que ficou observando a mulher em sua cama. Mas sentia as bochechas doerem devido ao largo sorriso que não abandonou seu rosto desde que abriu a porta de seu quarto.

Com todo o cuidado do mundo, ela se aproximou da cama e juntou-se a Carla em seu sono profundo. Maraisa apenas se aconchegou e voltou a dormir.
Se pudesse, Marília eternizaria aquele momento, ela não tinha dúvidas.

O dia amanheceu e ela sentiu um alívio quando não ouviu o despertador tocar, finalmente teria tempo e Maraisa ainda estava ali. Tão serena e com o biquinho irresistível de sempre. Marília deu um beijo nela, a fazendo despertar.

- Bom dia, Carla Maraisa. Já disse que você acorda cada dia mais bela? - ela disse e Maraisa revirou os olhos.

- Você só diz isso pra me agradar. - disse dando um selinho na esposa. - Nem vi você chegar, chegou tarde?

- Não muito, mas você já estava dormindo. Lindamente dormindo na minha cama. Tem noção que fui ao céu e voltei? - Maraisa gargalhou e corou. Marília sabia como envergonhá-la.

- Tem noção de que eu vou ao céu e volto toda vez que você entra por aquela porta? - ela disse puxando a loira para um beijo. - Sinto sua falta.

- Ah, Maraisa. Como eu sinto sua falta. - elas se abraçaram e ficaram assim, trocando carinhos por um longo tempo até Marília sentir a barriga da esposa roncar.

- Fome?

- Fome. - ela disse manhosa

A loira foi preparar o café da manhã para as duas, Maraisa se sentia feliz, sentia que nada no mundo poderia tirá-la daquele sonho que estava vivendo. Ela queria parar de pensar um pouco os motivos pelos quais estavam casadas. Queria parar de pensar um pouco que em poucos meses não estaria mais casada. Queria apenas viver.

- Aqui, amor. Minha esposa linda. - ela disse com um sorriso bobo colocando a bandeja sobre a cama.

- Obrigada esposa linda. - Maraisa disse sentando-se para tomar seu café. - Sem dúvidas, você faz o melhor café da manhã do mundo, amor. - ela disse sorrindo e Marília corou. Pela primeira vez ela havia corado e Maraisa estava achando aquilo adorável.

- Ficou vermelha. - Maraisa sorriu a deixando mais vermelha ainda.

- Cale a boca. - ela disse jogando uma almofada na esposa.

O clima estava tão agradável entre elas, tudo tão leve. Sem silêncios desconfortáveis ou discussões intermináveis. Ambas estavam felizes.

- Arrumei um emprego. - Marília a olhou com surpresa.

- Emprego? Onde? Porque?

- Em uma floricultura aqui perto. E porque sim, oras. Não pense que vou ficar em casa te esperando chegar todos os dias. Não estamos em 1952. - ela disse revirando os olhos fazendo Marília gargalhar.

- Eu acho ótimo, Minha Maraisa. É bom você ocupar a mente com alguma coisa que não sejam paranóias. - ela disse e Maraisa fingiu uma cara de brava.

- Idiota! - ela disse pulando em cima da loira. - Paranóica é você. - disse dando um selinho em Marília. Logo iniciando um beijo lento e carinhoso.

Aquele dia seria longo, ambas agradeceram mentalmente por isso. O celular de Marília estava desligado e ela não estava nenhum pouco preocupada com tal fato. Apenas ficaria ali com Maraisa, e aproveitaria o momento. Nunca sabia quando as coisas poderiam mudar, e antes que a tempestade viesse, aproveitariam a calmaria.

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