Luísa Sonza.

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O dia amanheceu e Marília acordou antes do despertador começar a tocar. Ainda estava bastante cedo e os primeiros raios mal tinham começado a sair. Ela esticou a mão ainda de olhos fechados, tateando a cama vazia e fria. Abriu os olhos com a testa franzida devido à claridade.

- Merda!

A cama estava vazia... novamente, e ela? Ela já estava começando a se irritar com tudo aquilo.

Sentou na cama para se certificar da hora e aproveitou para desativar o despertador, jogando as cobertas para o lado e indo em direção ao banheiro. Ela não conseguiria dormir novamente. Como estava brava!

Tomou banho, e escovou os dentes, se vestiu impecávelmente e começou a descer as escadas. Não parou diante a porta do quarto de Carla como sempre fazia. Nem abriu para ter certeza que ela dormia. Apenas desceu com passos largos e a mandíbula apertada.

Maraisa acordou cerca de quarenta minutos depois, e quando desceu deu logo de cara com Marília que terminava de tomar uma xícara de café. Surpreendeu-se já que geralmente ela era que acordava primeiro.

- Caiu da cama? - ela disse brincalhona.

Marília ergueu o olhar para encarar ela, mas não respondeu se limitou apenas a beber outro gole de café.

Marília não estava com a cara nada boa, Maraisa logo percebeu e preferiu não incomodar. Foi até a geladeira e pegou a jarra de suco servindo um copo bastante exagerado.

- Dormiu bem? - a loira perguntou de repente.

Era impressão de Maraisa ou a voz dela estava carregada de ironia?

- Sim. Dormi muito bem. - mentiu - a dor de cabeça passou. - ela disse tentando parecer convincente.

Marília fechou ainda mais a cara e continuou quieta. Maraisa nem imaginava que ela estava a ponto de explodir.

Era o momento certo para ela abordar sobre o assunto que tanto a estava incomodando. Era o momento exato para algumas perguntas que precisavam de resposta, porém o orgulho a impediu de falar qualquer coisa para a mulher que fugia de seus braços todas as noites durante a madrugada.

- Tenho certeza que sim. - disse num sussurro que Maraisa demorou alguns segundos para entender.

- Está tudo bem? - ela perguntou de repente a fazendo encará-la novamente... foi a gota d'água.

Ela bufou e com dois goles terminou o café.

- Marília? - ela insistiu

Antes que fizesse ou falasse alguma besteira se limitou a dizer.

- Estou atrasada para uma reunião. - mentiu pegando a pasta em cima da mesa.

- Eu não perguntei se você esta atrasada, eu perguntei se você está bem...

Marília pareceu não lhe escutar continuando a caminhar até a porta.

Irritada, Maraisa bateu o pé no chão e largou os braços ao lado do corpo.

- Você vai sair sem me responder? - perguntou quase gritando.

- Você faz isso todos os dias, Maraisa. - ela disse calma em sua defesa - Se você pode fugir, eu também posso. - disse antes de sair batendo a porta com força.

Do que diabos ela estava falando? Maraisa não parava de se perguntar enquanto continuava olhando a porta.

O barulho de um cantar de pneus chegou os seus ouvidos, e logo depois o barulho do motor do carro de Marília sumiu.

Ela já havia partido.

Maraisa esfregou a mão nos olhos fechados e as imagens do sonho onde ela era a atriz principal invadiram os seus pensamentos a levando a um mundo distante por alguns segundos.

Abrindo os olhos, ela se deparou com o mundo real, totalmente diferente.
Seus olhos correram a cozinha pousando sobre a louça ainda suja da noite anterior lhe trazendo mais imagens a cabeça.. dessa vez imagens reais.

Estaria Marília se referindo ao fato dela fugir de sua cama? Não, não, ela foi logo tratando de dizer a si mesma, nada de criar ilusões e histórias sem sentido, ela se advertiu.

Decidiu que precisava ocupar a cabeça, e então pegou o copo de suco e se direcionou até o pequeno jardim improvisado para tratar de suas mudas que estavam cada vez maiores e mais cheias de vida.

O passatempo tomou toda a manhã e boa parte da sua tarde. Quando se jogou no sofá de olhos fechados e com a roupa ainda suja de terra, teve a certeza que nunca na sua vida havia sentido tanta falta do trabalho, e o fato de não ter o que fazer durante todas as tardes já a estava cansando.

Horas mais tarde, Maraisa acordou com seu celular tocando.

Precisou de alguns segundos pra raciocinar que havia cochilado, e quando pulou para fora do sofá, pegou seu celular e deu de cara com o nome de Marília. Era uma mensagem.

'Terei um jantar de negócios. Já avisei Maiara que não vou me juntar a vocês no jantar. Não me espere acordada'.

'Vai chegar tão tarde assim?'

O jantar com Maiara e Mioto havia sido combinado desde antes da viagem a Paris, para ter cancelado assim de última hora, teria que ter um motivo sério. Ou ela estaria apenas inventando uma desculpa para sair com alguma outra pessoa? Maraisa ficou com medo de perguntar.

'Eu não sei.'

Maraisa ficou irritada com a frieza da mulher e então criou coragem de perguntar:

'Vai jantar com quem?'

Ela virou o celular com a tela para baixo, com medo da resposta.

'Luísa Sonza.'

Luísa Sonza? Ok, era uma mulher. Sonza? O mesmo sobrenome de Henrique. Mas Maraisa sabia que não era esposa de Henrique, ele não era casado.

'Sonza?'

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