O dia da reinauguração da empresa havia chegado. Marília estava desde cedo lá revendo os últimos detalhes. Estava lindo, ela mal podia esperar para Maraisa ver tudo.
Na entrada tinha um grande logo com os sobrenomes de Luísa e Marília, a Mendonça Sonza estava pronta para seus novos negócios. Para seus novos empregados. Para sua nova era. E Marília não podia estar mais feliz. Pela primeira vez se sentia feliz por estar ali.
Tinha certeza que seu pai estaria feliz, em qualquer lugar que ele estivesse. Finalmente ele estaria feliz.
Flashback
Connecticut, 1982
Aquele seria um dia importante para nossa família. A inauguração da Mendonça Office, a empresa que o capitão estava dando duro a tempos para conseguir abrir. Capitão era como meu pai gostava de ser chamado e eu gostava de chamá-lo assim também. Tinha que ser um ótimo capitão para não deixar nossa casa afundar. Eu tinha acabado de completar 10 anos ainda não entendia muito bem daquilo. Mas sabia que tudo um dia seria meu.
- Marília querida, está pronta? - meu pai gritava do andar de baixo.
Eu só queria ficar em casa e brincar, mas teria que ficar lá sorrindo até meu rosto doer para pessoas que eu sequer conhecia. Me olhei uma última vez no espelho e desci.
- Marília! Volte lá e troque essa roupa.- Ruth me olhava com cara de poucos amigos. Ruth, minha mãe, nunca elogiava algo vindo de mim. Não tinha nada de errado com a minha roupa mas ela simplesmente desaprovava tudo o que eu fazia.
Engoli minha vontade de chorar e subi. Realmente meu vestido estava lindo, mas resolvi obedecer.
Quando desci eles já haviam saído, eu iria com o motorista. Odiava aquilo de me deixarem sozinha, mas entendia o capitão, ninguém gostaria de desobedecer ela.
- Vamos senhorita. Como está linda! - ele disse me oferecendo o braço. Era um senhor muito gentil que trabalhava com meu pai desde que eu havia nascido.
Meu pai estava me esperando na porta enquanto minha mãe estava sabe lá Deus onde. Ela sempre dava um jeito de desaparecer nesses dias.
Ele estava feliz e realizado. Chegou a hora do discurso e ele chorou, ele chorou lembrando do quanto tinha sido difícil chegar até ali.
1988
Os anos foram passando e ele sempre dizendo que tudo aquilo ali seria meu. Que eu deveria cuidar bem. E não arruinar.
Eu estava era arruinando minha própria vida, mas não me importava muito. Nada me importava muito. Eu vivia escondida, tinha medo de me mostrar ao mundo. Ruth nunca aceitaria minha sexualidade. Seria um escândalo para a família que ela tão falsamente prezava.
Ela também escondia coisas. Eu ainda não sabia o que, mas escondia. E minha vida era um inferno. Meus amigos eram todos ricos e vazios por dentro. Pelo menos tínhamos algo em comum.
Davam festas todos os fins de semana, bebidas, drogas e tudo mais. Eu estava no meio de tudo aquilo e não me importava. Não me importava em como sairia, ou se sairia. Porque quando estava ali, podia ser eu mesma.
Eu estava apaixonada pela primeira vez, ela era uma menina linda e minha melhor amiga, Violeta.
Minha casa estava vazia naquele dia então eu e ela fomos para lá. Assistir filmes e... você sabe, namorar.
O sofá da minha casa era enorme, como tudo lá entro. Estávamos deitadas nele, assistindo um filme romântico qualquer. Não estava nem prestando atenção nele.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor Por Contrato.
Hayran KurguQuando Carla Maraisa enviou seu curriculo para o Mendonça Office, foi somente para deixar de ouvir Maiara lhe dizer "tente". Jamais pensou que pudesse ser realmente convocada para assumir o cargo de secretária pessoal da president da empresa. Assim...