Conheça Marília Mendonça. - II

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Flashback

- Marília, escute. Só escute. - ela dizia calmamente. - Eu tinha 14 anos e teve uma garota no internato. Depois, eu tinha 17 e teve outra garota em uma festa qualquer, mas essas não contam, eramos meninas e estava frio.- ela disse dando de ombros. - Então apareceu Susan. E foi como uma luz para minha escuridão. Mas eu já estava casada e logo descobri minha gravidez.

Meus olhos não conseguiram conter as lágrimas, eu chorava e soluçava era como se minha vida toda tivesse sido uma mentira.

- Você Marília, você foi a única coisa que me impediu de pegar minhas coisas e fugir. Tudo o que eu queria era fugir. Mas não podia deixar você. Nunca ouse pensar que não te amo. Nunca. Eu poderia ter feito tanto. Poderia ter sido tanto. Mas escolhi planejar festas de aniversário e sorrir. - ela chorava também. Aquela sala tinha virado um diário aberto. Pela primeira vez, estava conhecendo minha mãe.

- Não pense que me arrependo, Lila. Você é minha vida e meu tudo. Mas a Susan também. Ela é meu tudo Marília, e eu sei que você entende.

- Então porque mãe? Porque você me impediu de viver com Violeta? Porque tirou o meu tudo de mim? Porque você pode viver como uma vadia lésbica escondida com sua amante dentro da casa do seu próprio marido?- eu sentia muita raiva.

Queria respostas e queria saber porque ela podia viver o amor dela e eu não.

- Não use palavas tão sujas Marilia! - ela estava gritando agora. - Não use! Você é uma Mendonça! Não é assim que você vive. Não é. Só queria te proteger!

- Eu não vou viver como você, Ruth. Nunca. Não espere isso de mim, não espere que eu case com um homem e te dê netos perfeitos. Não espere que eu viva uma mentira e tenha filhos traumatizados também! Eu sou lésbica mãe. Lésbica. E nunca vou esconder quem eu sou!

Minha mãe esperava que eu a entendesse e aceitasse viver a vida que ela viveu, mas aquilo não era pra mim. Eu queria um amor e viver aquilo. Mas ainda tinha medo. Ainda não tinha encontrado alguém que tirasse meu fôlego como Violeta fazia.

Queria ouvir meu pai. Eu o odiava por fazer minha mãe de idiota. Mas o pobre coitado da história era ele. Agora eu odiava os dois.

Aquele dia foi tão tenso que pensei que não conseguiria passar por ele. Mas passei, graças as várias garrafas de tequila que peguei.

- Como você consegue, capitão? Como consegue viver uma mentira? - eu perguntei oferecendo um copo a ele.

- Onde pegou isso? Isso não são modos de se comportar em frente a um cavalheiro! - eu só consegui rir. E ele pegou um copo. Sentou ao meu lado e começou a desabafar.

- Ela é o amor da minha vida, sabe? Minha melhor amiga. São mais de 20 anos, Marília. - ele disse terminando com o líquido que tinha ali.

- São mais de 20 anos que ela transa com outra debaixo do seu nariz e você nem liga? - não queria ser má com ele, mas era mais forte que eu.

- Ela transa com uma, e eu com todo o resto. Qual o problema? Só não queria estar longe dela! E ela aceitou isso.

- Eu quero ir embora dessa casa.

- Mas você não vai. Essa casa é sua.

- Essa casa é cheia de segredos nojentos, pai. E eu fiz parte disso sem ser questionada se queria fazer. A Susan tirou minha mãe de você, e vocês dois tiraram a Violeta de mim. Satisfeitos? Não é o único fodido por aqui! - falei com um sorriso triste.

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