Infectada por Carla Maraisa.

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- Porra, Maraisa! Porra! - ela levantou-se gritando. - Eu achei que pudesse confiar em você...

- Você pode confiar em mim. - ... por isso eu me entreguei pra você, por isso eu me deixei te amar...

- Marília, eu... - ela a interrompeu

- Quando você ia me contar? De quem é esse bebê? - ela disse com o olhar triste.

- Marília.. Você não... - ela se interrompeu - Marília, não é o que você esta pensando! - ela repetiu

- E o que eu estou pensando, Maraisa? - ela perguntou erguendo o olhar e a encarando pela primeira vez.

- Marília me escuta. - ela pediu com a respiração entre cortada.

- Eu estou te escutando. - Marília disse apertando o maxilar.

- Certo, calma. - ela disse de novo e devagar.

- Eu estou calma. - Marília disse pausadamente.

- Certo. Eu... eu.... - ela gaguejou - eu, não posso te contar.

- Ah, você não pode me contar, Maraisa? Você jura? - ela disse parecendo irônica.

- Não. Dentro de alguns dias, juro que te explico tudo, mas agora não posso te contar.

- Até quando você pensava em esconder? Até quando pretendia me fazer de idiota?

- Como assim esconder?

- Por Deus mulher, se eu não achasse esse maldito teste no lixo, nem saberia da existência dele! - ela gritou.

- Mas... - ela não a deixou falar
- Como você pôde esconder isso de mim? - ela disse caminhando até ficar completamente de frente pra ela - Como?

- Me entenda, por favor, eu prometi. - ela disse nervosa.

- Prometeu? - ela disse com desdém - E o que você prometeu? Que não iria me contar que está grávida? Que não iria me contar que está esperando um filho que obviamente não é meu? Quando você pretendia me contar isso Maraisa? Quem é o filho da puta que você está tentando proteger?

- Esse teste não é meu Marília! Não é! - foi a vez de Maraisa gritar.

- E o que ele está fazendo na lixeira da cozinha? Por Deus...

- Marília, eu não posso te contar, eu ...- Não pode me contar? - ela repetiu brava.

- Me escute, droga!

- Eu estou te escutando! - ela disse gritando.

- Não, não está. Você está gritando... não me escutando.Você está criando mil e uma suposições nessa sua cabeça. - ela também gritou nervosa - O teste não é meu.

- Então de quem é? - Marília perguntou tentando se acalmar.

- Não posso te dizer. - ela disse com o olhar baixo - Sinto muito, mas não posso. Não agora, Lila. Por favor... Apenas confie em mim.

- Você não quer, é diferente. - ela retrucou - Mas isso também já não importa porque eu achei esse bendito teste, e amanhã mesmo nós vamos ao médico e... - ela a interrompeu.

- Céus, eu não estou grávida. Eu sou lésbica! Não estou grávida, Marília! Se tivesse você saberia até porque seria um milagre.

- Então de quem é o teste? Porque também não é meu. - ela perguntou irônica.

Maraisa suspirou enquanto o silêncio se espalhava pela sala.

Ela tinha prometido a Maiara que não contaria, mas as coisas não estavam nada bem. Haviam saído do controle mais do que qualquer um podia planejar.

Nunca havia quebrado uma promessa a Maiara, porém, Marília continuava ali a olhando com os olhos cheios de dúvidas e desespero. Ela não tinha outra saída se não contar.

- Promete que não vai contar pra ninguém?

- Pelo amor de Deus ... - ela disse revirando os olhos.

- Prometa.

- Porque? - ela disse relutando.

- Porque isso não é assunto nosso e não devemos nos intrometer, então ou você promete e me dá sua palavra, ou eu não te conto nada.

- Tudo bem... - ela disse erguendo as mãos - Eu prometo. Te dou minha palavra. Não direi nada a ninguém.

Ela suspirou lentamente assentindo. Abriu e fechou a boca duas vezes, e finalmente na terceira falou com a voz fraca.

- É da Maiara.

Marília arregalou os olhos bastante surpresa.

- Ela está grávida? - disse parecendo desconfiada - Desde quando?

- Ela descobriu há pouco tempo e me pediu para que não contasse pra ninguém, muito menos pra você.

- Por quê? - Marilia parecia ao mesmo tempo desconfiada e ofendida.

- Porque ela precisa de tempo, Marilia. Ela não quer um bebê. E Mioto é seu amigo. Ela ficou com medo de você falar algo.

Ela não soube dizer o que a expressão de Marília representava.

- Ela não vai ter o bebê?

- Eu não sei. Ela está confusa. Mas o teste, o teste é dela. Não é meu, sua idiota!

- Tem certeza? - ela disse dando mais um passo e pegando as mãos de Maraisa entre as suas, um toque comum que fez acender o corpo de ambas - Sabe, se você estiver grávida... nós podemos dar um jeito.. eu e você, nós podemos... - ela disse se enrolando com as palavras.

Maraisa ficou confusa. Marília pensava que ela estava grávida de outra pessoa, e mesmo se estivesse iria querer cuidar dela mesmo assim? Ela amava aquela mulher! Ela puxou as mãos com pressa e colocou uma de cada lado do rosto de Marília.

- Ei, olhe pra mim - Marília o fez - Não estou grávida, tudo bem? Não estou.

Ela assentiu, abrindo um pequeno sorriso e suspirou.

- Eu quase morri de nervosismo agora, Maraisa. Você quase me matou. - ela brincou enquanto ela ainda lhe acariciava as bochechas.

Ela riu alto e a abraçou, descansando a cabeça em seu ombro, enquanto as mãos de Marília lhe contornavam a cintura.

- Então, o Gustavo vai ficar maluco...- ela disse com a voz baixa.

- É vai. - Maraisa disse no mesmo tom de voz.

- Maiara ia levar jeito pra ser mãe. - ela sorriu.

- Marília, você é irritante. - ela disse divertida - Já te disse isso, não disse?

- Algumas vezes. - ela disse rindo, e puxou Maraisa para um beijo.

Ela não sabia o porque, mas tinha certeza de que em toda a sua vida nunca havia gostado tanto de beijar uma mulher.

Ela necessitava beijá-la, assim como precisava de ar. Ela amava aquela mulher e tudo o que ela era.

- Olhe para mim, Maraisa. - a morena abriu os olhos e a encarou - Eu te amo. - ela disse e Maraisa sentiu seu estômago doer de um jeito bom. - Eu estou tão apaixonada por você. Você está em mim, você é como... Você é como uma doença, é como se eu estivesse infectada por Carla Maraisa! - ela sorriu - E eu simplesmente não consigo pensar em nada, ou em ninguém. E eu não consigo dormir. Nem respirar. Não consigo comer, e eu te amo. Eu amo você o tempo todo, cada minuto de todos os dias.

Maraisa sentia o coração quase saindo pela boca, não conseguia acreditar no que ouvira. Ela amava Marília, ela amava Marília de corpo e alma.

- Eu te amo.- ela sorria e sentia lágrimas escorrendo pelo seu rosto. - Eu te amo. - ela disse espalhando beijos por todo o rosto de Marília fazendo a loira rir alto.

O paraíso era um lugar na terra. - Maraisa pensou.

E esse lugar era junto de Marília.

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