Paris.

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Quando finalmente chegaram ao aeroporto depois de um trânsito infernal, Marília se dirigiu ao balcão de informações enquanto Maraisa cuidava das malas.

Dentro de alguns minutos ela voltou e lhe entregou o passaporte.

- Tudo resolvido. - disse sorrindo - Um vôo saíra dentro de 40 minutos com destino a Paris. Já comprei nossas passagens, vamos de primeira classe.

- Ótimo. - ela limitou-se a dizer cansada.

Marília percebeu..

- Eu te avisei para dormir... - Ela fez uma careta e guardou o passaporte na bolsa.

- Não tive tempo.

- Venha. Tem uma lanchonete logo ali. Vamos tomar um café.

Café seria ótimo. Iria mantê-la acordada e isso era bom.

Dois cappuccinos com chantilly foram servidos assim que elas escolheram uma mesa perto da janela.

- Você lembra que dia é hoje? - Marília quis saber enquanto a admirava tomando seu café.

- É quarta... Por quê? - Maraisa disse arqueando uma sobrancelha.

- Por nada. - ela disse suspirando e tomando seu café.

Maraisa já a conhecia muito bem para saber que ela havia ficado frustrada, porém achou melhor continuar calada, afinal o silêncio já se tornara algo habitual entre as duas.

- Tem certeza que não sabe que dia é hoje? - Marília perguntou de novo.

- Não me diga que eu esqueci o seu aniversário... - ela começou a dizer com pesar, mas Marília a interrompeu. - Não... meu aniversário já passou. - disse dando de ombros.

Ela parou para pensar, mas a única coisa que havia para comemorar naquele dia era a última coisa que Marilia poderia estar se referindo, porque ela nunca lembraria. Por isso Maraisa não arriscou...

- Eu devia me lembrar mesmo de algo? - Marília assentiu séria.

Ela ficou paralisada, enquanto sua cabeça dava voltas procurando pela lembrança "perdida".

- Você realmente não lembra, não é mesmo? - ela disse sorrindo.

- Desculpe...

- Não tem problema. - ela disse dando de ombros - Eu lembrei apenas hoje de manhã. Talvez você lembre até o final do dia. - brincou.

- Talvez. - ela disse sorrindo. Era impossível ficar brava por muito tempo com Marília.

Maraisa terminou o café primeiro, e como esperado a deixou mais alerta.

Já a loira bebeu seu café devagar enquanto intermináveis minutos passavam.

- Vamos? - Marília disse se levantando e deixando sob a mesa dinheiro suficiente para pagar os cafés e alguma gorjeta para a garçonete.

Quando já dentro do avião, Maraisa se surpreendeu com tamanho luxo.

- Aqui. - Marília apontou para os acentos - Quer ir na janela?

- Sim. - ela disse eufórica - Se você não se importar.

- Por favor... - ela disse fazendo sinal para que Carla se sentasse.

Ela havia andado uma vez apenas de avião e tinha adorado a sensação e o friozinho na barriga, porém nunca tinha ido na janela.

Marília sentou-se ao seu lado suspirando.

- Pronta? - ela quis saber colocando o cinto.

- Sim. - Maraisa disse a imitando enquanto os restantes dos passageiros embarcavam.

O avião deu partida e o piloto se apresentou, porém Maraisa não ouvira, estava ocupada demais admirando a cidade diminuir cada vez mais e mais, até que só ficaram as nuvens...

- Lindo, não? - Marília disse inclinando-se sobre ela para ver um pouco da janela também.

- Sim. - admitiu sorrindo.

Após mais alguns minutos admirando as nuvens a tarefa acabou por se tornar monótona. Se sentando em uma postura informal no banco bastante relaxada Maraisa arriscou perguntar.

- Está chateada por ter se atrasado e não estar viajando com os caras da França?

- Não. - ela disse sorrindo - Na verdade foi até bom. Se eles estivem aqui agora estaríamos falando sobre negócios. - ela fez uma careta.

- Pra você é importante fechar esse negócio não é? - perguntou deitando a cabeça em seu banco.

- Sim. Paris é o centro financeiro da França, bem como um dos principais centros culturais e científicos, qualquer negócio com as empresas de lá, traz bastante lucro. Por isso essa urgência em fechar com eles. - explicou rapidamente.

- Hum. - ela murmurou com os olhos quase fechando.

- Durma, Maraisa. - ela disse percebendo seu cansaço - Prometo que te acordo quando chegarmos.

- Não estou com sono. - ela mentiu.

- Você realmente não sabe mentir. - Marília edisse divertida.

Ela bocejou sorrindo e fechou os olhos por apenas um minuto...

- Ei querida, chegamos. - Marília disse lhe dando vários beijos na bochecha.

Só ali Maraisa percebeu que havia dormido o vôo inteiro. Precisou de cinco segundos para realmente raciocinar e abrir os olhos.

- O que está fazendo? - ela perguntou se endireitando no acento enquanto ela lhe dava outro beijo na bochecha.

- Estou acordando minha linda esposa como ela merece. - Marília disse parecendo achar divertido.

- Eu já acordei. - ela disse totalmente envergonhada, alisando os cabelos quando ela ameaçou beijá-la de novo. Marília apenas riu.

- Vamos? Ainda temos que pegar nossas malas.

Ela assentiu sem ao menos ouvir o que Marília tinha dito. Ainda custava a acreditar que tinha dormido tanto.

- Eu dormi o vôo inteirinho? - ela perguntou baixinho.

- Sim, - ela riu - nem a turbulência que passamos te acordou.

- Tivemos uma turbulência? - ela perguntou visivelmente nervosa.

- Sim. Talvez tenha sido bom você dormir. Não adiantaria muito ficar apavorada.

- Eu estava mesmo com sono... - ela disse ainda mais baixo - desculpe.

- Eu disse para você dormir. - ela disse enquanto saiam do avião - E foi bom, descobri coisas... interessantes.

- Tipo? - ela perguntou com súbito interesse a seguindo pelo saguão do aeroporto.

- Que você faz biquinho quando dorme. E meio que, ronca um pouquinho. - Marília disse fazendo seu sorriso alargar-se mais e Maraisa corou.

- Não faço. E muito menos ronco. - ela rebateu lhe dando um tapa no ombro.

- Faz sim. - ela disse parando em sua frente. - É irresistível te olhar dormindo e não querer te beijar. - disse de repente em um tom sedutor.

- Pare com isso, estamos bem no meio de um aeroporto. - ela ralhou, porém sua ordem pareceu descrente até mesmo para os seus próprios ouvidos.

Marília pareceu notar, pois riu e a abraçou mediante aos protestos.

- Já lembrou de que dia é hoje? - ela perguntou em seu ouvido.

- Não. - ela admitiu arrepiada - Quando você vai me falar?

Marília sorriu e entrelaçou seus dedos com os de Maraisa, voltando a caminhar.

- Quem sabe mais tarde. - Marília disse sorrindo, e algo na voz dela soou como uma armadilha para Carla.

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