Mendonça Sonza.

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'Sonza?'

Ela estava confusa.

'Irmã de Henrique. Irá se juntar a nós na empresa. Até mais tarde, Maraisa.'

Luísa Sonza era, assim como Marília, uma pessoa muito influente em Seattle. E se juntaria a Mendonça Office, para trazer mais lucros para a empresa.

Estavam pensando em fazer uma fusão das duas empresas, formando assim a 'Mendonça Sonza'. Ideia de Henrique, mas nada estava decidido ainda.

Eram oito horas da noite e Marília chegara ao restaurante onde haviam marcado. Pegou uma mesa reservada ao fundo e sentou a espera de Luísa. Dez minutos depois, a loira de olhos claros chegou.

- Marília Mendonça. - ela disse sorrindo sentando-se em frente a outra loira.

- Luísa Sonza. - Marília disse estendendo a mão para cumprimentá-la. - É um prazer conhecê-la.

- O prazer é todo meu! Finalmente vou conhecer a loira que meu irmão tanto fala.

Ambas riram.

- Henrique é uma babão mesmo. - Marília sorriu olhando o cardápio.

Um babão com idéias ótimas, Luísa pensou. A fusão das empresas traria benefícios para as duas. Duas empresas diferentes. Dois nomes importantes. Mais reconhecimento. Mais acionistas. Mais dinheiro. Seria um grande evento no mundo dos negócios. Qualquer um gostaria de ter seu nome envolvido com a Mendonça Sonza.

Também estavam cientes da burocracia que teriam de enfrentar. Eram pilhas e pilhas de papeis, que Marília já estava pensando em jogar em cima de Henrique ou Gustavo, e depois ela apenas assinaria.

O jantar ocorreu tranquilamente, Luísa era uma boa companhia. Divertida e séria. Seria bom tê-la como sócia. Como Henrique não tinha as apresentado antes?

Elas nem notaram o tempo passar, Marília só se deu conta de que haviam se passado horas, quando o garçom veio, pedindo desculpas, e educadamente pedindo que elas se retirassem.

O restaurante estava fechando. Ambas coraram. Depois riram. O garçom fechou a conta e elas se retiraram, direto ao estacionamento.

- Será um prazer fazer negócios com você, Luísa Sonza. - Marília disse séria enquanto procurava as chaves do carro na bolsa. E logo em seguida parando para encará-la.

- Tenho certeza que nos daremos bem, Marília. Estarei na empresa amanhã cedo, para tratarmos dos papeis.

O passado de Luísa tinha sido conturbado. Eram coisas que Marília sabia mais ou menos devido ao grande tempo de amizade com Henrique.

Sabia que ela tinha problemas com bebida e drogas, mas agora podia notar que não restava mais nada da antiga vida na mulher a sua frente. Ela estava limpa. Não havia colocado um pingo de bebida alcoólica na boca, desde que chegou ao restaurante.

- Boa noite. - Luísa disse, dando um beijo no rosto de Marília antes de entrar no carro.

- Boa noite.- a loira disse retribuindo o beijo também entrando em seu carro.

Marília esperou a outra mulher sair e logo arrancou com o carro. Não tinha noção de que horas eram, mas sabia que era bem tarde.

Não estava nem um pouco animada em voltar para sua casa naquela noite. As atitudes de Maraisa estavam a deixando bastante desapontada. Ela queria falar sobre os seus sentimentos mas não sabia se tinha abertura suficiente para isso.

Não aguentava mais acordar sozinha depois de boas horas de sexo. Ela era só isso para Maraisa? Só sexo e depois cada uma na sua cama? Vazias e frias?

Ela chegara a pensar que Cara era diferente. Ela sabia que era diferente, diferente de qualquer mulher que tenha passado por sua vida antes. Apenas queria que ela ficasse.
Mas se ela não podia ficar a noite toda, como poderia ficar a vida toda?

Tudo dentro de Marília era uma confusão. A relação com Maraisa. O jantar com a Sonza. A empresa. Tudo. Ela precisaria de boas e relaxantes horas de sono, se Maraisa estivesse acordada daria qualquer desculpa para subir e dormir. Tudo o que não precisavam era discutir. Mas tinha certeza que Maraisa não deixaria tudo passar em branco.

Ela iria perguntar do jantar e ficaria com ciúmes. Elas brigariam e se beijariam até os corpos ficarem pegando fogo. E ela acordaria sozinha no dia seguinte. Era como um jogo, era como brincar com fogo. Bom, mas provavelmente alguém sairia bem queimada.
Era isso.

Maraisa estava aflita esperando Marília chegar. Ela não queria entrar em pânico como da outra vez. Afinal, sabia onde a loira estava. Jantando, com a irmã de Henrique. A tal Luísa que havia surgido do nada naquele dia.

Porque diabos ninguém nunca havia tocado no nome daquela mulher com ela? Pelo visto agora teria que ouví-lo muito.

Pegou o celular e checou as horas. Quase meia noite e nada de Marília. Respondeu algumas mensagens. E jurou pra si mesma que não sairia daquele sofá até ela chegar.

Ouviu o barulho do carro e logo em seguida a porta sendo aberta. Marília tinha uma expressão serena no rosto, diferente do que ela havia visto pela manhã. Pode até jurar que havia visto um sorrisinho.

- Oi. - ela disse largando as chaves na mesa de centro da grande sala.

- Oi. - Maraisa limitou-se a dizer. Estava lutando para não perguntar a ela como havia sido o jantar. Não queria demonstrar que estava com ciúmes... Mal sabia ela que não demonstrar estava sendo o único problema entre elas ultimamente.

Marília sentou no sofá e tirou os sapatos. Sem encarar a esposa suspirou e levantou indo em direção a escada. Subiu sem olhar para trás deixando uma Maraisa cheia de dúvidas deitada no sofá.

A única certeza que ela tinha naquela noite era que, seria a primeira noite desde que viajaram a Paris, que não transariam.

Ela havia acostumado rápido demais com aquela rotina. Alguma coisa estava errada. Alguma coisa não se encaixava e ela só queria saber o que era.

Mas o silêncio, o silêncio era tudo o que ela ouvia. O silêncio que na verdade era preenchido por seus pensamentos e paranóias. Só queria voltar algumas semanas enquanto estava no paraíso junto de Marília.

Mas naquela noite ela dormiria realmente sozinha e brigada com Marília.

Mas elas ficariam bem.

Não ficariam?

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