" o que te assustou pra fugir do orfanato? "
Aquela pergunta continuou sem resposta. Lucas olhou ao redor, coçou a nuca e mudou de assunto.
– eu vou pegar um copo de água pra você, meu bem!– ele sorriu pra mim e se levantou.
Claro que o copo de água era só uma desculpinha pra respirar depois daquela conversa difícil. Balancei a cabeça como se agradecesse e esperei ele sair do quarto, assim que isso aconteceu, me joguei na cama e encarei o teto.
Sério, por que as coisas são tão complicadas? Não deveria ter feito aquela pergunta? Eu só queria ajudar.O mais estranho disso tudo era que eu não conseguia fazer nada pra ajudar, o meu máximo era acolher ele, mas... Acolher ele sem ter muitas explicações da vida dele. Isso me enlouquece.
Sem cerimônia ou sem batidas na porta, ele atravessou a mesma, com as mãos na cintura e com uma expressão falsa de tranquilidade.
Você não sabe que eu te conheço o suficiente pra saber o que você está sentindo?
Lucas sentou do meu lado e fez um gesto confortante: colocar a mão na minha perna e fazer um carinho calmo.
Encarei seu rosto no canto do olho. Será que ele me achava burra? Segurei um riso irônico quando vi que ele esqueceu completamente do "motivo" de ter saído do quarto.
– Lucas?– falei, mansa.
Ele virou a cabeça pra mim e mirou seus olhos azul-piscina pra minha boca.
– sim, amor?– soou quase como um ronronado de gato.
– por acaso a água que você ofereceu se perdeu no caminho?– dei um sorriso de canto.
Ele levemente arqueou as sobrancelhas. Ele esqueceu completamente.
– oh... A sua água? Bom, eu achei que não precisasse mais dela.– deu-me um risinho curto.
Resmunguei como se concordasse e fechei os olhos novamente. Não demorou muito pra ele rolar pra mais perto e envolver minha cintura com os seus braços quentes.
– mas se você ainda quiser, eu posso ir buscar...– disse com receio de eu ter ficado chateada.
– não precisa, tudo bem.– rolei pra perto dele também e coloquei a cabeça no seu peito. – você pode só ficar aqui e eu te perdoo...
Cara... O cheiro dele era tão bom. Soava como uma padaria que acabou de fazer pãos quentinhos, como a terra molhada, como o amaciante na roupa limpa.. soava tão bem.
Com esse pensamento e com as bochechas coradas, me afundei na pele do seu peito e fechei os olhos.
Vai ficar tudo bem desde que estejamos juntos, certo?...
Me remexi na cama de um lado pro outro, até que finalmente abri os olhos. Lucas não estava mais lá.
Por quanto tempo eu dormi?
Rolei até o canto da cama e alcancei o criado-mudo, peguei meu celular. Eram 22:21. Não tive energia pra ficar de pé, além disso, onde o Lucas se meteu?
Continuei mexendo no celular, revirando posts pela internet, e por mais que as horas se passassem rápido, ele não chegava. Merda, ele não avisou que ia dormir fora ou coisa do tipo...
Deixei o celular no lugar que peguei, e segurei uma caixinha de veludo com a mão esquerda. Gosto muito de objetos de veludo. Coloquei a minha cabeça pra fora da cama e fechei os olhos.
– o que é isso na sua mão?– uma voz... Familiar?
Admito que pulei da cama e soltei um grito logo em seguida, até conseguir ver perfeitamente o rosto da mulher maluca que tinha invadido meu quarto.
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Meu melhor amigo imaginario
Fantasi"As pessoas são passageiras, e passam por nossas vidas. Ciclos se encerram, e isso dói. Mas é o certo a ser feito." É isso que as pessoas normalmente dizem por aí. São palavras que aguçam a minha curiosidade. Pois, eu nunca senti essa dor da perda...