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O garupa da moto tira uma arma da frente dele e atira no meu carro. O tiro aceita no vidro da frente na parte do passageiro trincado tudo. Entro em desespero e vejo que acertou passarinho

— atirar caralho — montanha grita

— acelera doutora — jv grita ao mesmo tempo

— passarinho?— tento olhar mas estou tremendo tanto que vou bater esse carro, e daqui é morte ou cadeia

Senhor Jesus me ajuda!

Corto os carros, passo pelo primeiro motoqueiro e alguém acerta um tiro no piloto, já que vejo pelo retrovisor a moto no chão. Mas na frente tem outra moto e eu faço de tudo pra não levar um tiro. Jogo pro pista de acostamento saindo da mira do outro garupa da moto, mas logo na frente tem outra moto, acelero voltando pra pista e ele me segue. Como estou longe e os meninos estão atirando pra trás consigo por um milagre prever o movimento do piloto da moto e desvio a tempo dele atira na direção do motorista

— Ahhhhh minha mão!— ouço jv grita de dor.

Não tenho tempo pra ver acelero pegando o acostamento de novo e moto me fecha. Não penso em meus atos nesse momento, e por instinto eu jogo o carro encima deles fazendo eles bater em outro carro, com isso ganho mais uma distância deles.

A porra da vila do João nunca ficou tão distante. Parece que nunca chega. Olho pra passarinho e vejo apagado

— puta que pariu passarinho— coloco a mão na jugular dele e vejo que ainda tem pulso. Bato no rosto dele pra ele acordar— acorda passarinho, acorda vai .

Ele levantar a cabeça e eu consigo respirar novamente, mas não por muito tempo já que vejo pelo retrovisor uma moto em alta velocidade na minha traseira

— segura! — Grito e piso no freio. a moto bate com tudo na minha traseira, passarinho bate a cabeça e desmaia novamente e vejo um corpo voando pelo vidro da frente.

Sem tempo e nem remorsio, volto acelerar o carro desviando do corpo pegando o acesso pra vila do João. Na velocidade que entrei é a mesma que passo pela barricada, os meninos da atividade já estão em seus lugares esperando por noix. Pela graça de Deus a favela não está tão movimentada e eu consigo andar um pouco mais rápido aqui dentro, mas a casa de BM é no cu dessa favela e é preciso dar voltas e voltas até chegar lá.

Paro o carro no meio da rua de qualquer jeito saindo descompensada. Tiro passarinho de dentro do carro colocando ele deitado no meio da rua. Olho pra jv vejo a mão dele ensanguentada

— pressiona isso montanha — tiro minha blusa e jogo pra ele. Por sorte estou de top e não sutiã

Rasgo a camisa de  passarinho vejo o projétil alojado no ombro. Alguém trás minha maleta e eu agradeço. Jogo uma quantidade generosa de álcool no ferimento, retiro o projétil e o sangue jorra encima de mim. Encontro com muita dificuldade hemorragia e estanco o sangue suturando a ferida.

Olho pro lado vejo os seguranças da casa olhando pra gente

— leva ele!— peço e levanto do chão indo até jv

—Amanda?— ouço a voz de BM  e vejo descendo da moto

Desvio meu caminho e vou até ele, o abraço. Ele me aperta da mesma forma que eu o aperto. Afasta meu rosto me beija certificando que está tudo bem

— Desculpa BM eu...— falo desesperada 

— ei.. tá tudo bem— me aperta nos seus braços — se machucou?

— não, só passarinho... Eles acharam que era eu no banco do passageiro — falo vendo BM tirar a blusa

— toma, veste! Tem muito homem olha pó que é meu — só ele mesmo pra fazer graça uma hora dessa. Coloco a blusa sem reclamar. O cheiro dele na camisa é tão forte que me acalma

Dono do Morro (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora