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Amanda

Quando ouvi gritarem que acharam eles eu não acreditei... nem mesmo quando vi o helicóptero. Demorei alguns minutos pra voltar a realidade.

Mesmo vendo o helicóptero descer com o negócio pendurado e formar uma aglomeração ao redor, eu não tive coragem de levantar da areia.

Eu estava em choque, em pânico. Pq não sabia quem eu iria encontrar, como eu iria encontrar. Não tive coragem

Eu só fui até lá quando me informaram que BM estava me chamando. Com muito medo eu fui. O medo de não achar meus filhos me consumiu, o medo de só terem achado um deles me deixa desnorteada, o medo de saber quem estava lá não deixou o alívio e nem a alegria brotar em meu coração

Quando cheguei e encontrei os três juntos na areia, eu pudi solta a respiração por um momento. Mas Bernardo precisa de mim .Até pq a tia... Não acredito...

Entro na ambulância com Rafinha no meu colo miando igual a gato

Na ambulância colocam uma manta encima de Rafinha enquanto ajudo a retirar a roupa dela sem perde Bernardo de vista. Vejo meu filho que tá com a boquinha roxa, mais branco que o normal e o corpinho tremendo. Olho pro monitor e vejo que a frequência cardíaca dele baixa. Ele tá hipotermico, com dificuldade pra respirar

- o que falta pra colocar ele no oxigênio? - eu falo pro médico que está me ajudando com Rainha

- senhora, estão cuidando dele. Precisamos aquecer ela tbm

- deixa que eu faço isso doutor! O estado dela é mais estável que do meu filho... Por favor, coloca meu filho no oxigênio antes que ele de uma parada cardiorrespiratória- ele olha pra mim - sou médica tbm

Ele concorda e vai até Bernardo. Com muito cuidado tiro o restante da roupinha

- pronto minha filha... Passou meu amor... Mamãe tá aqui cm vcs
- beijo a cabeça dela e enrolo a manta e o laminado nela

Não sei quanto tempo eles ficaram no mar, e muito menos como conseguiram ficar esse tempo todo, mas agradeço a Deus por trazê-los vivos.

Rafinha provavelmente está com queimaduras de 1° no seu rostinho. Os olhos dela está tão vermelho que ela está com dificuldade de abrir, o chorinho dela tá tão fraquinho que imagino o quanto ela chorou.

Aperto ela em meu peito enquanto seguro a mãozinha de Bernardo. Fecho meus olhos preocupada cm BM, triste pela tia, grata pelos meus filhos, com ódio de quem fez isso

Chegamos no hospital, os paramédicos descem a maca onde Bernardo está, tiram rafinha do meus braços e eu vou atrás

- a senhora não pode entrar!- alguém para na minha frente me impedindo

- Eu sou médica!- grito

- pode até ser doutora, mas agora vc é a mãe e responsável por eles .. preciso da senhora aqui por favor

- Não! Eu vou entrar, eles são menores de idade

- Amanda - ouço doutora Carla

- Doutora

- irei vê-los, se acalma... Seu marido precisa de vc lá tbm

- ele tá bem?

- vai lá vê ele que eu fico com as crianças

- obrigada doutora, eu vou voltar

- estarei cm eles

Saio correndo atravessando o hospital. Lá me deixaram entrar sem problema. Entro a tempo de vê BM sendo levado na maca

Dono do Morro (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora