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Já anoiteceu e eu vou passar pela última vez no quarto de Malvadão dessa vez a tia Analu e baiano estão junto cm Roberta conversando enquanto verifico ele antes de ir embora.

Não dou uma palavra, principalmente por ter esse monte de gente no quarto com ele entubado com risco de contrair alguma infecção. Como Roberta mesma disse, que sempre estou tentando ser superior as pessoas, ela sabe o que faz. Fica pelo risco dela já que ela é a responsável por ele, a merda que der leva ele pro hospital, minha parte eu já fiz

Volto pra sala e vejo os dois últimos meninos com o medicamento no braço esperando acabar o soro. Sento no cantinho sentindo o peso do dia nas minhas pernas e nas minhas costas. Respiro fundo criando forças e termino a prescrição

Enquanto retiro o acesso de um o outro já acaba, dou a receita pra eles e peço pra me manter informada antes de liberar. Estou guardando minhas coisas quando dona Rose chega

- vamos ?

- sim!- falo pegando a única bolsa que irei levar cmg. Confiro a blusa que estou e vejo que tem marcas de sangue, então tiro ela rapidinho colocando do lado avesso- bora? Tô mortinha

- eu imagino, só o que eu fiz já me deixou cansada

- mas fez tudo direitinho, gostei de vê

- não sei não minha filha, não tenho coração pá isso, eles pediam pá parar eu não aguentava e parava... Tomara que isso não prejudique eles de alguma forma- ela fala enquanto descemos as escadas

- acredito que não, mas caso aconteça o antiinflamatório vai resolver, se não eles teram que ir ao hospital

- que situação né minha filha?!

- não é!- digo rindo saindo do portão - onde fui me infurna dona Rose?

- verdade...

- qual foi doutora?! Que que passa um rádio pro patrão, pá manda alguém vim te buscar?

-nao precisa não... Obrigada - saio e vou andando cm a tia conversando sobre o que ela viu hj

- oh doutora? - o menino do movimento me chama e eu paro pra falar cm ele- obrigado aí por ajudar os parceiros

- tudo bem- falo totalmente sem graça - vc se feriu?

- ih doutora, o cara lá de cima me livrou dessa tá ligado

- graças a Deus por isso então neh?! - falo querendo encerrar o assunto- vou indo nessa

- quer um bonde até tua casa?- minha casa? Casa de BM isso sim... Fico de responder mas prefiro deixar pra lá. Não vou ganhar nada cm isso mesmo

- não obrigada... Vou andando com dona Rose

- tem certeza? A doutora deve tá cansadona é uma caminhada até lá em

- não meu filho- dona Rose se intrometi - noix vamos andando obrigada viu

Ela me puxa e eu agradeço por isso. Parece que esse povo da favela nunca me viu, por onde eu passo ou tem alguém olhando ou cochichando. Sei que estou cm a blusa do avesso mas não justifica os cochichos alheio. Por algum momento me arrependo de não ter pego uma carona ou deixado ligar pra BM.

- e o Malvadão... Ele vai ficar lá?

- por enquanto sim- falo sentindo um nó na minha garganta - deixei tudo prescrito pra Roberta medicar ele. ela é técnica de enfermagem, sabe o que fazer... Qualquer intercorrência acredito que vai me ligar

- aconteceu alguma coisa? Senti um clima estranho...- ela fala mais eu prefiro não falar - possa ser que seja só uma impressão minha

- na verdade dona Rose, não é. Realmente aconteceu, mas eu sou a única que está por fora desse assunto- falo sentindo um cansaço só de pensar que tenho uma longa discussão cm BM ainda - alguma coisa aconteceu até então pelo o que eu entendi, foi entre BM, Olivia, Roberta e Malvadão

Dono do Morro (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora