CAPÍTULO IV

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O restante daquele dia também se deu em uma monotonia taciturna em respeito ao luto pelo antigo rei. A rainha e o príncipe optaram por terem suas refeições nos próprios aposentos e Lisbela jamais se arriscaria em banquetear na companhia de todos aqueles nobres desconhecidos quando não fosse estritamente necessário. Seu almoço, tão farto que ela poderia jurar ter sido planejado para servir uma família inteira, contou com a única companhia de Pimpom, que comeu naquele dia mais carne do que qualquer outra pessoa na cidade que seguia seu curso habitual abaixo da fortaleza.

Era bom ter um tempo para descansar, e Lisbela entendeu perfeitamente aquilo quando mergulhou em um sono profundo pela tarde, que só foi interrompido por um momento durante a noite, quando as criadas serviram-lhe o jantar, e então prolongou-se outra vez por toda a madrugada.

Romeo, por sua vez, não conseguira repousar por nem um minuto sequer. Embora estivesse sozinho, tendo seu silêncio como única companhia durante todo o dia, sua mente era incapaz de deixá-lo em paz.

O reino, as novas responsabilidades, a ameaça de uma guerra e um matrimônio.

Todos aqueles assuntos o atormentavam a cada vez que fechava os olhos, em uma tortura silenciosa que fazia sua cabeça latejar - especialmente pela noite, quando o último tópico se apossou de seus pensamentos e as repreensões contra seu subsconsciente pareciam inefetivas.

Em poucos dias, se casaria com Lisbela. Uma mulher que mal conhecia, mas que em seus curtos diálogos havia se mostrado atrevida o suficiente para atormentá-lo a todo tempo.

Era absolutamente intransigente: da forma que havia entrado em sua vida à maneira que o respondia sem qualquer sinal de fraqueza diante da sua imponência.

Aquilo não era certo.

E ela, de fato, parecia desconcertá-lo mesmo quando não fazia nada além de existir.

Seria desafiador tê-la como esposa e lidar com todas aquelas questões enquanto sua companhia estivesse cada vez mais presente. E seria, sem dúvidas, intrigante precisar dividir com ela o seu leito nos próximos quarenta dias.

Lisbela já havia acordado quando uma única criada entrou em seus aposentos, diferente do último dia

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Lisbela já havia acordado quando uma única criada entrou em seus aposentos, diferente do último dia. Não era a sua criada pessoal - era também mais jovem que todas as outras e tinha a feição mais amigável, para o seu alívio.

Nos braços, além das roupas de baixo que certamente lhe seriam concedidas, levava também um comprido tecido que deduziu ser outro vestido.

— Esse vestido...? — indagou Lisbela, apontando para a peça de roupa. Conhecia bem cada vestido do acervo concedido pela Rainha e aquele não era um deles.

— O príncipe também lhe enviou — esclareceu a menina, enquanto o depositava sobre uma poltrona. — Vossa Alteza é muito sortuda. O príncipe parece ser um homem muito gentil e parece ser generoso ao presenteá-la... Joias, vestidos, até mesmo um cachorro...

A ascensão da Rainha | Livro I | Trilogia Declarações de Amor e GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora