Capítulo XVIII

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A busca por Lisbela nas estradas mais próximas da cidade se prolongou até o pôr-do-Sol - contra a vontade do próprio Rei, que insistia em continuar aquela procura mesmo que fosse necessário cavalgar até Jasgônia de forma ininterrupta pelos próximos meses.

Romeo e seus homens vasculharam cada milímetro dos bosques, trilhas e estalagens, mas nem mesmo uma única pista da Rainha foi encontrada.

E foi só durante o anoitecer que Sir Jorian convenceu-lhe de que não havia mais nada a ser feito pela Rainha naquele dia e o mais prudente a se fazer naquelas circunstâncias era retornar à capital e coordenar as movimentações que a guerra exigia.

Quando finalmente chegaram à fortaleza, já passava da meia-noite. E, mesmo com o horário avançado, o alvoroço no castelo parecia não ter fim. Em cada saguão, ladies e lordes se aglomeravam em rodas de conversas escandalosas, os criados transitavam em um ritmo frenético de um cômodo ao outro e haviam soldados misturados à nobreza até mesmo em seus aposentos privados.

Não havia mais qualquer sinal de organização, e Romeo preferiu ignorar cada um ali em prol da sua escassa sanidade.

Embora tivesse se enclausurado em seus aposentos durante toda a madrugada, recusando-se até mesmo a receber a própria mãe, o Rei não conseguiu dormir.

Como poderia fechar os olhos em paz se o vestido de Lisbela ainda estava jogado no chão ao lado da cama, fazendo questão de impregnar todo o quarto com seu cheiro fresco de rosas e jasmim?

Romeo estava destruído - aquela era a verdade. E, se não fosse pela vaga esperança de que ainda poderia reconquistar Lisbela e trazê-la de volta para casa, o rei podia jurar que sua vida acabaria ali mesmo. 

— Silêncio! — bradou o Rei, tão logo cruzou a porta que dava acesso ao Salão Magno do castelo, onde se reuniam todos os grandes lordes da corte e também os protetores de terras mais próximos, que receberam a carta do anúncio da guerra e se encamin...

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— Silêncio! — bradou o Rei, tão logo cruzou a porta que dava acesso ao Salão Magno do castelo, onde se reuniam todos os grandes lordes da corte e também os protetores de terras mais próximos, que receberam a carta do anúncio da guerra e se encaminharam imediatamente à capital. — A assembleia de guerra está aberta. Falarei das circunstâncias e, então, os senhores terão suas palavras quando for adequado. O reino permanece de pé e eu exijo o mínimo de organização.

Era ainda cedo: a aurora havia há pouco rompido o céu. Mas não havia tempo algum a ser perdido e Romeo insistiu que todos estivessem presentes ali no primeiro raio de Sol.

Nenhum dos lordes ousou se contrapor à Romeo. O Rei acomodou-se na cadeira mais alta, à ponta da mesa, e coçou a garganta antes de prosseguir:

— Como todos vocês sabem, estamos em guerra contra o maldito reino de Jasgônia — anunciou, levantando as sobrancelhas em uma expressão de consternação. — E eles têm a Rainha como refém — completou, e qualquer um ali pôde notar suas íris escurecerem de imediato. Romeo engoliu em seco, e prosseguiu: — Esta é uma situação um pouco conturbada, senhores, e não peço que nenhum de vocês apoie as nossas atitudes. Mas imploro que compreendam. Tudo o que a Coroa fez até então, foi em prol da manutenção da soberania e da paz em Verdela. Minha esposa não é a princesa de Jasgônia.

A ascensão da Rainha | Livro I | Trilogia Declarações de Amor e GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora