E quando, enfim, estavam a sós, não restou nada ali além do mais puro amor.
Não havia guerra. Não havia política. Não havia reino, tampouco reis. Eram dois amantes. Duas almas desesperadas por se unirem e dois corações que saltavam para fora do peito em cada beijo que trocavam.
Romeo apertava Lisbela com força e ternura, e não demorou até que se livrasse do vestido que cobria solitariamente o corpo da amada.
Aos seus olhos, ela era a mais linda das criaturas.
Cada curva de sua silhueta era um convite claro e irrecusável para a perdição do rei e ele não se preocupava em resistir.
Romeo a desejava. A cada instante, em cada detalhe, com todo o seu corpo.
Romeo pertencia a ela.
Lisbela era seu início, seu meio e seu fim.
Sua razão de existência, o sopro da vida em seus pulmões, a sanidade que preservava a sua integridade.
Não havia mais qualquer perspectiva de vida sem a sua presença. Não havia outra possibilidade se não amá-la até o fim dos tempos.
E Lisbela concordava com tudo aquilo.
Cada batida do seu coração era motivada por ele. Cada suspiro que dava era dedicado a Romeo. Sua vida, sua segurança e o seu mais puro amor também eram posses do seu tão amado Romeo.
Naquela noite, Romeo e Lisbela se amaram como nunca.
O rei a tomou com devoção, em uma entrega completa que fez Lisbela perder todo o controle de si.
Era forte, intenso e verdadeiro.
E depois de cinco longas vezes, quando não restava mais qualquer capacidade física para que continuassem naquele embate de paixões, os dois se abraçaram e se permitiram, por um instante, contemplar a beleza do universo que havia permitido que o mais puro dos sentimentos se manifestasse de forma tão esplendorosa.
Algumas horas antes, naquela mesma noite, Verdela havia, oficialmente, desmoronado.
Nenhuma espada foi arrancada de sua bainha, nenhum grande exército invadiu a cidade, os sinos não tocaram e os mensageiros não foram informados de nenhum grande evento.
Verdela caiu em ruína silenciosamente, nas entrelinhas de palavras que jamais deveriam ter sido ditas.
A Rainha invadiu o quarto de hóspedes em uma fração de segundos, empurrando bruscamente a porta de madeira contra a parede. O conselheiro, que cochilava sobre a cadeira da escrivaninha, despertou em um pulo.
— Majestade — levantou-se de imediato, prestando uma longa vênia à governante. — Posso lhe perguntar qual é o motivo de tamanho transtorno?
— A princesa... — Elara levantou os olhos até encontrar com os do conselheiro. Suas orbes avermelhadas não transmitiam nada além de... dor. Aquela era a figura mais representativa da dor que o sábio havia visto. Suas pálpebras tremiam enquanto delas caíam lágrimas em sequência. Os dentes apertavam-se uns contra os outros dentro da boca a ponto de fazerem a mandíbula oscilar em pura agonia. Não mais parecia uma Rainha. Parecia um anjo caído. — Ela não é Lenora — concluiu, com uma voz tão ácida que parecia cortar os ouvidos daquele homem. Era como se pudesse transmitir toda a sua dor em seu timbre. — Ela nunca foi Lenora, como suspeitávamos, Deus do céu... E, se isso é verdade... — Elara subiu os olhos até a luz que cortava o quarto pela janela, semicerrando-os quando uma segunda pontada de dor cortou o seu peito em um milhão de pedaços. — S-se isso é verdade, então também é verdade que Lenora está morta.
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A ascensão da Rainha | Livro I | Trilogia Declarações de Amor e Guerra
RomanceDesde a última grande guerra envolvendo a Península Lesíada, os reinos de Jasgônia e Verdela estreitaram as suas relações e decidiram selar a aliança entre as duas maiores monarquias da região em um casamento entre Lenora, princesa das Terras Fértei...