CAPÍTULO III

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Do lado de fora, na torre principal do castelo - e a mais alta de todas - os sinos ressonaram a primeira badalada. Em Verdela, os anúncios do reino seguiam um tipo de codificação sonora, cuja simbologia qualquer habitante sabia desde o nascimento.

Uma badalada significava a chegada de uma criança real. Era de conhecimento de todos que a rainha não estava mais em sua idade fértil.

O sino tocou outra vez, fazendo as construções de pedras tremularem em conjunto à batida do gongo. Duas batidas significavam a convocação de uma assembleia. Aquele era um evento praticamente recluso aos tempos de guerra, e era óbvio que não havia nenhum conflito oficial declarado.

O sino bateu mais uma vez. Uma velha, que observava o castelo pela janela, fechou os olhos e começou a orar. Três batidas simbolizavam um casamento, mas nenhum preparativo havia sido feito nos últimos dias, e, dali em diante, nenhum dos significados eram sinais de bonança.

Mais uma vez, o barulho grave fez-se ouvir pela cidade. E, depois dele, não houve mais nenhum.

Quatro batidas: a morte de um monarca.

Do alto da torre, Constance encarava todo o vilarejo aos seus pés. Em alguns pontos, conseguia notar as lamparinas se acenderem no meio da noite, provavelmente oriundas de plebeus curiosos que buscavam nos arredores explicações para o falecimento repentino do rei.

No entanto, aquele evento mal teve tempo de ser comentado e as badaladas iniciaram-se novamente, até completar três vibrações completas do instrumento. Um matrimônio.

Dentro de seus aposentos, o príncipe bebeu todo o cálice de vinho em um único gole.

Não havia mais como fugir do iminente destino.

Se casaria com a plebeia e seguiria o plano escolhido pela mãe e confirmado por Deus.

Talvez aquela fosse a maior de suas abdicações como o Rei de Verdela.

A Lua ocupava a metade da abóbada celeste no céu noturno e nenhum conflito havia sido declarado — exceto pela promessa de Romeo em infernizar cada segundo da vida na corte da jovem que o havia desafiado

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A Lua ocupava a metade da abóbada celeste no céu noturno e nenhum conflito havia sido declarado — exceto pela promessa de Romeo em infernizar cada segundo da vida na corte da jovem que o havia desafiado.

Aquilo significava que o plano de Constance havia sido bem sucedido.

Depois de certificar-se que Lisbela estava secretamente instalada no castelo, o mesmo cocheiro que havia sido subornado mais cedo com um castelo nas terras do Leste e uma recompensa de quinhentos mil verdelianos teve sua proposta estendida a um título na côrte e uma esposa da nobreza quando simulou a chegada de uma carruagem da Casa de Jasgônia no castelo.

Constance fez questão de dispersar todos dali e a noite favoreceu os seus planos ao fornecer a desculpa perfeita para a ausência da princesa. Era tarde demais para se apresentar a quem quer que fosse e certamente ninguém questionaria sobre não tê-la visto em sua chegada.

A ascensão da Rainha | Livro I | Trilogia Declarações de Amor e GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora