CAPÍTULO XVIII

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— Rosa ou azul, querida? O que você acha?

— Rosa, majestade. É uma cor que combina muito bem com a senhorita — sugeriu a criada, que sustentava os dois vestidos — um em cada braço — enquanto Lisbela os analisava com a mesma atenção que daria para uma joia ou qualquer item mais valioso.

Já havia um bom tempo que estavam ali, empenhadas em decidir qual seria a melhor composição para o evento que aconteceria mais tarde. Nem mesmo Romeo havia acordado, mas Lisbela insistira que todo o tempo que tinham até o banquete era escasso e deveria ser aproveitado ao máximo.

— Azul não é uma cor que agrada mais aos pequeninos? — questionou, tomando o cetim azulado entre os dedos enquanto corria seus olhos curiosos pelas flores bordadas ao longo da sua extensão.

— Certamente, majestade. Azul também é uma cor muito bonita.

— Azul, rosa, pequeninos... Estou alucinando ou o quê? — resmungou Romeo, enquanto puxava um travesseiro contra a própria face para protegê-la da claridade que tomava conta de todo o quarto.

— Você não está alucinando — respondeu Lisbela, contendo-se para não revirar os olhos. No entanto, seu dia parecia estar tão radiante que nem mesmo as provocações de Romeo eram capazes de tirá-la do seu estado de bom humor. — Estou me aprontando para o evento de mais tarde.

— É tão tarde assim? Você supostamente irá a um banquete no almoço, não é? — Romeo saltou da cama em um lapso de segundo, recolhendo suas roupas espalhadas pelo chão ao redor do móvel.

— Não é tão tarde assim, mas também não pretendo me atrasar. É o meu primeiro compromisso oficial sem a sua presença, será... especial — justificou Lisbela, tomando o vestido azul para si. — Leve o vestido rosa, ficarei com o azul. É mais bonito e combina melhor com a ocasião.

A criada assentiu, retirando-se do quarto enquanto levava consigo a peça de roupa indicada.

— Não gosto da forma com que você enfatiza que seu compromisso tão importante será especial pelo fato da minha ausência — reclamou Romeo, enquanto se vestia com a mesma camisa de linho da noite anterior, fazendo questão de enfatizar o seu desprezo ao evento criado por Lisbela.

— E eu não gosto da forma com que você despreza o meu compromisso — retrucou Lisbela, arqueando uma das sobrancelhas enquanto passava o vestido pelo pescoço. — Não quero atingi-lo, afinal, embora você precise reconhecer que, por vezes, a sua presença é um verdadeiro estorvo — continuou, ajustando as mangas curtas daquele traje ao redor de seus braços, enquanto o restante da peça caía pela sua silhueta com a mesma leveza de uma pluma. — É só que... Me sinto importante. Poderosa. Útil. Consegue entender?

— Consigo — respondeu Romeo, aproximando-se de Lisbela, que tentava, sem sucesso, encaixar os botões daquela roupa enquanto contorcia seus braços para alcançar a parte traseira do vestido. — Espero que, além de poderosa, útil e importante, a senhorita se lembre de ser prudente. Não seja inconsequente ao tentar gastar toda a reserva da Coroa novamente, sim? Muito além de um grupo de órfãos, temos soldados a serem armados, campos a serem reerguidos e cidades a serem financiadas — advertiu, enquanto assumia o encargo de encaixar cada botão de pérola do vestido de Lisbela em sua respectiva casa e, eventualmente, deslizar seu dedo pela pele exposta do seu dorso.

A rainha respirou fundo, em uma tentativa de manter-se séria mesmo naquela situação.

— Por que tanta preocupação com a segurança? Há algo acontecendo que não esteja sob o meu conhecimento?

— Não — Romeo limitou-se a responder, desviando o olhar. — Não há nada acontecendo, além da confusão de sempre envolvendo as Forças Revolucionárias. A senhorita terá os guardas à sua disposição. Apenas seja prudente.

A ascensão da Rainha | Livro I | Trilogia Declarações de Amor e GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora