JOSEPH

844 94 58
                                    

Inteiramente devastado, eu procuro por mais páginas

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Inteiramente devastado, eu procuro por mais páginas. Mas não há nada além de folhas em branco. E eu não acredito, eu realmente não acredito que isso tenha acontecido. Não pode ser!

As lágrimas não param, e eu simples não me importo. É apenas ela, Arabella.
Como posso ter sido tão lento?
Eu poderia simplesmente ter começado pelo fim, eu deveria ter ao menos tentado falar com ela naquele dia.

Eu estou tentando, tentando e tentando não acreditar. Como eu posso ter levado um mês e meio para ler esse pequeno diário?
Eu poderia tê-la ajudado.

Como eu pude sentar e simplesmente ler o seu sofrimento? Eu não acredito!

— Joseph, quer um copo de água?

Incapaz de proferir qualquer palavra apenas assenti olhando o pequeno caderno turquesa em minha mãos. Esse não pode ser o seu fim, na dá pra aceitar que Arabella pode simplesmente... Não dá.

Algo como, raiva, angústia corrói o meu peito. Eu se quer a conheci e ela partiu, para um lugar onde não há possibilidades de visita, de volta.
Ela se foi e não dá pra aceitar.

O nó na minha garganta reluta para ser desfeito, mas eu não posso. Não no estúdio, não com essas pessoas aqui. Mas eu preciso, não consigo segurar toda essa dor, não dá!

— Aqui está — As pequenas mãos delicadas estenderam o copo para mim.

— Obrigada — Com a voz arrastada e as mãos trêmulas pego o copo, tomando o líquido em dois goles. 

Se pudesse voltar no tempo e apenas ir atrás daquela garota. Era tudo o que eu mais queria nesse momento, eu daria tudo por isso.

[...]

Estou lutando para permanecer quieto, em silêncio sem que as lágrimas fluam pelo meu rosto. Mas é difícil. Esse foi o pior momento para terminar o diário de Arabella.

— Tem certeza que esta bem Joseph? — Uma das entrevistadoras perguntou gentilmente, fazendo com o que todos me olhassem. — Nos podemos fazer uma pausa se quiser.

Respirei fundo, seco as lágrimas e me sento ereto na cadeira. Maya que está a minha frente vira-se e sorri amigavelmente, Joe por sua vez aperta um de meus joelhos e assente com a cabeça olhando-me nos olhos.

— Está tudo bem — Convicto de que agora não cairei mais em meus devaneios.

E seguimos com a entrevista, tentei ao máximo me concentrar e até me divertir um pouco, mas a cada vez que eu piscava era o seu rosto que eu via. Arabella.

Aquela garota pequena, e com uma longa vida pela frente, simplesmente não vive mais. Culpada por quem mais amava, zombada por aqueles que deveriam lhe acolher.
Ela estava tentando se livrar daquilo que a assombrou por anos, mesmo com seus dias ruins, ela tentou e isso eu não posso negar, não há alguém que tenha tentado mais do que aquela mulher, aquela forte mulher.
A mulher com quem eu sonhei por noites e noites, ansiando descobrir seu nome, visualizar seu rosto. E quando consegui, não há mais nada que fazer.

Arabella Wrigth, a mulher da qual eu sei tão pouco mas que me ensinou tantas coisas nesse um mês e meio. Se quer tive a oportunidade de conhecê-la e ouvir sua voz.

E mesmo assim, sinto a dor de sua partida como se fosse alguém do meu convívio, um grande amigo próximo. E não consigo aceitar que isso realmente aconteceu, sinto uma grande pressão sob meu peito sempre que me lembro de suas últimas palavras e me desespero.

E mesmo que eu não tenha nenhuma culpa nas coisas que aconteceu com ela, sinto algo parecido com isso, como se eu simplesmente soubesse dos seus problemas e continuasse quieto. Me sinto culpado mesmo não tendo culpa alguma, isso é angustiante.

Meu peito queima e minha cabeça dói, eu não irei vê-la como pretendia. Não poderei lhe entregar seu diário e dizer-lhe o quanto eu senti por tudo o que passou, e até mesmo pedir perdão por ter lido.
Explicar o quão difícil foi não ler, em como fiquei viciado em sua escrita, entendi cada centímetro de seu pensamento e senti toda a sua dor. 

E em como esse um mês e meio me fez mudar algumas ideias, para melhor. Em como eu me sinto bem ao estar com o pequeno caderno turquesa em minhas mãos, e em como não o abandono, não o larguei desde aquele dia.

E agora que ela se foi, eu não pretendo guardar em qualquer lugar se não comigo, pois eu quero tê-la ali, junto a mim. Mesmo que não exatamente, mas uma metade sua. Como uma pequena lembrança de alguém especial, um amuleto.

⋅ ──────────── ⋅

Publiquei esse pequeno capítulo só pra demonstrar como o Joe se sentiu. Agora teremos apenas POV's.
Obrigada por terem escolhido essa fic, estou muito feliz com os comentários de vocês!

diary • joseph quinn Onde histórias criam vida. Descubra agora