ARABELLA

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De volta à monotonia

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De volta à monotonia.
Foi o meu primeiro pensamento ao desembarcar, talvez eu tenha gostado desses últimos dias muito mais que o esperado. Apesar dos dois últimos terem sido com uma bomba relógio, por culpa da minha terrível e incansável mente. Foi como ter trabalhado intermináveis horas, no final do dia estava exausta, mas não havia feito muita coisa, era apenas energia gasta onde não deveria, fazendo me um zumbi.

— Bella — A loira quase gritou, fazendo com o que olhos indesejados repousassem sob mim.

Seu abraço foi como o de um urso, trazendo o seu cheiro doce e calor reconfortante. Eu me senti como uma criança que encontra seus pais após um longo dia, o peso que se instalou sob o meu peito quando Olívia me abraçou mais forte e acariciou meus cabelos, foi o suficiente para me fazer prender a respiração. Se eu começasse a chorar ali, não sei se seria capaz de parar.

— Minha menina — Ela sussurrou ainda me apertando. — Como você está? — Ela se afastou pondo suas mãos sob os meus ombros, analisando-me dos pés a cabeça.

— Bem — Respondi.

Seus olhos foram além de mim, onde a mulher sorriu educadamente e assentiu. Voltando seu olhar na minha direção, ela arqueou uma de suas sobrancelhas como se perguntasse novamente, assenti para ela, não querendo responder de novo.

O caminho para casa foi tranquilo, Joe e Olívia estavam quase tão animados quanto eu estava pensativa.

— E então — Olivia ajustou o retrovisor para me encarar pelo reflexo — O que achou da viagem?

Lhe encarei pensando na maneira certa de descrever o quanto eu gostei do lugar, da comida, da sensação de viver, finalmente.

— Eu gostei — Respondi sorrindo.
Joe apertou mais a sua mão na minha, olhei em sua direção e ele sorria sem mostrar os dentes. Retribui o gesto e voltei meu olhar para Olívia, que desviou sua atenção para o caminho.

— Eu achei que vocês tinham voltado ontem a noite — Olívia disse parando o carro, e notei que havíamos chegado.

— Por que? — Joe perguntou retirando seu cinto de segurança, e o meu logo em seguida.

Eu não voltaria ontem a noite, estava exausta. Na verdade, ainda estou! Dormi a noite toda mas é como se o voo tivesse feito com o que meu corpo fosse montado e desmontado várias e várias vezes.
Desci do carro com preguiça e esforço lutando internamente, e me arrastei para pegar as bagagens.

— Por algum milagre dos céus — Disse pausadamente enquanto destravava o porta malas — Eu acabei apagando na sala, por volta das nove da noite — Ela puxou a mochila, entregando-a nos braços de Joe — Acordei quase uma da manhã com a Holly  latindo, o que é incomum — Puxou outra mala com a ajuda de Joe — E vi a luz do seu quarto ligada.

Ela deu de ombros enquanto puxava a última bagagem, logo em seguida fechando o porta malas.

— Estranho, deve ter sido algum mal contato — Supus, puxando a bagagem pesada.

Caminhamos para dentro da propriedade, pelo pequeno portão barulhento, arrastando as bagagens pela grama com dificuldade, agradecendo por não ter chovido naquela manhã. O trailer estava destrancado, reforçando o pensamento que tive ao embarcar á caminho de Roma "as portas ficaram abertas". Por sorte, ou não, ficava ás vistas de Olívia. E mesmo que em um bairro pouco movimentando e tranquilo, não se deve contar com a sorte, não quando se trata de mim!

— Você está bem? — Joe perguntou se aproximando, assim que Olívia nos deixou.
Suspirei.

— Sim — Respondi preguiçosamente — Só estou um pouco cansada.

Ele pôs suas mãos de cada lado do meu rosto, acariciando minhas bochechas com seu polegar. Sorri, sentindo meu rosto esquentar enquanto Joe me encarava sério, não havia qualquer expressão em seu rosto. Ele me beijou, lenta e carinhosamente enquanto seu polegar ainda me acariciava.

Beija-lo era como emergir do aperto que instalava-se constantemente sob meu peito, mesmo que todas as vezes em que seu corpo se aproximasse me trouxesse aquele sensação fervilhante no estômago, e me fizesse ter a sensação de que eu poderia morrer a qualquer momento. Estar tão próxima me fazia sentir o calor da vida, me sentir querida e até mesmo desejada.Por que era como algum tipo de telepatia, saber em seus olhos a sua intenção.

Como no dia anterior, seus olhos estavam tão escuros e a maneira como mantinha seus lábios presos entre os dentes, tornando-os mais rosados, fazendo meu corpo incendiar enquanto andava na minha direção, sem olhar para qualquer outro lugar, se não meus olhos.

Suspirei, afastando-me.
Joe me olhou sem entender, e eu apenas sorri sem dentes não querendo lhe explicar.

— Quer comer alguma coisa? — Perguntei, enquanto Joe me analisava.

Ele espremeu os olhos antes de deslizar suas mãos dos meus ombros até a altura dos pulsos, agarrando-os carinhosamente.

— Eu fiz alguma coisa errada? — Ele perguntou, e eu automaticamente me senti péssima — Você está tão distante nos últimos dois dias.

Pensando bem na resposta, que sinceramente eu não sabia explicar ao certo. O fato de gostar muito do que temos, mas ainda ter um sentimento pesado, como se eu não fosse digna, ou fosse simplesmente suja.

— Você não fez nada — Respondi sem demora — Eu só — Fechei os olhos, respirando fundo — Não sei explicar. Mas não é nada com você — Ele mordeu o canto do lábio — Pode ter certeza.

Joe suspirou pesadamente antes de soltar meus pulsos, ele olhou para mesa antes de começar a caminhar desanimadamente até ela.

— Eu é que sou o problema — Completei ao vê-lo se distanciar, foi como se toda a cor do meu dia tivesse sido roubada naquele momento, o aperto no meu peito ficou ainda mais tortuoso. — Desculpe.

Pegando algo que estava na mesa, Joe virou-se colocando aqui no bolso.

— Você não precisa pedir desculpa — Ele disse como se aquilo fosse óbvio — Eu te perguntei, você respondeu — Caminhando de volta para mim, para o meu alcance, onde eu consegui sentir o seu calor. Ele pôs suas mãos sob meus ombros — É assim que funciona o diálogo de pessoas que se estão se relacionando, Bella. — Sorriu sem dentes, levando suas mãos até minha nuca — Por que você pediu desculpa? Você não falou nada de errado.

Eu não sei, era a única resposta que eu tinha, agora e talvez sempre, eu não sei! Era apenas isso.

— Você não é um problema — Ele disse olhando em meus olhos, fazendo-me ruborizar — Você é melhor do que consegue ver. Entenderia se enxergasse do meu ponto de vista — Voltado a lhe encarar, encontrei um Joseph sorridente, contagiosamente sorridente.

Joe aproximou seu rosto do meu, ficando a milímetros do meu lábio. Foi quando ouvimos Olívia gritar.

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Oi, o que acharam desse capítulo?

Obrigada por ler! 🤎

(capítulo não revisado, ignorem os erros)

diary • joseph quinn Onde histórias criam vida. Descubra agora