Joseph acabou esbarrando em uma pequena garota. Essa garota deixou algo cair, como estava com pressa acabou não notando. Joseph o levou para casa e começou a lê-lo por curiosidade. Ao ler a última pagina, descobriu que aquela garota estava indo se s...
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Acordei em sobressalto, sentando-me instantaneamente enquanto meu coração era a única coisa que eu conseguia ouvir. Meus olhos arderam e eu pude sentir todas aquelas lágrimas escorrerem pelo meu rosto sem que eu conseguisse parar.
Eu ainda conseguia senti-lo, todo o seu cheiro ainda estava em minhas narinas e minha pele pinicava em nojo, repulsa.
Levantei rapidamente tropeçando no corpo de Joe, e caindo no chão. Logo consegui me levantar, correndo para o banheiro sentindo o líquido queimar toda a minha garganta.
Nojo, nojo e nojo. Era tudo o que eu conseguia sentir.
Desesperada, levantei a tampa da privada, pondo todo aquele líquido amargo para fora, mais e mais e mais. Meu corpo tremia, e minhas pernas não suportaram o peso do meu próprio corpo. Fazendo-me cair ao lado, em desespero.
Fiquei ali, durante um tempo. Sentada, relembrando todo o pesadelo de estar com aquele homem de novo. Segurando-me para não chorar como uma criança.
Levantei e me olhei no espelho, eu estava péssima. Talvez por todas essas noites mal dormidas, ou simplesmente esse devesse ser o meu novo rosto, tão feio quanto um zumbi.
Lavo minha boca com enxaguante bucal e jogo um pouco de água gelada para lavar todas aquelas lágrimas secas. Arrumo meu cabelo que estava quase como um ninho, por ter dormido com ele úmido. Certificando-me de que não há nenhuma parte da minha roupa que esteja suja, ou fedendo a vômito, dou descarga e saio do banheiro.
Caminho até o canta da sala, sentando-me na poltrona de frente as janelas. Me conforto ali, vendo a chuva cair, como se aquele fosse o meu ponto de equilíbrio, a natureza.
Depois de algum tempo, ouvi passos logo atrás de mim. Pela lentidão, deduzi que Olívia se aproximava.
— Aqui — Ela estendeu o braço a minha frente com uma boa xícara de café.
Agradeci com um meio sorriso, e ela beijou o topo da minha cabeça antes sair. Olhei para trás vendo a mulher voltar para a cozinha, a sala estava vazia. E eu também.
A chuva do lado de fora caia sem parar, o céu estava cinza, com as nuvens carregadas fazendo aquela manhã parecer como um final de tarde. Para alguns poderia ser uma dia assustador, mas pra mim, reconfortante.
Tomo um gole do café, aproveitando a xícara quente para aquecer minhas mãos, geladas pela água da qual lavei o rosto. O aquecedor deixava a casa confortável, mas isso não impedia que as extremidades do meu corpo congelassem.
Sempre que fechava os olhos, sentia o desespero. Revivendo cada lembrança dos meus anos de tormento, cada ameaça, cada abuso, cada noite com aquele homem me usando como seu brinquedo.
