Apenas Nós - Lewis Hamilton

Capítulo 44 - the end

Existe um famoso ditado africano que nos ensina que "quando dois elefantes brigam, quem sofre é a grama". Só agora fui capaz de entender o que ele sempre quis nos dizer.

Nessa caminhada Lewis e eu precisamos pensar nas pessoas que sofrem com todas nossas atitudes e frustrações. Volta e meia nosso passado faz questão de retornar para lembrarmos de que nada do que aconteceu é capaz de ser apagado.

Somos humanos, feitos de carne, ossos e dor. As minhas podem ser diferentes das dores que ele carregou durante a vida, mas uma nunca será capaz de anular a outra. Na realidade, Lewis e eu somos dois elefantes brigando constantemente por espaço, esse que está tomado por nosso ego.

Pequenos episódios se juntam em nosso armazenamento de frustrações, este que carregamos para cima e para baixo, onde ninguém de fora consegue explicar o que de fato estamos enfrentando. É fácil julgar. Nós mesmo nos julgamos e queremos ditar como um ou o outro agir diante dos tropeços postos em nossas vidas. Na verdade, Lewis e eu somos dois orgulhosos que se aproveitam da oportunidade e só fui capaz de cair em si no Grande Prêmio do Brasil.

*

– Você precisa parar de ser estúpido com seus próprios filhos – digo socando as coisas na bolsa com raiva.

– Vai começar? – seu tom me faz bufar de raiva, ele passa a mão na cabeça exausto com mais uma discussão nossa.

– Seu problema é comigo e nossos filhos não tem nada disso – aponto o dedo em sua direção e o Lewis nega com a cabeça dando um riso debochado.

– Eu não vi que eram eles, pensei que fossem fãs.

– FÃS, LEWIS HAMILTON? – me exalto gritando.

– EU NÃO VI, EU NÃO JÁ FALEI QUE NÃO VI?

– QUEM MAIS IRIA CORRER ATÉ VOCÊ NA PORTA DA GARAGEM? AH – rio debochada tendo sua atenção – eu esqueci que você fez questão de convidar suas comidas pra cá.

– POR QUE VOCÊ SEMPRE TEM QUE TRAZER ESSA MERDA PRA CÁ? EU JÁ FALEI QUE NÃO ESTOU COM NINGUÉM.

– PORQUE VOCÊ TEM CORAGEM DE CONTINUAR MENTINDO NA MINHA CARA – me aproximo deixando nossos corpos um próximo ao outro gritando em sua direção, o sangue fervendo em meu corpo prova que estou próxima do meu limite.

– PARA DE FALAR MERDA! EU JÁ FALEI QUE NAO TROUXE NINGUÉM! – ele segura firme em meus braços e vejo mais uma vez passado e presente se fundirem diante dos meus olhos, arregá-lo os mesmos enquanto suas mãos firmes me trazem de volta para o agora – PARA COM ISSO – Lewis pede.

– E AQUELA PORRA É NINGUÉM? VOCÊ É UM FILHO DA PUTA – balanço meus braços com raiva fazendo ele me soltar.

– ME RESPEITA, PORRA – ele grita e me assusto, Lewis passa a mão pela cabeça – Em momento algum te desrespeitei, Karina. Não sei mais o que preciso fazer pra você parar de desconfiar de mim.

– Foda-se toda essa merda. Você tratou seus filhos como merda e eu não vou aceitar.

– Karina, eu não empurrei o Zion por querer – ele segura meu braço e olho para suas mãos fazendo ele soltar.

– Me deixa quieta, vai se concentrar no que você tem que fazer, já que como pai você não serve pra fazer o mínimo que é reconhecer seus filhos – cuspo palavras que doem em mim e que o atinge imediatamente, a razão volta rapidamente e balanço a cabeça rindo. Que merda estou fazendo?