15.CHOICE

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Apenas a própria Lee Ari sabia o quanto esperou por este momento, apenas ela sabia o que teve que passar para finalmente recuperar a sua liberdade.

Sua estadia no inferno não durou muito, mas foi o suficiente para adquirir traumas jamais solucionáveis.

A dor, a humilhação, a fome, a luta, o desrespeito e a violência que passou não teve preço, Lee Ari não desejava aquilo nem para o próprio homem que a machucou.

Um pesadelo imensurável, um período da sua vida que terá que carregar para sempre consigo.

— Eu serei forte, não vou deixar as lembranças tomarem conta de mim, não deixarei que ele acompanhe minha vida, não vou me permitir cair. — Lee Ari ditava decidida enquanto mantinha o carro parcialmente devagar, agora já não tinha porque estar em alta velocidade, estava bem longe daquele homem.

Por fim, abriu um sorriso, contente, mas rapidamente sentiu suas bochechas doerem, por tanto tempo sem sorrir fazia sentido seu corpo estar tão sensível com isso.

Mas agora era diferente, agora iria ser feliz novamente.

Lee suspirou sentindo seus músculos relaxarem, agora estavam menos contraídos.

Estava ansiosa para ter notícias de sua mãe, queria vê-la o mais rápido possível, até porque ainda tinha o risco daquele homem realmente conseguir a machucar.

Mas Lee Ari encerrou seus pensamentos quando viu um veículo de carga pesada logo à frente, subitamente teve que parar o carro mais breve possível, pois a estrada era de pista única.

A jovem buzinou desesperadamente quando percebeu que o caminhão não estava parando, ela até poderia ter se dirigido para o canteiro, mas o carro já estava estagnado, não daria mais tempo.

Seu coração parecia errar algumas batidas, suas mãos trêmulas revelava o seu nervosismo, novamente seus músculos estavam contraídos, ver o farol alto se aproximando fazia Lee Ari sentir a morte vindo novamente.

Era horrível, ela simplesmente não queria mais sentir isso, não queria estar mais em risco de morte, já tinha sofrido demais com isso.

A jovem espremeu seus olhos, com medo, a agonia daquela luz vindo exatamente em sua direção a fazia sentir vertigem.

Mas no último segundo, aquele veículo enfim parou.

A morena esperava ouvir algum barulho de batida ou vidros se quebrando, mas nada escutou.

Relutante Lee Ari abriu os olhos, percebendo que o caminhão não bateu – por um triz.

Com uma pressão em seu peito, a jovem sentia que algo estava errado, era uma sensação ruim, como se novamente estivesse em perigo.

Estava com um mal pressentimento.

Mas o que deveria fazer? Fugir novamente? Ver quem estava dirigindo aquele caminhão?

Lee estava confusa, mas aquela sensação ficava cada vez mais forte em seu peito.

Ela finalmente chegou a conclusão que era melhor sair daquele lugar imediatamente.

Mas quando tentou colocar as mãos novamente no volante, não conseguiu, simplesmente não estava conseguindo se mexer.

Estava travada de medo.

Parada, viu a porta do motorista abrir, saindo do caminhão um senhor de idade, sua expressão esboçava preocupação, rapidamente o homem mais velho se dirigiu até a jovem.

O homem tinha vestimentas semelhantes a de um fazendeiro, pela sua linguagem corporal não parecia alguém que iria machucá-la.

— Oh, minha filha! Eu não consegui te ver a tempo! Estou sem meus óculos, me perdoe! Quase bati no seu carro! — Nervoso o homem passava a mão em seus cabelos ralos, era visível o seu olhar de culpa e sua expressão de preocupação.

Mas Lee Ari estava submersa de medo para poder se mexer ou falar algo.

Simplesmente encarava o idoso com os olhos arregalados.

— Raramente alguém passa por esta estrada, não imaginei que neste horário alguém estaria vindo... A senhorita está bem? — O senhor perguntou percebendo que a mais nova estava toda suja de terra.

— E-eu estou bem... Eu acho... — Lee Ari finalmente tinha conseguido murmurar algo, aos poucos estava saindo daquele transe de medo.

— Por este caminho só existe mais uma casa, a senhorita mora lá? Não é comum ver pessoas passando por aqui.

— Não. Eu não moro naquela casa... Um homem me sequestrou... — Ari não conseguiu manter sua voz firme, aos poucos seu choro voltava com força, apertando sua garganta.

Era impossível falar o que tinha acontecido sem chorar, o pavor e o trauma ainda percorria por suas veias.

— Você foi sequestrada?! — O mais velho exclamou, surpreso pelo anúncio da jovem.

A morena concordou, limpando suas lágrimas.

— Eu consegui escapar, estou tentando chegar até o centro da cidade. — Confessou. Naquele momento Lee Ari achava que poderia confiar naquele homem, ele não parecia alguém que poderia fazer mal.

Era uma esperança, ela ainda tinha esperanças de encontrar boas pessoas.

— Meu Deus... Você precisa chamar a polícia! Ele te agrediu?

Lee Ari apenas conseguiu novamente balançar a cabeça, sempre sentia uma bolo em sua garganta quando tentava falar o que aconteceu naquela casa.

— Não estou com o meu celular... Mas tenho medo de envolver a polícia... Ele ameaçou minha mãe... — A jovem não tinha mais voz, o choro era muito forte para conseguir controlar.

Estava derrotada demais para conseguir lutar contra aquilo.

Era como uma areia movediça, quanto mais Lee Ari tentava escapar, mais se afundava naquele pesadelo, provavelmente seria inevitável; os traumas estariam sempre a perseguindo.

— Tenho telefone em casa, não acho bom a senhorita ir assim nessas condições, está muito abalada. Meu neto está chegando, assim que ele estiver em casa peço para ele te levar com cuidado. O que acha?

Lee Ari o encarou um pouco relutante, estava insegura, não sabia se deveria entrar na casa daquele homem.

Não sabia se deveria confiar naquela pessoa, ao ponto de estar a sós com um desconhecido, se podia confiar naquela sugestão.

— Eu sei que a senhorita não quer confiar em mim, mas estou disposto a ajudar... Nunca imaginei que alguém pudesse sequestrar uma pessoa nessa região, aqui sempre foi muito calmo. — O mais velho disse, ainda com uma expressão de surpresa.

Parecia que ele realmente estava falando a verdade.

A mais jovem estava com os seus pensamentos conflitantes.

O que deveria fazer? Deveria mesmo confiar naquele homem?


My Bad Killer Bunny - Jeon Jungkook 🐰Onde histórias criam vida. Descubra agora