Capítulo 02 - Aquele lugar de merda

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NOTAS DA AUTORA:
Esse capítulo cita um assunto que pode ser delicado a alguns leitores.
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02/03/2022 - 34 dias antes do assalto a Conceptum Corporation

Sadie Sink

— Bom dia, patroa. — Maya sorriu abertamente quando abri a porta de seu carro e sentei ao seu lado.

Eu ri de leve diante de sua ironia, pois sabia exatamente a que se referia. — Bom dia. — fechei a porta do Corolla e ela deu partida.

Era raro tomarmos café da manhã juntas, principalmente antes do trabalho.

— Como você está? — ela perguntou um pouco mais séria.

— Ah, está tudo na mesma. — dei de ombro, ajeitando-me melhor no banco. — Ferrando cada vez mais minha vida, óbvio. — apoiei meu cotovelo no encosto da porta, escorando minha cabeça em minha mão direita.

A moça loira somente suspirou e balançou a cabeça negativamente, mantendo os olhos na rua já movimentada, isso porque não eram nem sete da manhã ainda. O sol estava meramente alto e já clareava o céu como uma pintura aquarela; o dia estava lindo, mas nem isso me animou. Logo, diante da minha mera reclamação, Maya ficou alguns minutos em silêncio.

— Sabe Sadie, eu te admiro muito, muito mesmo e sei que faz isso por pena, por querer o ajudar. — declarou.

— Eu tento me convencer disso. — esfreguei minha testa levemente. — Eu não suporto a situação da Kate.

— Ela ainda está na UTI? — perguntou-me, olhando ligeiramente preocupada. Assenti, suspirando em seguida. — Mas que merda...

— O filho da puta acabou com ela. — maneei a cabeça. — Fígado, estômago, intestino. O namoradinho da mãe dela, literalmente, quase a matou. — meus olhos marejaram um pouco. — E a desgraçada não fez nada, Maya. Nada! Sabe como isso é horrível? Negligenciar a filha.

— Então a grana é para os exames mesmo.

— Sim, senão para a cirurgia. — respirei fundo. — Enfim, tudo isso é uma merda, mas está ficando difícil ajudá-lo. — completei.

— Você não tem culpa, Sadie. Está se envolvendo com ele, com o pai dela, é praticamente impossível não participar e compartilhar da dor do Nicholas. — ela comentou, dirigindo devagar e buscando uma vaga próxima a cafeteria. — Não seja fria consigo mesma.

— Mas Maya, foram setecentos dólares. Assim... Limpinhos. — comecei a me agitar novamente, gesticulando. — Tem noção disso? — bufei.

— E ele ainda está sem trabalhar? — perguntou ao finalmente estacionar.

— Ah, mas claro que sim. — revirei meus olhos. —:Faz uma coisa ali e outra aqui, mas nada fixo, por isso mesmo pediu o dinheiro. — respondi ao sairmos do carro e seguirmos pela calçada. — Eu sou uma idiota mesmo, não podia ter feito isso.

— Calma, relaxa. Vocês vão resolver isso logo, tenho certeza. O foco agora está na Kate. — comentou enquanto nos aproximamos do balcão da cafeteria.

— Não sei não, estou vendo que quem vai se ferrar serei eu.

— Ele vai acertar, tenho certeza. — ela sorriu levemente, tentando me passar algum conforto.

— Aí é que está o problema, não foi a primeira vez, não é, Maya. — eu tentava ao máximo não gritar de nervoso. — Ele disse que passaria parte do dinheiro hoje, mas duvido muito.

Crime Culposo | Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora