Capítulo 48 - Estamos quites

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26/09/2022 - 429 dias antes do assalto a Florence Joalheria

Sadie Sink

Quando me perguntaram "o que você quer ser quando crescer?", eu apenas sorri e não soube o que responder; já que não tinha certeza se queria ser professora de inglês ou economista, duas profissões completamente opostas que me interessavam até meus 15 anos. Hoje eu sou apenas ferrada.

Ferrada na minha profissão, emocionalmente e claro, no amor. O ciclo do término logo após o sexo tinha acontecido de novo, e o pior é que não tinha sido uma transa ruim.

Eu não tinha conseguido dormir novamente, como na noite passada, o que me deixava ainda mais com a sensação de derrota. Pelo menos não tinha dormido em casa, sendo obrigada a lembrar de Dacre a cada canto que eu olhasse; fosse o quarto, a droga da mesa da cozinha e até mesmo o banheiro; não importava. Dacre tinha feito o favor de me fazer jamais esquecer dele, nem Malibu - uma cidade inteira - tinha escapado disso.

"Como você está? Está melhor? Quer que eu busque você?", não eram nem oito da manhã e Maya já estava à minha disposição.

"Não precisa, eu vou demorar ainda. Eu dou um jeito, não se atrase para o trabalho por minha causa"; respondi-a.

Eu tinha ocupado o quarto de visitas, que ficava de frente ao de William, assim, logo pude ver Natalia passar pelo corredor e entrar no quarto do pequeno, já que ambas tínhamos dormido com a porta aberta para que, no menor ruído, pudéssemos verificar como ele estava.

— Dormiu bem? — a mulher me perguntou ao notar minha presença na porta do quarto de Will; ambas ignoramos o fato de ainda estarmos de pijama.

— Já tive noites melhores. — dei de ombros.

Ela sorriu fraco ao me olhar brevemente e pegar Will no colo, sentando-se na poltrona no canto do quarto, pouco descorado, para amamenta-lo. Não tinha nada além do berço, o pequeno guarda-roupas e duas prateleiras na parede à minha esquerda com quatro pelúcias sobre ela. Acho que ela não tinha tido forças para pensar nesses detalhes durante a gravidez, especialmente depois de ficar sozinha.

— Você já vai? — perguntou, olhando-me pelo canto dos olhos.

— Não, eu... — pausei, desviando a atenção em direção a sala no final do corredor.

— Posso fazer um café, só me dê cinco minutos. — disse.

Eu sorri um tanto nervosa; ela ainda era a mesma Natalia: a mulher simpática e atenciosa de antes.

Balancei a cabeça negativamente, ignorando esse detalhe e voltei ao quarto de hóspedes. Troquei a camisola de estampa um tanto infantil por um jeans qualquer que estava no fundo da bolsa que eu havia trago. Fui até a cozinha, prendendo o cabelo de forma desajeitada; eu ainda me lembrava de quando tinha que o deixá-lo impecável para ir ao escritório.

Busquei nos armários, um tanto perdida, pelo café instantâneo e deixei que a cafeteira sobre o balcão da pia fizesse o resto do trabalho. Escorei-me na bancada de mármore, próximo ao fogão e suspirei; minha vontade era ir para casa e me deitar na cama pelo resto do dia, mas não a fiz.

"Bom dia, Sadie. Espero que esteja bem...", era Joe. "A Maya me contou sobre você e o Dacre. Sinto muito por isso, eu não imaginava, de verdade"; a mensagem enviada há poucos segundos me fez suspirar novamente, e não o respondi.

Passei a mão pelos cabelos e desviei o olhar a sala de estar à direita; definitivamente eu precisava ficar.

A casa de Natalia era espaçosa, aconchegante e um tanto minimalista, já que tudo era em sua maioria branco e preto, mas de qualquer modo, era possível ver como estava desorganizada. A mala do hospital, por exemplo, ainda estava próximo ao hall de entrada, intacta. Eu não havia notado esses detalhes ontem, já que cheguei cega de indignação, porém, agora eu via perfeitamente. Talvez ajudar-lhe nisso fosse mais útil do que a observar fazer Will dormir.

Crime Culposo | Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora