17/07/2022 - 498 dias antes do assalto a Florence Joalheria
Sadie Sink
- Você era próxima do Sr. Harbour, Sadie? - a investigadora perguntou. - Conversavam muito, fosse sobre o trabalho ou algo pessoal?
- Era sempre sobre trabalho. - afirmei. - Quando entrei na empresa, eu o via como um paizão, mas nunca tratamos sobre assuntos particulares.
- Certo. - a mulher de pele escura assentiu. - E você e Marie, vocês se davam bem?
Involuntariamente, torci um pouco o nariz diante da pergunta. Não que eu quisesse mentir sobre isso, mas dizer a verdade, considerando que ela está morta, parece-me um tanto estranho.
- Para ser sincera... - pausei, respirando fundo. - Não.
- Por quê? Você era a encarregada dela, não? - pareceu um pouco curiosa.
- Eu recebia muito trabalho extra vindo dela, os quais nem eram da minha função; você mesma sabe disso. - comentei apontando para seu bloco de anotações sobre a mesa. - Ela me via apenas como uma ótima pessoa para sobrecarregar. - pausei. - Mas eu não a contradizia, eu preferia manter a boa vizinhança. - abaixei um pouco a cabeça um tanto constrangida.
- Entendi. E você acha que alguém teria motivos para feri-la? Alguém que demonstrasse realmente não gostar dela.
- Olha, francamente, eu acho que ninguém gostava de verdade dela, nem o Sr. Harbour. - dei de ombros e deixei escapar um riso nervoso. - Mas eles eram bem próximos de fato e talvez seja pelo tempo de contribuição dela para com a empresa, não sei. Dez anos é muita coisa.
- Sadie, falando agora de mulher para mulher... Você se sentiu coagida alguma vez dentro da empresa? - olhando-me seriamente.
- Não, nunca. - respondi-a com os olhos um tanto arregalados, surpresa com a pergunta.
- Eu vou ser muito sincera com você. - ela respirou fundo. - Não sou muito adepta a discutir um caso com uma testemunha em potencial, mas nós estamos traçando várias linhas de investigação no caso e diante das fatalidades, eu quero pedir que, de verdade, você se cuide. - ela disse séria e espalmou as mãos sobre a mesa. Eu apenas a encarei, questionando mentalmente se realmente tinha entendido o que havia dito. - Ela estava hospitalizada, Sadie e sabia demais sobre algo. - pausou. - E talvez também saiba. - concluiu.
- Acha que eu também corro risco? - questionei-a, balançando as pernas por debaixo da mesa. - Não acha que eu possa... - engoli em seco.
- Você apontava os erros nos relatórios e foi demitida de uma forma bem conveniente, não acha? - indagou. Eu nada respondi. - Todo cuidado é pouco. - concluiu.
(...)
Já se passava das sete da noite quando finalmente sai da delegacia. As ruas estavam tranquilas naquele domingo e eu só queria que Maya me atendesse, porém, seu telefone dava apenas na caixa-postal. Logo, desisti de esperar por um taxi, pedir um carro ou tentar contatá-la.
Olhei para os lados e novamente para meu telefone, questionando se eu deveria mesmo enfrentar uma caminhada de quase cinquenta minutos até em casa. Comecei a caminhar um tanto contrariada, mas eu mesma me justificava de que isso me faria bem; seria bom respirar.
As luzes dos postes já começavam a se ascender e o movimento de turistas a aumentar. Eu evitava olhar para os lados, já que agora eu estava indo totalmente contra as recomendações da investigadora Hermann. Por isso, apostei em apertar os paços, prendendo fortemente a bolsa contra o corpo. Não era a primeira vez que eu fazia esse percurso, mas nunca neste horário. Logo, apenas mentalizei que se nada tivesse acontecido com uma arma apontada para mim na Conceptum, não seria agora que aconteceria.
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Crime Culposo | Vol.1
RomansPresa em um emprego que achava ser dos sonhos e enfrentando problemas financeiros, Sadie Siink vê sua vida virar de cabeça para baixo quando a empresa onde trabalha é alvo de um assalto e é feita refém por Dacre Montgomery, um homem que é mais do qu...