14/09/2022 - 441 dias antes do assalto a Florence Joalheria
Dacre Montgomery
Era um tanto quanto incômodo o silêncio de Sadie. Ela parecia tão concentrada em seus pensamentos, que chegava a me dar inveja por talvez não estar neles.
Estacionei o carro na garagem do hotel e ela suspirou antes de abrir a porta para descer.
— Sinto muito pela noite de merda. — falei antes que saísse.
— Já lhe disse que não tem culpa disso. — respondeu, descendo. — Está tudo bem, Dacre. — declarou antes de bater a porta; como eu queria ler sua mente agora.
Ela caminhou até o elevador, enquanto eu continuava dentro do carro, perguntando-me o que fiz para que a noite se tornasse uma desgraça. Eu a vi pelo retrovisor, especialmente quando olhou para trás para verificar se eu estava a acompanhando.
— Não vai subir? — a ruiva perguntou em um tom alto ao chamar o elevador.
— Quer que eu suba? — perguntei finalmente saindo; talvez fosse uma pergunta idiota, mas era melhor ter certeza antes de entrar e obriga-la a dividir a cama comigo.
Sadie não respondeu, apenas riu pelo nariz entrando na cabine assim que as portas se abriram, optei por aceitar como uma confirmação e segui-a. Ela segurava a porta quando entrei, mantendo-se ainda calada.
— Você não me respondeu, Sink. — falei escorando-me na parede do fundo; ela permanecia de costas para mim em frente a porta. Uma imagem de dijavu com certeza.
— Não estou chateada com você se é o que está pensando, nem tem porquê eu estar. — afirmou, olhando brevemente por cima do ombro esquerdo. — Já falei que_ — interrompi-a.
— E eu já entendi isso. — declarei e as portas se abriram novamente. — Mas mesmo assim, meus planos para essa noite não eram ter você nervosa com algo como aquilo, ou melhor, com nada. — completei ao seguirmos para o quarto.
— Não se preocupe com isso, está tudo bem. — disse de novo ao abrir a porta e deixar a bolsa e os sapatos de salto no hall de entrada.
Sadie soltou o cabelo e passou as mãos pelos fios antes de entrar no banheiro, e me deixar parado como um dois de paus.
Deus, o que eu tinha que fazer agora? Segui-la? Deixá-la quieta? Ficar a dez metros de distância? Aparentemente, eu tinha voltado a estaca zero com ela, como se tivesse desaprendido a interpretar suas feições e atitudes; o que era péssimo, já que isso me fazia sentir como um estranho perto dela.
Como ela não disse absolutamente nada, preferi por fazer o mesmo e deixar que ela decidisse o que era melhor. Caminhei para dentro do quarto, já desabotoando a camisa.
A porta do banheiro estava com uma pequena fresta aberta, o que na minha cabeça significava que sua irritação realmente não era contra mim, como mesmo disse. Porém, não se pode apenas acreditar nas palavras de uma mulher como Sadie.
Eu conseguia vê-la escovando os dentes, encarando o espelho, mas parei de olha-la quando escutei-a abrir a torneira. A porta de vidro da sacada estava fechada e optei por abri-la como uma desculpa para dar espaço a ruiva. A brisa estava fresca como todas as noites, tanto que não tirei a camisa totalmente.
Ainda tinha movimento na rua, já que não eram nem 22h30min, mas acho que isso não seria relevante para Sadie naquele momento, já que ela parecia apenas querer dormir. Bati as mãos no bolso da calça em busca de um cigarro, mas não encontrei o maço e consequentemente, xinguei-me por isso, tentando lembrar onde havia os deixado. Infelizmente, teria que voltar ao quarto para procurá-lo.
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Crime Culposo | Vol.1
RomancePresa em um emprego que achava ser dos sonhos e enfrentando problemas financeiros, Sadie Siink vê sua vida virar de cabeça para baixo quando a empresa onde trabalha é alvo de um assalto e é feita refém por Dacre Montgomery, um homem que é mais do qu...