Capítulo 07 - Caipirinha

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23/03/2022 - 13 dias antes do assalto a Conceptum Corporation

Dacre Montgomery

Eu seguia pelas ruas um pouco atordoado; ir visitar Judith estava ficando cada vez mais complicado, preferia quando ela estava apenas dormindo, completamente dopada, do que acordada e irreconhecível. Os papéis picotados ainda estavam jogados no banco, espalhando-se por conta da janela aberta do carro.

No rádio tocava uma música até conhecida por mim, mas optei por diminuir totalmente o volume; eu queria silêncio depois do que vi. Tanto que até recusei ver Lily naquele momento, preferia deixar para mais tarde se Scott estivesse de acordo.

— Droga. — murmurei para mim mesmo, lembrando-me só agora do homem.

Segurei o volante apenas com a mão esquerda, enquanto buscava com a mão livre pelo telefone, que eu sempre deixava entre as pernas no banco. Só quando peguei o aparelho notei que já eram quase duas e meia da tarde; tanto Emilly quanto Scott deveriam estar aflitos por eu não ter chego ainda. Para poupar mais decepções, decidi ligar.

Não levou nem ao menos três toques e ele me atendeu, como esperado, de forma ríspida. — Não vai vir?

— Não vou conseguir ir agora, pode deixar a Emilly pronta lá pelas 17h? Vou levá-la a_ — ele me interrompeu.

Eu prefiro que veja ela aqui, em casa, onde eu esteja junto. — respondeu.

— Ah claro, é porque sou um estranho, não é.... Deus me livre a Lily sair com o próprio irmão. — completei, ainda dirigindo com uma só mão.

Não é isso, eu só não quero que ela... — pausou por breves segundos. — Enfim, e eu também preciso falar com você sobre a sua mãe. — acrescentou.

— Eu realmente não quero falar disso, nem depois e nem nunca. — respondi-o mais irritado com essa conversa. — Cinco horas estarei passando aí, quero ela pronta. — desliguei sem deixá-lo dizer mais nada.

Deixei o celular sobre o banco novamente e voltei com a mão para o volante, acelerando o carro mesmo que estivesse na faixa da direita. Eu só queria esquecer um pouco tudo que estava acontecendo, parar de pensar em tantos problemas, que aparentemente eram insolúveis e deixar que a tensão de dirigir tão depressa dentro da cidade fosse a única preocupação.

Sadie Sink

— Não acredito que esse tipo de coisa só acontece quando não estou aqui. — Maya comentava baixinho na mesa ao lado. — Ainda estou chocada que um cara estranho tenha vindo.

— Pois é, você perdeu. — comentei em resposta, sem olha-la e só fui desviar a atenção do computador, quando vi meu telefone acender sobre a mesa.

Para alegrar meu dia, era uma mensagem de Nicholas. "Preciso conversar com você", dizia. Revirei os olhos quase automaticamente quando li.

"Você precisa é me pagar", respondi. Era incrível como ele conseguia estregar meu dia. "Eu preciso urgente de fraldas, porque oras... Estou grávida, não é mesmo", mandei por fim.

"Você não está entendendo, preciso muito falar com você". Eu apenas visualizei e recusei a responder e perder mais ainda a paciência. Apenas larguei o celular sobre a mesa e suspirei, fazendo uma leve massagem com as pontas dos dedos em minha têmpura.

— É o babaca de novo? Deveria bloquear ele, Sadie. — Maya disse ao me olhar brevemente.

— E não ter notícias do meu suado dinheirinho de volta? Nunca. — respondi, voltando ao trabalho.

Crime Culposo | Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora