Capítulo 19 - dacre.m

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15/04/2022 - 589 dias antes do assalto a Florence Joalheria

Sadie Sink

Senti meu corpo formigar, como se uma corrente elétrica percorresse dos pés a cabeça; meu coração estava tão acelerado, que tenho certeza de que Dacre poderia ouvi-lo bater se não fosse pelo som alto. A sensação de adrenalina fazia-me ter a impressão de que eu estava pegando fogo.

Eu tinha bebido demais, estava estressada e obviamente abusava da sorte; pois a última vez que beijei um desconhecido fiquei com a conta no vermelho. Todavia, tentei ignorar esses pensamentos invasivos e concentrar unicamente na mão quente que eu sentia em minha cintura, o que não era muito difícil; convenhamos.

Mesmo com os olhos fechados, podia ter certeza de que meu cabelo havia se soltado, o que não pareceu ser algo ruim para o rapaz, já que ele fez questão de segurar firme em alguns fios e aprofundar o beijo; algo que não seria negável por mim. O leve gosto de whisky não me incomodava em nada, uma vez que isso só fazia com que eu continuasse a prova-lo, mas ele afastou seus lábios dos meus sem qualquer aviso, segurando-me ainda contra si, e tudo que fiz foi continuar com uma mão em sua nuca e a outra em seu peito.

Seus olhos, os quais não consegui identificar a cor por conta da iluminação, estavam fixos em mim, como se eu fosse uma presa indefesa; enquanto eu não disfarcei que minha atenção estava toda na direção de sua boca e em seu peito, um pouco descoberto por estar com a camisa preta com alguns botões abertos. Minha respiração descompassada dava indícios de que o mais racional a se fazer era ir embora antes que fosse tarde demais para negar algo; mas eu estava um pouco surda para recomendações.

Dacre ameaçou colar nossos lábios novamente, porém, ao invés disso, terminou de soltar meu cabelo, ficando a milímetros de tocar outra vez em minha boca. Ele jogou a caneta que antes prendia os fios um tanto rebeldes sobre o balcão do bar, e afastou mais alguns que estavam próximos ao meu pescoço; respirei fundo diante disso, sentindo seu perfume amadeirado e fechei meus olhos involuntariamente.

— Eu realmente preciso ir para casa. — falei ao sentir o mínimo toque da sua boca contra minha pele; mas ainda assim, não tinha forças para sair dali.

— Mas ainda não é meia-noite, Cinderela. — disse em uma voz tão baixa que parecia mais um sussurro, o que fez minhas pernas tremerem ainda mais; droga, eu estava ferrada.

Assim, como não dei qualquer resposta que o reprimisse, Dacre desceu devagar sua mão até minha bunda, trazendo-me para mais perto de si ao me fazer ficar entre suas pernas. Eu conseguia sentir perfeitamente o calor do seu corpo contra o meu quando ele novamente beijou meu pescoço, não escondendo que sua respiração estava tão pesada quanto a minha, fazendo-me inevitavelmente escorregar minhas mãos por seus braços com uma sutil pressão ao voltar sua mão para minha cintura.

Pude ouvi-lo dar uma leve risadinha abafada. –—Tem mesmo que ir ou está... Fugindo de mim? — perguntou, ainda rente ao meu ouvido e desvencilhando-se lentamente de mim.

Ele estava com os olhos apertados e com um sorriso tão sacana quanto seu tom de voz; ele realmente queria me ver desmanchar na sua frente. Sua mão saiu de minha cintura, restando-me uma sensação de vazio que eu não esperava sentir.

— Infelizmente tenho. — respondi após normalizar a respiração.

— Ah, infelizmente. — brincou diante do termo que usei para respondê-lo. Eu não havia notado que tinha deixado tão explícita minha opinião sobre o beijo repentino; obviamente corei.  — Eu acompanho você. — levantou-se, fazendo um gesto para que eu caminhasse na frente. Eu poderia morrer agora que estaria tudo bem.

Crime Culposo | Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora