11/09/2022 - 444 dias antes do assalto a Florence Joalheria
Sadie Sink
Eram com certeza mais de oito da manhã quando acordei com o barulho do chuveiro da suíte. Esfreguei os olhos como se fosse a melhor sensação do mundo, principalmente pelo leve cheiro de maresia que entrava pela porta da sacada aberta.
Sentia-me apertada e era tudo graças ao fato de ter dormido com o vestido que eu usava desde ontem. Sentei na cama ainda um pouco atordoada; definitivamente o café não me fez perder o sono como Dacre havia dito que faria, até porque, as malas estavam largadas no chão e aparentemente, tínhamos dormido encima da colcha de cama. Prendi os cabelos em rabo de cavalo alto; sentia-me um tanto suada e rezava para que Dacre não demorasse tanto no chuveiro.
Não que eu já não estivesse acostumada em acordar na companhia de alguém, mas dessa vez era diferente: não estávamos em Sacramento, presos a uma rotina ou pensando nos deveres.
O vento fresco invadia o quarto e eu não pude resistir a sentir o calor do sol na pele já cedo. As ruas do hotel, observadas da sacada, eram tranquilas, ainda que já tivessem algumas pessoas caminhando por ali com coolers e guarda sol; eram os últimos dias do verão daquele ano, fazia sentido aquele movimento.
Eu conseguia ver a orla e o mar dali; era uma ótima vista e, na verdade, nem queria pensar em quanto valeria acordar com aquela vista - pelo menos, não pensar nisso agora -. Respirei fundo a fim de que aquele cheiro acolhedor fizesse minha mente se desligar daquela droga de realidade.
— Pensei que fosse dormir mais. — a voz de Dacre me fez despertar.
— Não viemos em um lugar como esse para dormir, não é. — comentei, ainda sem olha-lo. Eu presumia que estivesse de toalha e particularmente não queria ver isso agora; minhas bochechas coraram ao pensar nisso. — Até que horas é o café? — perguntei ao escuta-lo colocar a mala sobre a cama.
— As nove e meia, eu acho. — respondeu.
— Ótimo, estou com fome. — só então virei-me em direção ao quarto e lá estava ele, terminando de vestir uma bermuda. — Achei que fosse trazer o jeans de sempre. — voltei ao quarto e passar por ele.
— Eu trouxe. — ele assentiu e riu.
— Eu imaginei que trouxesse. — acrescentei, pegando minhas coisas para ir ao banheiro.
— Sadie. — chamou-me e olhei-o brevemente, ainda abaixada no chão, procurando por qualquer coisa confortável para o dia que parecia ser quente. — Ainda está de vermelho? — sorriu em um tom provocativo.
— Quem está se arrependendo dessa viagem agora sou eu. — revirei os olhos, mas ainda assim, pude sentir minha pele esquentar.
Levantei-me e bati a toalha contra seu braço, repreendendo seu comentário, e entrando no banheiro logo em seguida; por alguns segundos, até desejei que entrasse repentinamente no cômodo como ontem, mas deixei isso de lado quando senti a água quente contra o corpo.
13/09/2022 - 442 dias antes do assalto a Florence Joalheria
— São dez da manhã, Dacre. — comentei ao vê-lo abrir a primeira cerveja.
— São dez e quinze, já não é mais hora do café. — retrucou ao me olhar por cima dos óculos de sol.
Ri pelo nariz com sua desculpa esfarrapada, ajeitando-me na espreguiçadeira que dividíamos na areia.
— Quando será que a Sadie divertida vai acordar e trocar de lugar com você? — perguntou sarcástico.
— Ela não veio hoje. — disse negando com a cabeça e colocando os óculos; meus olhos já começavam a incomodar pela claridade.
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Crime Culposo | Vol.1
RomansPresa em um emprego que achava ser dos sonhos e enfrentando problemas financeiros, Sadie Siink vê sua vida virar de cabeça para baixo quando a empresa onde trabalha é alvo de um assalto e é feita refém por Dacre Montgomery, um homem que é mais do qu...