Capítulo 15 - Ele não me ouve mais

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09/04/2022 - 595 dias antes do assalto a Florence Joalheria

Sadie Sink

Eu sentia uma forte pontada na cabeça, como se alguém tivesse me dado uma pancada, mas eu sabia exatamente a causa disso; as cortinas do meu quarto haviam ficado abertas e portanto, a luminosidade só piorava tudo. Me sentei na cama, esfregando os olhos e massageando minha têmpura a fim de aliviar a enxaqueca; em vão obviamente.

Maya parecia ter um sono de pedra, já que continuava dormindo, mesmo com o sol das onze da manhã invadindo o cômodo. Levantei-me, indo direto para cozinha; eu só precisava de um simples café para tudo voltar aos eixos. Assim que passei pelo minúsculo corredor, pude ver os pés de alguém sobre o sofá da sala. Era Joe, tão derrubado quanto a Maya.

Logo, concentrei em apenas preparar o bendito café e não consegui evitar de suspirar, enquanto observava, concentrada, o trabalho da cafeteira sobre a pia da cozinha. Eram exatamente 11h16min. 

— Bom dia. — ouvi a voz de Joe na porta da cozinha, o mesmo estava de braços cruzados, encostado no batente.

— Bom dia, Joe. — respondi, ainda sem olha-lo diretamente, encarando apenas o café.

Pude ver ele, pelo canto dos olhos, sentar-se à mesa, com um semblante misto de sono e vergonha. Olhei para mim mesma, com medo de suas feições terem relação com o que eu vestia e felizmente não, uma vez que eu estava com o pijama de short mais comprido que eu tinha; menos mal.

— Dormiu bem? — perguntou, mantendo-se de costas para mim.

— Eu literalmente desmaiei, nem me lembrava que havia dormido aqui em casa. — ri levemente. — Espero que não tenha sido tão desconfortável. — acrescentei ao levar o café fresco para a mesa e servi-lo.

— Não tanto quanto imagino que tenha sido dormir com a Maya. — brincou antes de assentir em agradecimento da bebida.

— Não foi tão ruim assim. — ri novamente. — Eu estava cansada, nada que ela fizesse iria me acordar. — acrescentei ao provar o café quente, rezando para que não falassemos sobre o ocorrido de ontem.

— Bom dia, casal. — tanto eu quanto Joe desviamos a atenção para Maya, que entrou na cozinha com um sorriso estúpido.

— Bom dia. — respondemos em coro.

Maya ainda sorria quando se sentou ao meu lado e de frente a Joe, mas não disse sequer mais uma palavra. Limitou-se apenas a se servir e encarar a nós dois; eu sabia exatamente o que estava pensando.

— Eu acho que é melhor eu ir, está tarde já. — Keery quebrou o silêncio que durava já alguns segundos, levantando-se da mesa.

— Mas está cedo, termine pelo menos o_ — ele me interrompeu.

— Não, vou deixar você descansar. E eu preciso urgente de um analgésico. — sorriu fraco. Retribui o gesto me levantando da cadeira também, mas o mesmo me impediu. — Eu sei onde fica a porta, pode ficar aí. — completou, colocando a mão sobre meu ombro e me fazendo sentar novamente.

— Eu não ia dizer nada, mas você é um péssimo motorista da vez aliás, precisa melhorar. — Maya brincou ao vê-lo procurar as chaves do carro batendo as mãos no bolso.

— Será você na próxima, está bom assim? — ele a provocou, fazendo com que ela parasse de rir no mesmo instante; ela revirou os olhos. — Bom dia para vocês... Te vejo segunda. — disse por fim, aproximando-se um pouco e deixando um breve beijo em minha testa.

Apenas sorri e o observei cruzar a porta da cozinha, indo em direção da sala. Só virei-me de novo a Maya quando ouvi a porta da frente bater; assim pude ver o sorriso malicioso e estúpido dela novamente.

Crime Culposo | Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora