Crime Culposo | Vol.1

Capítulo 22 - O irmão perfeito

20/04/2022 - 584 dias antes do assalto a Florence Joalheria

Sadie Sink

— Só precisamos de um reconhecimento seu e mais nada, senhorita Sink. — o delegado insistia.

— Eu realmente não consigo me lembrar, então não posso confirmar isso. — declarei pela terceira vez.

— Steven Hanhuen e Jason Mayers, são dois dos nove assaltantes que entraram na Conceptum naquele dia. — ele apontava para as fichas e fotos dos rapazes sobre a mesa. — Vou mostrar a filmagem da câmera de segurança, quem sabe você_ — cortei-o.

— Não precisa me mostrar nada. — falei de imediato; meu medo não era essa filmagem em específico. — Acredito que a Maya, Joseph ou até mesmo a Marie sejam mais capazes de confirmar isso.

— Mas precisamos de um posicionamento seu, dizer apenas que não se lembra é muito inconsistente, já que você descreveu com detalhes o ocorrido, senhorita.

Suspirei, passando as mãos sobre o rosto. — Olha senhor, eu nem trabalho mais na empresa, nem era para eu estar lá aquele dia na verdade. Eu particularmente não aguento mais responder perguntas sobre isso.

— Não trabalha mais lá? Por quê? — perguntou, cruzando os braços sobre a mesa.

— Eu fui demitida no começo de março, estava cumprindo aviso. — respondi, coçando meu braço esquerdo devido ao nervoso de saber o porquê isso era relevante.

— Cumprindo aviso? Mas se você foi demitida por eles, não tem porquê cumprir aviso, senhorita.

— Mas eu recebi um acerto agora na segunda-feira, eles queriam que eu terminasse umas coisas e_ — ele me interrompeu.

— Você poderia entrar com um processo trabalhista contra eles, isso é completamente errado. — afirmou, lançando-me um olhar um tanto acolhedor. — Qual foi o motivo da demissão? — questionou.

— Não quiseram me dizer exatamente, disseram que era uma decisão da diretoria de gestão e, olha, francamente não quero saber também. — respondi depressa, em tom mais sério. — E eu pensei que iríamos conversar a respeito do assalto, não sobre mim. — declarei.

— Interessante essa sua resposta, Sadie. — o homem de olhos quase pretos voltou a recostar-se na cadeira. — Mas tudo bem se não quiser falar sobre isso, todavia, acho que seria importante recorrer. A justificativa ou, nesse caso, a justa causa da sua demissão é fundamental. Foi corte de gastos, alguma infração ao regulamento interno, desvio de verba... — pausou. — Enfim, pode ser muita coisa.

Engoli em seco. Por que ele usou justamente como exemplo o desvio de verba? Será que ele imaginava que eu era capaz disso? Por que o interesse repentino nesse assunto?

— Eu, realmente, prefiro não saber. — continuei afirmando.

— Tudo bem, entendi isso. Porém, isso não responde minha pergunta, senhorita Sink. Se você esteve lá, como pode não lembrar deles? — perguntou novamente. — O que houve que você não está me contando?

Eu não sabia até que ponto era uma pergunta que, de fato, deveria responder ou apenas um blefe para que eu dissesse algo inconveniente.

— Não estou deixando de lhe contar nada, absolutamente nada. — espalmei as mãos sobre a mesa; já estava ficando realmente angustiada. — Ele pediu que eu olhasse para frente, mais nada. Eu não ia ficar os encarando, tinha uma arma nas minhas costas. — despejei as palavras.

— Antes ou depois de um deles ser baleado? — levou uma das mãos ao queixo. Franzi a testa diante de sua pergunta. — Ele pediu que não olhasse antes ou depois que Charlie Heaton fosse atingido? — reformulou.