Capítulo 50 - Você rouba corações, ruiva

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NOTAS DA AUTORA:
Esse capítulo contém um conteúdo extremamente sensível e de teor sexual, portanto, se for sensível, leia com responsabilidade.

Além disso, caso você ou qualquer pessoa a sua volta, sofra quaisquer tipo de violência - sexual, doméstica, física, psicológica, etc - ou abuso, denuncie! Ligue 180! Não permita que outra pessoa conte/noticie sua história.

A sua vida e segurança é mais importante que um "eu te amo".
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08/10/2022 - 417 dias antes do assalto a Florence Joalheria

Dacre Montgomery

"Precisamos conversar. Agora". Parecia até que eu estava alucinando ao ver a mensagem de Sadie.

Obviamente eu esperava por algo melhor do aquilo, se é que fosse possível, mas por hora era o suficiente para me fazer largar a cerveja pela metade em meu apartamento e ir até a sua casa.

Vesti a primeira camisa que vi ao abrir o guarda-roupa e saí, deixando a luz da sala acessa, já que imaginei que a conversa não demoraria tanto quanto eu realmente queria. Eu tinha em mente que assim que Sadie me encarasse, iria desistir e me mandar embora, tanto que nem a respondi confirmando se ia ou não, já que isso daria brecha para que mudasse de ideia quanto ao convite.

Entrei no carro o mais rápido que pude, ignorando o som de salto alto, atrás de mim, desde quando desci a escadaria. Provavelmente era a moça da outra vez, que havia sido solicita ao ceder a sua vaga na garagem do prédio para mim; o que não aceitei e continuei estacionando no mesmo lugar de sempre.

— Achei que tivesse deixado claro de que poderia usar minha vaga. — a garota loira se materializou ao meu lado, dando uma leve batidinha no vidro do carro com o nó dos dedos. Ela sorriu.

— Não se incomode com isso. — falei ao abrir o vidro a contragosto e dar um sorriso nitidamente forçado. — Está ótimo assim... — pausei, já que não sabia seu nome e não me interessava também.

— Chloe. — ela sorriu sem graça.

Pude vê-la quase esticar a mão para um cumprimento, mas creio que desistiu ao ver que eu não corresponderia ao cumprimento.

Ela definitivamente não tinha cara de Chloe; era mais provável seu nome ser um daqueles chiques, como o de garotas que cursam veterinária por amor aos animais e são defensoras de ONGs, mas que a noite não ligam muito para isso, principalmente depois de beber uma taça de gin com qualquer fruta para disfarçar o gosto. Estava mais para Hilary ao meu ver.

— Chloe. — repeti, ignorando que o mínimo era dizer meu nome também.

— Eu não queria incomodar você na verdade. — ela mordeu o lábio inferior, abaixando o olhar em direção ao interior do carro. — Você não estaria indo para o centro, estaria? — encolheu os ombros.

Respirei fundo; eu não acreditava que estava preso em uma conversa besta como aquela, estava perdendo um tempo precioso.

— Não exatamente. Por quê? — perguntei de forma idiota; isso daria brecha para extender ainda mais a conversa.

— Eu fiquei de encontrar uma amiga em um bar, mas todas as corridas que solicito são negadas no aplicativo. — gesticulou com o celular na mão. — Você se importaria de me deixar próximo ao centro? — pediu.

Eu não respondi de imediato e a encarei por alguns segundos; iria negar, obviamente. Não iria? Eu deveria negar.

— Não quero atrapalhar, é claro. — disse de imediato, assim que ousei abrir a boca. — Não quero atrasar você. — corou, colocando o cabelo atrás da orelha.

Crime Culposo | Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora